Vereadores, empresários e secretário continuam presos em penitenciária

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*Cleucimara Santiago

Desde que os vereadores Valter José de Souza e Ricardo Zampieri; o presidente da Autarquia Municipal de Trânsito de Ponta Grossa (AMTT), Roberto Pelissari; e os empresários Antonio Carlos Domingues de Sá e Alberto Abujamra Neto; além de João Carlos Barbiero e Celso Ricardo Madrid Finck, foram presos na manhã de terça-feira (15) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizada (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), seus advogados correm contra o tempo para libertar seus clientes.
Em contato com o advogado Fernando Saraiva, do escritório Saraiva Advogados Associados, responsável pela defesa do ex-secretário de Estado de Esporte e Turismo do Paraná, empresário João Barbieiro, ele informou à reportagem do P1 News que está fazendo a defesa inicial de seu cliente e até o momento [quarta-feira, 16] só teve acesso aos autos tarde da noite, cerca de 21 horas de terça-feira (15), e que ainda está estudando o caso, inclusive na mesma terça-feira impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça ado Paraná. “Para ter informações mais claras e a gente possa fazer uma defesa robusta, eu preciso ter acesso ao inquérito. Eu já pedi para a juíza e estou aguardando deferimento dela. O que eu posso te adiantar é que o João Barbiero alega inocência. Há uma profunda confusão entre ele ser contratado pela empresa para dar marketing, para dar publicidade, prospectar negócios, com a questão de lobismo”, detalhou o advogado.

O caso
Na manhã de terça-feira (15), o Gaeco cumpriu mandados de prisão temporária e 22 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa.
A operação batizada de Saturno, investiga possíveis crimes de ilegalidades e tráfico de influência na contratação de empresa pela Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes do Município (AMTT) para a implantação e operação do ‘Estar Digital’ – estacionamento rotativo -, e para a compra de softwares pela Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar), entre os anos de 2016 e 2020. Também é objeto de apuração a possível prática de manipulação e corrupção ativa e passiva de vereadores na Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara Municipal para apurar as referidas licitações.


Investigações
O processo segue sob sigilo e investiga detalhes de como o esquema funcionava. Além das prisão, o Gaeco cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete de Ricardo Linhares, secretário-geral de Administração da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, na Autarquia Municipal de Trânsito, nos gabinetes dos cinco vereadores que integram a CPI do EstaR da Câmara Municipal de Ponta Grossa: Ricardo Zampieri (Republicanos), Valtão (PRTB), Vinicius de Camargo (PSD), Sargento Guiarone (PRTB) e Pastor Ezequiel (Avante),  na sede de três empresas e em 16 residências, sendo de  empresários e servidores públicos.  A documentação juntada vai ser usada para a comprovação dos crimes apurados.

As prisões
Os vereadores e empresários de Ponta Grossa, permanecem na penitenciária estadual de Ponta Grossa, e os dois empresários da capital, presos em Curitiba.
O vereador Valtão (PRTB),  relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do EstaR Digital, está preso preventivamente, sem prazo para a liberação. O Gaeco investiga se ele recebeu proposta de propina e se esse valor foi pago.
O vereador  Ricardo Zampieri (Republicanos), presidente da CPI e o presidente da AMTT, Roberto Pelissari, tiveram as prisões temporárias decretadas  pelo prazo inicial de cinco dias, para não atrapalharem as investigações e não destruírem possíveis provas.
Além dos empresários e sócios da Cidatec (EstaR Digital), Antônio Carlos Domingues de Sá e Alberto Abujamra Neto, estão presos Celso Ricardo Madrid Finck e João Carlos Barbiero, ligados ao grupo.
O empresário João Carlos Barbiero, preso preventivamente é investigado por suposto tráfico de influência, lobismo.

Defesas
O prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), na manhã desta quarta-feira (16), também saiu em defesa do presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), Roberto Pelissari. Durante o programa de rádio que apresenta todas as manhãs, o alcaide comentou sobre a Operação Saturno e garantiu que confia na integridade, honestidade e na inocência do chefe da autarquia da cidade, “até esse momento ele nunca nos decepcionou e acredito que ele não irá nos decepcionar”.


Nota oficial da assessoria de Ricardo Zampieri
A assessoria de imprensa do vereador Ricardo Zampieri informa que, como presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que investiga o Estar Digital em Ponta Grossa, o parlamentar cumpriu com sua obrigação, durante toda a investigação, conforme o Regimento Interno e Lei Orgânica do Município.
Ao final, foi confeccionado o Relatório e assinado pelos Vereadores que compunham a citada CPI, onde foram mencionados todos os fatos apurados durante as investigações e também anexadas toda documentação levantada durante o processo.
Ao fim da CPI, encaminhou o processo ao Ministério Público, para as providências conforme o Regimento Interno e Lei Orgânica do Município.
O vereador Ricardo Zampieri nega veementemente qualquer tipo de irregularidade, desvio de conduta ou possível fraude. Ressalta-se ainda que o mesmo, como presidente da CPI, foi o responsável pelas denúncias de possíveis irregularidades, que resultaram na instauração da Comissão de Investigação. Todos os esclarecimentos serão prestados junto às autoridades em exercício nessa operação do Gaeco.


Nota Oficial da Prefeitura de Ponta Grossa
A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa informa que apoia a ação legítima de investigação do GAECO e forneceu toda a documentação solicitada até o momento.
A Prefeitura informa, ainda, que já havia entregue toda documentação solicitada referente ao processo licitatório do Estar Digital ao Ministério Público, no qual já foi arquivado, ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná e à CPI da Câmara de Vereadores de Ponta Grossa.
No momento, a Prefeitura aguarda andamento da operação, ficando à disposição para esclarecimentos.


Nota Oficial da Câmara de Ponta Grossa
Com relação à operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná na Câmara Municipal de Ponta Grossa, o presidente Daniel Milla informa que ainda não teve acesso à documentação oficial.
Informa ainda que, com relação aos procedimentos relativos à Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI – alvo da operação, todos os atos foram cumpridos pela instituição, conforme o Regimento Interno e a Lei Orgânica do Município, inclusive com o envio do relatório final ao Ministério Público.
A Câmara Municipal de Ponta Grossa reitera seu compromisso com a total transparência, destacando que todas as investigações serão acompanhadas pelo Legislativo e toda a colaboração necessária será prestada ao Poder Judiciário, apoiando as eventuais sanções que venham a ser aplicadas.

*Com Redação

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