Contaminação da água deve ser a causa da morte de peixes no Rio Iapó

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Luana Dias

Cerca de uma tonelada de peixes mortos já foi retirada do Rio Iapó, entre quarta (8) e quinta-feira (9). Apesar de a identificação da causa da mortalidade dos animais ainda depender do resultado de algumas avaliações feitas pelos órgãos responsáveis pela investigação, as hipóteses estão se afunilando. De acordo com a bióloga da Superintendência de Meio Ambiente de Castro, Adriana Marques Canha, tudo indica que a água de fato foi contaminada, provavelmente pelo despejo irregular de resíduos no Rio.

O problema começou a ser identificado no domingo (5), quando dezenas de peixes chegaram agonizando na área de pedras do Parque Balneário Dr. Libânio Estanislau Cardoso (Prainha). Na ocasião, alguns moradores se aglomeraram no local para apanharem os peixes, apesar de a orientação dos profissionais que acompanham o caso ser pelo não consumo, justamente pelo risco de contaminação.

Na segunda-feira (6), em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT), órgãos ligados à prefeitura de Castro deram início ao isolamento da área de pesca da Prainha, e, muitos peixes mortos começaram a aparecer nas margens, em diferentes regiões do Rio.  Desde então, as redes sociais vêm sendo alimentadas com muitas imagens, vídeos e relatos sobre a quantidade cada vez maior de peixes mortos, encontrados na Prainha e em outras regiões do Iapó.

Após o isolamento e interdição da área, a pesca em todas as margens do Rio foi desaconselhada. E, segundo material publicado no site da prefeitura, o incidente causou a interrupção da captação de água para o abastecimento na estação do Rio Iapó, ficando disponível apenas o fornecimento por meio das estações do São Cristóvão e Santa Leopoldina.

Outras possibilidades

Conforme explicou à reportagem a bióloga Adriana, a probabilidade mais considerável é de que a morte dos peixes tenha sido causada pela contaminação do Rio, no entanto, não estão descartadas outras possibilidades. Inclusive, segundo destacou a profissional, o problema pode ser resultado de uma junção de fatores.

As queimadas irregulares, registradas dias antes nas margens do Rio, assim como o despejo de qualquer tipo de dejeto, ou rejeitos de indústrias, podem ter contribuído para que um número tão grande de peixes morresse na mesma época. “Mesmo que a contaminação esteja para ser confirmada, não descartamos a possibilidade de o dano ter sido tão grave devido a vários fatores, como as queimadas e outras irregularidades, como despejo de dejetos e efluentes, mas neste momento estamos fazendo uma varredura, para tentarmos encontrar todos os problemas que afetam o Rio, e consequentemente a saúde dos peixes. Vamos continuar monitorando”, ressaltou.

Preocupação, cuidados e denúncia devem ser práticas constantes da população

Conforme destacou a bióloga da Superintendência de Meio Ambiente, a morte dos peixes e interdição de parte do Rio causaram grande preocupação na população do município, assim como, chamou a atenção de moradores e de pescadores de outras cidades. Muitos pedidos de providência e de respostas surgiram, a partir de todos os meios de comunicação.

Adriana, porém, também ressaltou a importância de esse monitoramento ser feito constantemente, já que nenhum problema dessa magnitude se ocasiona de um dia para outro. Ela lembrou que existem canais para denúncia, tanto na página da Superintendência de Meio Ambiente, no site da prefeitura, como por telefone, e que toda e qualquer irregularidade, assim como fenômenos incomuns, devem ser notificados aos órgãos competentes.

Práticas e cuidados como o não descarte de lixo, no Rio e em suas margens, evitar queimadas, que por lei são proibidas, e a própria economia de água também podem ser adotados por todos, e em todas as épocas do ano. “Essa conscientização da população é muito importante. Esse problema despertou nas pessoas muita indignação, porém, cada um tem que se imaginar responsável e fiscalizador do meio ambiente, justamente para que um dano ambiental dessa relevância não volte a acontecer. Nossos canais de denúncia sempre estão disponíveis, e é fundamental que as pessoas avisem sempre que notarem qualquer acontecimento diferente, porque muitas pessoas infelizmente só percebem o desiquilíbrio que está ocorrendo na natureza, quando algo semelhante a isso acontece e repercute, mas as nossas pequenas ações de rotina fazem muita diferença, principalmente se todos realmente exercerem esse papel de fiscalizador, no seu dia a dia”, finalizou a bióloga.

Abastecimento em Castro

Desde o final de semana, moradores também passaram a relatar nas redes sociais que a água das torneiras passou a cheirar mal. A reportagem conversou com a assessoria de imprensa da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que por meio de nota, apenas esclareceu que o abastecimento ocorre normalmente, após ter sido interrompido na segunda-feira (6). Sobre o mal cheiro da água, identificado pelos moradores, não foram prestados esclarecimentos. Leia a nota da assessoria na íntegra:

A Sanepar está operando normalmente em Castro, com suas três captações, e o abastecimento também está normal na cidade. A água distribuída para a população está de acordo com as normas de potabilidade do Ministério da Saúde. Nos testes de odor na água bruta não foi identificada alteração. A respeito da incidência de peixes mortos no Rio Iapó, o acompanhamento está sendo feito pelo Instituto Água e Terra e Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Castro.

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