Pacientes de hemodiálise do interior estão sem transporte para a cidade, após corte da prefeitura

Emerson Teixeira

Mais um capítulo foi escrito na história dramática dos pacientes que fazem tratamento contínuo de hemodiálise. Quando a sensação que a situação poderia melhorar com a nova mudança do tratamento de Telêmaco Borba para o Hospital Santa Casa, em Ponta Grossa, veio em seguida à notícia ruim, a Prefeitura de Castro cortou o transporte de pacientes que residem na zona rural do município para a cidade, até o local de onde sai a van para o tratamento na cidade vizinha.

A situação foi repercutida pelo Meio Dia Paraná, da RPC TV, onde a paciente Andreia Aparecida Machado da Silva relatou o drama que ela e outros pacientes que residem no interior vivem. “Antes de mudar para Telêmaco tinha carro que vinha buscar eu, Dona Maria, Dona Rosinha, Seu Miguel, e mais gente que mora no sítio; quando mudou para lá a prefeitura simplesmente parou de mandar o carro para buscar nós. Da cidade de Castro até Ponta Grossa tem a van para levar, mas transporte para o interior não tem. É difícil ir para a cidade, nós temos um carrinho velho, meu marido trabalha em leiteria, começa às 3 horas da manhã, não tem hora para parar, por isso que nós precisamos do carro da prefeitura. Porque agora mudou? É um direito nosso, não estamos indo passear, vamos lá porque precisamos do tratamento, dependemos de uma máquina para viver”, desabafa.

Em entrevista a RPC TV, a secretária municipal de Saúde, Maria Lídia Kravutschke ressaltou que o município fornece transporte para os pacientes se deslocarem para o tratamento em Ponta Grossa e que disponibiliza casa de apoio para que pacientes da zona rural passem a noite nos dias que fazem o tratamento e disse que toda essa situação é temporária, numa referência ao anúncio realizado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, que liberou o montante no valor de R$ 2 milhões para compra equipamentos de diálise para o Hospital Municipal de Castro.

Impasse
Giovana Gusmão Cruz, filha de uma paciente que faz hemodiálise três vezes na semana e reside na cidade, se solidariza com a situação dos moradores da zona rural. “Para eles do interior, está sendo muito difícil ter que ir para Ponta Grossa da mesma forma. Por exemplo, o seu Laércio fica na casa de apoio, a Andréa fica na casa da prima, porque mora no Socavão, tem a Dona Palmira. Analise, sair da hemodiálise e ter que ficar na casa de apoio, não é a casa deles, não é onde eles se sentem bem, eles querem estar na casa deles e se obrigam a estar aqui. Quando o tratamento era feito em Castro, eles saiam e já iam para casa, hoje eles dependem das pessoas aqui, não é fácil, sabe?”, desabafa.

Sesa
A reportagem do Página Um News entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) em busca de uma posição, sobre a situação do tratamento dos pacientes de Castro, e em nota declarou que a hemodiálise é um dos segmentos que requer atenção porque é um serviço essencial para a sociedade. “Quando existe algum paciente que necessite de hemodiálise e o serviço não dispõe de vaga no momento, este é direcionado para os hospitais e clínicas da região. A Sesa ressalta que nenhum paciente está desassistido e que as demandas poderão, se necessário, ser encaminhadas para outra unidade da região. Este remanejamento de pacientes é comum e pode ocorrer dentro das Macrorregiões ou entre as Macros, de acordo com a disponibilidade do serviço, visando um melhor e pronto atendimento ao paciente”, cita a nota.

A nota destaca, ainda, que a Sesa acompanha todos os casos de entrada e saída de pacientes em hemodiálise e a mudança para a Santa Casa de Ponta Grossa já estava prevista para o mês de agosto. Os pacientes de Castro e outros municípios próximos serão atendidos em Ponta Grossa. Neste momento, Telêmaco Borba permanece atendendo pacientes de Cerro Azul, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Arapoti e Sengés. Esse processo de remanejamento, realizado no município de Castro, é o mesmo em todo o Estado.