Pesquisadora enaltece os 317 anos de Castro

Pesquisadora enaltece os 317 anos de Castro

Matheus de Lara

Castro que começou a contar a sua história em 1704 carrega a sua origem no tropeirismo. Uma rica história que inclui a visita de Dom Pedro II, e as edificações erguidas ao longo desses três séculos, a exemplo do Museu do Tropeiro, Igreja Matriz Sant’Ana e Fazenda Capão Alto, marcos iniciais da construção da cidade. Um assunto que a castrense Léa Maria Cardoso Villela, casada, 67 anos, uma das principais historiadoras, pesquisadoras e escritoras do município, além de advogada, irá esclarecer através de entrevista ao Página Um News.

Página Um News – O nome Castro, dado a cidade, sempre levanta dúvidas quanto a sua origem. Qual é a verdadeira história desse nome? Porque Castro?

Léa Maria Cardoso Villela – Em 19 de março de 1704, o Capitão –Mor Pedro Taques de Almeida, seus filhos e genros, requereram através de Sesmarias, as terras localizadas na região de Capão Alto. Deste período até 1751, as terras foram vendidas para outros proprietários, até que José Góis e Moraes, arrematou em leilão de dívidas e transferiu as terras para os Carmelitas de Nossa Senhora do Carmo.

Como essa região já era caminho de tropas, passavam por ali muitos tropeiros que acampavam, e essa movimentação não agradou os frades, que pediram que os tropeiros procurassem outro lugar. O lugar foi o vau de baixo, (ao lado da atual ponte do Rio Iapó).

Inácio de Almeida Taques, sobrinho de José de Góis e Morais doou as terras, para cima do rio, para ali se levantar uma capelinha em honra a Nossa Senhora Sant’Anna, da qual era devoto. O lugar denominado de Pouso do Iapó, tem sua primeira missa rezada em 26 de julho de 1769, em 1771, torna-se Freguesia de Sant’Anna do Iapó.

Somente em 20 de janeiro de 1789, é elevada à categoria de Vila Nova de Castro, dia em que recebeu grande povo, autoridades e militares, quando então é formada a primeira Câmara da Vila, elegendo seus primeiros administradores. A partir daí surgem as leis e criam-se os cartórios. O nome Castro é dado em homenagem ao Ministro português Martinho de Mello e Castro. Grande autoridade na época, que talvez, tenha influenciado na autorização da elevação da Freguesia para Vila.

A identidade de Castro está nessa data, quando começa a ser governada por autoridades e leva o nome ‘Castro’.

P1 – Você como historiadora entende que a história de Castro está sendo bem contada? Digo, através de ações, publicações, eventos e outros registros?

Léa – A história de Castro é muito rica em todos os momentos. Já tivemos grandes historiadores, escritores e pessoas que sempre respeitaram e contaram nossa história de maneira prazerosa e reconhecida. Temos representações de nossa história, através do Museu do Tropeiro, da Casa de Sinhara, de exposições e trabalho de artistas. Mas, deveríamos ter mais trabalhos através de projetos nas escolas e em todas as datas ter comemorações, para que tenhamos sempre presente o valor de nossos antepassados que lutaram para nos deixar uma terra rica de valores.

P1 – Porque temos tão poucas pessoas interessadas na história de Castro. Falta o quê?

Léa – Sinceramente não sei o que falta nas pessoas, que não mostram interesse pelo lugar onde nasceram e onde moram. Talvez falte uma dinâmica voltada para esse ponto: que nossa história seja contando em todos os lugares, principalmente, com mais detalhes nas escolas, em todos os níveis. Pelos currículos, a história de Castro, só é contada numa determinada série. Eu soube, numa ocasião, que uma cidade criou pontos históricos em locais importantes da história da cidade: por exemplo, na margem do rio uma placa explica a importância daquele lugar, numa praça algum acontecimento importante, num prédio o que foi ali, etc. Isso faz com as pessoas parem para ler e instiga a curiosidade da nossa cidade.

P1 – Considerada a ‘Cidade Mãe do Paraná’, Castro foi o primeiro município instituído na Província do Estado, em 1857. 37 anos depois, em 1894, tornou-se a Capital paranaense por três meses, durante a Revolução Federalista. Que significado esse fato tem para a história?

Léa – Tão logo fora criada a Província do Paraná em 29/08/1853, e instalada em 19/12/1853, houve grandes organizações nos centros maiores. A Vila Nova de Castro clamava para que fosse elevada à categoria de Cidade, sendo que um dos que se empenharam foi o Vigário Damaso José Correia, que em 1854 fora nomeado Vice Presidente da Província. O decreto foi assinado em 21/01/1857, elevando a Vila Nova de Castro à categoria de Cidade. A primeira no Estado a se tornar cidade, por isso leva o nome de “Cidade mãe do Paraná”.

No período da Revolução, a capital do Estado foi transferida para Castro, por determinação do então governo, na época Vicente Machado. Permaneceu capital pelo período de janeiro a abril de 1894. Castro sempre teve uma importância muito grande, pois é a primeira cidade dos Campos Gerais, e teve políticos influentes e eminentes que souberam representar a cidade, tornando-a conhecida.

P1 – Casa da Cultura Emília Erichsen, Casa da Praça, Casa da Sinhara, Museu do Tropeiro. Nós estamos bem servidos quanto a espaços públicos que contam a nossa história, ou paramos no tempo?

Léa – Nossos espaços públicos são ótimos. O Museu, as Casas Culturais, oferecem a nossa história e cultura de uma maneira excelente. Talvez um programa para chamar mais público, não só de fora da cidade, mas as pessoas daqui. Existem muitas pessoas em Castro, que não conhecem nenhuma dessas casas.

P1 – Primeiro Jardim de Infância do Brasil, foi fundado por Emília Erichsen em 1862. Encontra-se a informação na História da Educação e na produção acadêmica que o primeiro jardim de infância teria sido fundado por Gabriel Prestes em 1896. Também tem relatos de que em 1875, é fundado o primeiro Jardim de infância no Rio de Janeiro. O jardim de infância do Colégio Menezes Vieira era uma instituição particular de atendimento às crianças da elite carioca. Qual realmente foi o primeiro?

Léa – O Jardim de Infância, de Emília Erichsen, foi o primeiro a usar o método do alemão Frederik Froebel, no Brasil e pregava o seguinte. “O professor deve dirigir o aluno, deixando o progresso conforme a capacidade de cada um”. A sua missão de ensinar, o que fez a muitos em Castro, tem sua importância até hoje. Era uma escola pública, e Emília atendia a todos, fossem da sociedade ou filhos de escravas.

P1 – Nesses 317 anos de história de Castro, qual personagem, político ou não, que poderíamos dizer ter sido a figura mais importante?

Léa – Castro, neste trezentos e tantos anos, teve muitas pessoas ilustres na história, na política, na religião, enfim em vários setores, mas para homenagear a todos que deram sua contribuição à nossa cidade, cito o nome do Padre Damaso José Correia, que muito contribuiu para Castro e no Estado do Paraná.

Redação Página 1

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