Seis candidatos recebem auxílio

Seis candidatos recebem auxílio

Luana Dias

O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou na última sexta-feira (6), uma lista formada pelo nome de candidatos a vereador e a prefeito que solicitaram e/ou receberam o auxílio emergencial ao longo dos últimos meses. Na lista consta o nome de seis postulantes ao cargo de vereador em Castro.
Conforme já divulgado pelo próprio Página Um News, o auxílio emergencial foi instituído para ajudar trabalhadores informais e de baixa renda, microempreendedores e contribuintes individuais do Instituto Nacional do Seguro Social, a passarem por dificuldades geradas pela pandemia do coronavírus. Um dos critérios para receber o auxílio no valor de R$ 300 consiste em não possuir (em 31 de dezembro de 2019) posse ou propriedade de bens ou direitos de valor total superior a R$ 300 mil. No entanto, alguns dos beneficiários do auxílio, cujos nomes aparecem na lista do TCU, declararam patrimônios de valores superiores em seus registros de candidatura, é o que consta inclusive no site do Tribunal Superior Eleitoral (TCE).
Estão na lista de candidatos castrenses, beneficiários do auxílio emergencial, os nomes de Pedro Baniski, cujo patrimônio declarado é de R$ 305.000,00; Leandro Peconick Furtado de Mendonça, cujo patrimônio declarado é de R$ 520.000,00; Itari Cropolato, que declarou patrimônio no valor de R$ 485.000,00; Alessandro Kremer, que tem patrimônio declarado no valor de R$ 450.000,00; Altair Ribeiro, cuja declaração de patrimônio é de R$ 820.000,00, Floriano Schneider, que declarou patrimônio no valor de R$ 656.000,00 e Luiz Cesar Tobias, cujo patrimônio declarado é de R$ 607.207.84. Todos tiveram o beneficio bloqueado, a maioria deles, após decisão do TCU.

O que dizem os citados
O ex-vereador e candidato Itari Cropolato publicou em uma rede social um pronunciamento, afirmando que não fez nenhum cadastro e que não recebeu nenhum centavo do auxílio emergencial. Porém, ele não explicou como seu nome passou a fazer parte da lista e nem se procurou esclarecimentos a respeito.
O candidato Luiz Cesar Tobias também fez uso de uma rede social para se pronunciar, e para justificar o recebimento do benefício. Ele ressaltou que seu patrimônio declarado, de mais de 607 mil reais, foi construído ao longo do tempo. “Fazem 16 anos que estou correndo e trabalhando fortemente para que eu tivesse esses bens”, destaca, explicando que seu patrimônio não é constituído por dinheiro, e que ele e seus filhos trabalham produzindo móveis, e ficaram temporariamente parados no início da pandemia. “Na época da pandemia da Covid-19, parou todo o comércio, e aí então, eu solicitei esse auxílio porque não tinha dinheiro guardado, como não tenho dinheiro guardado para sobreviver, foi um auxílio que me tirou de muita dificuldade, isso não quer dizer que eu peguei esse auxílio para comprar roupa, comprar coisa supérflua, peguei para minha água e luz, que estavam atrasadas”, ressalta, afirmando que fez a solicitação como cidadão e não como candidato a vereador.
A reportagem também teve acesso a um vídeo gravado por Pedro Baniski, por meio do qual justifica o valor recebido. Pedro confirmou que recebe o auxílio emergencial, justificando o fato de ser autônomo e de não trabalhar como empregado e nem ter carteira de trabalho assinada. No vídeo, ele também comentou que com o fechamento temporário de estabelecimentos comerciais, ocorrido em função da pandemia, acabou sendo prejudicado. Segundo o pronunciamento do próprio candidato, ele possui dinheiro na poupança, porém, afirma que trabalhou desde os dez anos de idade para poupar e garantir sua velhice, conforme suas palavras. “Se eu tenho direito de ter esse benefício, claro que eu vou correr atrás”, finalizou.
O candidato Leandro Peconick Furtado de Mendonça conversou diretamente com a reportagem, e explicou que depois do início da pandemia ficou desempregado, e solicitou o auxílio emergencial. Segundo ele, chegou a receber duas parcelas, porém, logo após conseguiu novo emprego, por conta disso, devolveu as duas parcelas recebidas. O candidato inclusive, apresentou à reportagem os comprovantes da devolução de ambas as parcelas do benefício, realizada no dia 30 de julho.
Também conversou com a reportagem o candidato Floriano Schneider. Ele explicou que só ficou sabendo que havia sido beneficiado com o pagamento do auxílio emergencial depois que o assunto se tornou público nas redes sociais. Segundo o candidato, o depósito se deve ao fato de ele possuir o chamado CadÚnico. “Porque eu sofri um acidente de trabalho grave e quase perdi o braço, no ano de 2017, nessa época eu fiquei mais de 11 meses encostado, sem poder trabalhar e recebendo auxílio acidente, depois de ter feito o CadÚnico. Porém, eu não solicitei e nem sabia que tinha direito ao auxílio emergencial, porque a minha renda cresceu, nesse momento eu não estava precisando da ajuda do governo, mas ele foi depositado automaticamente a todos os portadores do CadÚnico. Mas, como eu não fiz o saque, o dinheiro já está voltando para os cofres públicos, se eu tivesse feito o saque, porém, não estaria cometendo nenhum crime”, destacou o candidato.
A reportagem não conseguiu falar com os candidatos Alessandro Kremer e Altair Ribeiro, cujos nomes também aparecem na lista do TCU. Vale lembrar que, conforme alerta a própria página do Tribunal de Contas, os resultados são apenas indícios de renda incompatível com o auxílio. Deve ser considerada, no entanto, a possibilidade de haver risco de fraudes estruturadas com dados de terceiros. Ressalta-se ainda que os dados dos candidatos são públicos e estão disponíveis no site do TSE, e os dados dos beneficiários do auxílio também são públicos e estão disponíveis no Portal da Transparência.

Redação Página 1

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