Sem promessas ou cabides de emprego

Sem promessas ou cabides de emprego

Cleucimara Santiago

Palmeira – Sergio Belich, prefeito eleito de Palmeira, é natural da cidade, reside na colônia Quero-Quero, tem 51 anos, casado há 29 anos com Elissa Braga Belich, pai de Marcela e Thiago Belich.

Vida profissional
Agricultor, pecuarista, empresário, administrador e empreendedor. Desde 1993 a frente da empresa da família, a Narf Comércio de Produtos Agropecuários, e com vasta experiência administrativa, o prefeito eleito pretende conduzir Palmeira com uma gestão profissional, como se gere uma empresa. O prefeito que já foi nadador e jogou futebol de salão profissionalmente, também pretende investir no esporte e turismo, mas a prioridade é a saúde.

Vida politica
Sempre pelo mesmo partido DEM, antigo PFL, Belich atuou como vereador por três mandatos, entre 2000 e 2012. Em 2012, candidato à reeleição de vereador, não obteve sucesso, decepcionado, decidiu não mais participar da vida pública, como candidato, ficando afastado por 8 anos. Mas, como a política está no sangue, apesar de não concorrer, nunca se afastou definitivamente, continuou atuando em campanhas para eleger deputados e buscando com os mesmos, e conseguindo, recursos para a cidade. Procurado por partidários em abril desde ano, Belich decidiu concorrer ao cargo de prefeito do município, desde que não houvessem promessas de cargos ou cabides de empregos. Enxugar a máquina, diminuir número de secretarias, cargos comissionados e transparência será o foco da gestão 2021/2024, segundo o prefeito eleito.

A eleição
Em uma disputa que teve cinco chapas concorrendo, o DEM de Sérgio Belich, coligou com o PP do vice Major Schulli, formando a Coligação Gestão, Transparência e Humanidade. Vencedora das eleições majoritária, a coligação obteve 9.193 votos, ou seja, quase metade dos votos válidos, em um total de 46,86%. O segundo colocado, Denis Sanson (PSD) fez 6.947 votos (35,41%), Marcos Ribas ( PSDB) obteve 2060 votos (10,50 %), João Alberto Gaiola (PDT) ficou com 1.107 votos (5,64%) e a Professora Zenilda (PT) com 313 votos (1,60%). A cidade teve 663 eleitores (3,16%) que votaram em branco, enquanto outros 731 (3,48%) anularam o voto. O número de eleitores que deixou de votar foi de 4.660, equivalente a 18,15% do total de eleitores.
Segundo o prefeito eleito, a maior dificuldade das eleições foi convencer o eleitorado que a proposta da chapa, era viável, ele alega ainda que a oposição fez churrascadas e que teve informações de compra de votos. “ Palmeira precisa de um gestor que administre a prefeitura de uma forma séria, transparente.” Ele diz ainda, que algumas pessoas falaram que talvez não votassem no Sérgio por o considerar antipático, e perguntado se isso é verdade, ele sorri e responde: o prefeito é sério e comprometido com a verdade.
A equipe de reportagem foi até Palmeira para conhecer as propostas do prefeito eleito, em um bate papo descontraído.

P1 – O vice terá voz em seu governo? Ocupará alguma secretaria?
Belich – O vice com certeza participará do governo ativamente. Nós fizemos uma composição para quatro anos, não apenas para ganhar uma eleição. Ele já está participando da transição, vai participar do governo. Ele não quer uma secretaria, mas vai participar buscando recursos, cobrando dos secretários, fazendo um trabalho conjunto. Vamos atuar juntos.

P1 – O prefeito disse que conseguiu 25 milhões em recursos para Palmeira. Poderia esclarecer, foi como vereador ou no tempo afastado da política?
Belich – Foi em todo o período, nos 12 anos como vereador e também nos últimos 8 anos. Ano passado, trouxemos a UTI Móvel para Palmeira. Este ano está licitando uma verba de 1 milhão e seiscentos mil para reforma do Parque de exposições. Trouxemos nesses oito anos, maquinários, caminhões para prefeitura, em que eu não era candidato, em que eu não estava diretamente envolvido na política. E durante os doze anos de mandato, trouxemos cobertura de quadras de esportes, calcário para o pequeno agricultor, enfim foram várias coisas. Sempre ajudei, independente de quem era o prefeito.

P1 – Qual será o seu maior desafio desses quatro anos?
Belich – O maior desafio é a saúde, a maior reinvindicação da população e a gente vê isso no dia a dia, os problemas muitos sérios de Palmeira com a saúde. Nosso foco principal nos primeiros 100 dias, com certeza será a saúde. Lógico que vamos tratar bem a educação, por causa da pandemia. Queremos focar muito forte em cima do turismo. Nós queremos atuar na segurança. Na campanha, a gente falava que a segurança não é só prender o bandido, é você trabalhar na base, porque a criança que for abandonada hoje e não tiver uma oportunidade de um primeiro emprego, ela tem grande chance de virar um bandido amanhã, essa é a nossa grande preocupação. Vamos fazer parcerias com as entidades, com as igrejas, porque eles têm um foco nesse trabalho social.

P1 – Mais especificamente na questão da Saúde, o que vai fazer nesses 100 dias?
Belich – Vamos romper o contrato com uma empresa terceirizada. Vamos abrir uma licitação. Não temos possibilidade de saber quem vai ganhar a licitação, mas como o hospital nosso, a Santa Casa é filantrópica, ele tem prioridade. A gente acredita que o hospital vá assumir o pronto atendimento, e aí nós vamos assumir investimentos, dentro da lei, para que o hospital não se torne simplesmente aberto a população e sim uma referência. Que a gente possa dar uma sobrevida ao hospital, que ele possa ao longo do tempo sobreviver com as próprias pernas. A responsabilidade da prefeitura é o pronto atendimento, é o básico da saúde, e pretendemos dar foco. Hoje nós não temos obstetra, praticamente não tem pediatras. Nossas gestantes estão ganhando nenê fora daqui e o custo é muito alto para as pessoas daqui e para a prefeitura que tem que levar e trazer. Então, queremos trazer para dentro do município. O hospital tem uma baita de uma estrutura, é muito bem equipado, só não está sendo bem utilizado. Os outros dois hospitais estão fechados. O de Witmarsum está fechado há 5 anos e sem possibilidade de reabrir, o prédio já foi reutilizado para outra coisa. O hospital Madre Tereza, na Vila Maria, fechado há um ano, a gente conversado com o pessoal da fundação e pela informação que me passaram, eles querem reabrir o hospital. Então, temos uma conversa marcada para semana que vem, para sentar e conversar para saber qual é a intenção deles. O que não podemos fazer é criar uma concorrência entre os dois hospitais. Temos que direcionar um hospital para fazer uma coisa e outro para outras, para que eles possam sobreviver, independente um do outro. Antigamente os dois hospitais faziam a mesma coisa e havia uma concorrência entre os dois. A prefeitura um dia ajudava um, um dia ajudava outro, por causa de briga política ou qualquer coisa assim. Então queremos direcionar o hospital para que ele possa fazer atendimentos diferente da Santa Casa, e não concorram um com o outro.

P1 – Postos de saúde nos distritos?
Belich – Aqui temos os postos de saúde nos bairros e no interior. A gente vai reunir todo o pessoal da equipe de saúde, inclusive os médicos e vamos tentar achar soluções. Porque hoje no interior, cada comunidade tem um posto de saúde, mas temos recebido notícias que os postos de saúde do interior ficam aberto apenas um dia da semana e muito não tem nem médico. Você ter posto de saúde para não ter médico, não ter atendimento, não adianta. Então vamos sentar e achar uma maneira de resolver isso. Como? Ainda não sabemos, mas vamos escutar os médicos, a equipe de saúde para ver o que eles falam e ver o como vamos direcionar esse atendimento.

P1 – Prefeito, câmara municipal, do seu lado apenas um dos nove vereadores eleitos. Como o senhor vai cuidar dessa gestão entre prefeitura e câmara? Mesmo sendo poderes independentes, mas os projetos de lei precisam ser aprovados.
Belich – Eu tenho certeza que a câmera, é uma câmera inteligente e que não vai fazer oposição burra. O que for favorável e bom para o município, eles vão aprovar. Não é porque o prefeito é da oposição, que vão deixar. E o que for projeto errado, na minha opinião não vai nem sair da prefeitura, mas se for lá e eles acharem que não devem aprovar, eles têm liberdade para fazer o que quiserem. A câmara tem que funcionar independente, mesmo porque eu quero e exijo que os vereadores cuidem e fiscalizem do executivo, do prefeito, do vice-prefeito e de todas as secretarias. A gente não vai admitir em nosso governo, corrupção. Então, eu faço questão que eles fiscalizem e o que eles acharem errado, que eles apontem para que a gente possa corrigir.

P1 – Datas festivas, aniversário da cidade, Rodeio. Como é que você vai tratar esses eventos?
Belich – A gente vai tratar com gestão, quanto menos você investir dinheiro público, melhor. Se puder fazer parceria com empresas, arrumar patrocínios, mas tem que fazer a comemoração do aniversário da cidade, os eventos. Tem os rodeios que a União Tradicionalista de Palmeira (UTP) faz e vai ter apoio da prefeitura. Vamos junto com o pessoal da cultura fazer o planejamento de todas as datas comemorativas do município para que a prefeitura possa estar atuando e posso estar ajudando as comunidades. O trabalho a gente tem que fazer, faz parte da história do município. O município tem que ter uma história, senão acaba morrendo. Tem muitas festas aí que a gente vai apoiar e o que tiver ao alcance financeiramente e for dentro da capacidade do município a gente vai fazer.

P1 – O interior sempre reclama que os recursos do município vão mais para cidade. Como vai ser esse trabalho de olhar para o interior e também para a cidade?
Belich – Normal, tanto na cidade como no interior tem cidadãos, tem eleitores e pessoas que pagam seus impostos. Inclusive no interior, a maioria do PIB do município é da agricultura. Vai ser dado total assistência ao pessoal do campo. A preocupação maior do interior é estradas rurais e saúde. A saúde se a gente fizer funcionar dentro da cidade, vai funcionar com o interior. O paciente que está no interior, hoje qualquer um se desloca com veículo próprio e a prefeitura tem os equipamentos que podem buscar os mais debilitados e você tendo um hospital na cidade de qualidade bom, que atenda bem, vai estar atendendo o anseio do pessoal do interior. A questão das estradas rurais que é a maior preocupação do interior, isso a gente vai fazer com responsabilidade. A gente tem pedreira e durante a campanha tivemos várias denúncias de desvio de pedras, de produtor tendo que pagar pelo serviço da prefeitura para motorista ou o chefe departamento, isso em nosso mandato não vai acontecer. Primeiro que a nossa intenção é colocar rastreador em todos os carros da prefeitura para que o munícipe saiba onde está cada carro, cada veículo. Onde está indo inclusive o carro do prefeito. A gente não vai ter “o carro do prefeito” vai ter um carro para atender o gabinete, prefeito, vice e algum secretário que precise também fazer alguma viagem. Mas, vai ter rastreador porque a comunidade precisa saber onde o prefeito está indo. Compromisso com a transparência é o que a gente assumiu durante a campanha e é o que a gente vai fazer.

P1 – Por falar em estradas, a estrada de Palmeira a Ponta Grossa está precisando de uma atenção. Pretende bater na porta do Estado?
Belich – Sim, com certeza. A gente até sabe que tem projeto de duplicação e sabe que esses processos são muito lentos. Foram feitas algumas reformas já, mas ainda tem muita coisa para fazer. Nós temos muitos palmeirenses daqui que trabalham, que estudam em Ponta Grossa e que precisam de uma segurança melhor, e a gente com certeza vai ter as portas abertas com o governo. O governador, além de eu ter votado para ele, ter feito campanha para ele, ele não é do meu partido, até era do partido da oposição nossa nesta campanha, mas o governador é uma pessoa inteligente ele é governador do Paraná, não é governador do partido então ele tem que dar atenção a todos os municípios.

P1 – O prefeito pretende enxugar a máquina de alguma forma? Cargos comissionados, mexer em estrutura das secretarias?
Belich – Sim, a gente tem hoje 12 secretarias, a nossa ideia é transformar em sete secretarias e reduzir pelo menos em torno de 20% número de cargos de comissão. Além de aproveitar o funcionário público efetivo em cargos de comissão, de chefia para poder enxugar a máquina. Só assim você consegue administrar, assim eu faço na minha empresa e assim eu vou fazer na prefeitura. Esse primeiro ano como não tem como mudar agora, ou teria como mudar, mas o processo é muito lento, tem que passar pela câmara. O que a gente vai fazer é algumas secretarias como cultura, esporte… a gente não vai indicar o secretário. A secretária vai ficar vaga e vamos passar a autonomia para o outro secretário. Durante o ano a gente vai criar um novo organograma da prefeitura para que seja aprovado na câmara e trabalhado PPA (Plano Plurianual), LDO ( Lei de Diretrizes Orçamentárias), LOA (Lei Orçamentária Anual)

P1 – O município vai terminar o ano dentro do limite prudencial?
Belich – Sim, até hoje na transição, se não me engano o município está em 45% do gasto, mas vai levar um pouquinho, porque agora tem 13º, tem todas as demissões dos cargos em comissão, então vai subir um pouquinho. Mas, segundo o pessoal do financeiro nos passou hoje na reunião que deve chegar em torno de 48 %. Pelo que tem passado para nós, na teoria, município vai deixar todas as contas pagas. O décimo-terceiro já foi pago uma parcela e a outra vai ser paga dia 15 de dezembro. O salário de dezembro tem sido pago no final do mês, então acredito que vai ser pago antes da transição. Falaram que vai ser pago e não vai ficar nada pendente para o ano que vem.

P1 – Sobre a transição, já começou a ser feita ?
Belich – Sim, nós começamos hoje (25), definimos uma equipe para fazer. Eu participei já da reunião de manhã. Hoje foi a primeira, foi com o pessoal de finanças. Agora está marcado para irmos em todas as secretarias, pegar as informações, ver como é que está, conhecer as pessoas que estão lá. A ideia é aproveitar alguns setores para que possa começar o ano sem a máquina parar, porque se você muda todo mundo a máquina para, então a gente vai trabalhando. Lógico que os secretários e os cargos em comissão vão ser todos eles alterados, mas principalmente as secretarias que vão ser trocadas 100%

P1 – Já teria o nome dos sete secretários?
Belich – Não. Eu tenho praticamente de três secretários, que a gente já está bem alinhado. Tem mais um que ficou de me dar a resposta hoje. Mas, a gente só vai divulgar depois, quando tiver todos os nomes. Acredito que até a metade dezembro, dia 10 por aí.

P1 – Vai privilegiar alguma mulher no seu governo? Que pasta seria?
Belich – Com certeza deve ter alguns nomes. A gente tem alguns pensamentos já, vamos ver aprovação. A pasta não sei dizer (risos), até porque não tem nada certo. Não adianta eu dizer, criar uma expectativa e tirar a expectativa de outro. Mas, tem que ter mulheres. Eu não tenho nada contra as mulheres, têm mulheres com competência e capacidade. Inclusive, dentro da minha empresa, tem a minha filha que faz parte do financeiro, que é uma mulher. Pelo contrário, a gente tem o maior carinho por elas.

*Com Redação

         

Redação Página 1

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