Mulheres do MST preparam entrega de cestas de alimentos a 165 profissionais de Saúde do Hospital Cruz Vermelha, em Castro

Mulheres do MST preparam entrega de cestas de alimentos a 165 profissionais de Saúde do Hospital Cruz Vermelha, em Castro

Alimentos serão entregues na manhã desta segunda-feira (8), a partir das 9 horas. Ação é em agradecimento aos trabalhadores que estão na linha de frente do combate à Covid-19.

Da Assessoria

Na cidade de Castro, o Dia Internacional da Mulher próxima segunda-feira (8), será marcado por um ato de agradecimento aos profissionais da Saúde que estão na linha de frente do combate à Covid-19. Agricultoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) preparam a entrega de 165 cestas com alimentos agroecológicos para funcionários do Hospital Cruz Vermelha, a partir das 9 horas. A ação é organizada em diálogo com a direção da instituição e cumprirá as medidas de proteção contra o coronavírus.

A iniciativa organizada para ocorrer em Castro integra a Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra, que traz como tema “Mulheres pela vida, semeando a resistência contra a fome e as violências”. As ações serão entre 8 e 14 (de segunda a domingo), em todo o país. No Paraná, estão previstas mobilizações em pelo menos 11 cidades, a partir da participação de agricultoras de dezenas de assentamentos e acampamentos.

As diversas categorias de trabalhadores da Saúde que atuam no enfrentamento ao coronavírus são formadas majoritariamente por mulheres. Entre eles, o cansaço físico e psicológico é um relato recorrente, e muitos perderam a vida: até janeiro deste ano, 10 meses após o início da pandemia, 990 profissionais da Saúde morreram contaminados com a Covid-19 no país, conforme dados do próprio Ministério da Saúde. Um terço das mortes globais entre enfermeiras e enfermeiros por covid-19 ocorreu no Brasil.

Além da homenagem, a ação preparada para Castro é também protesto por vacina já e para toda a população, em defesa da vida e do Sistema Único de Saúde, e também contra a fome e as diversas formas de violência que se ampliaram durante a pandemia.

Os alimentos que farão parte da cesta são frutos dos acampamentos Maria Rosa do Contestado e Padre Roque Zimmermann, de Castro – ambos 100% agroecológicos -, e acampamento Emiliano Zapata, de Ponta Grossa, que tem a maior parte da produção também sem uso de agrotóxicos.

Entre os itens que farão parte da cesta estão feijão, arroz, mandioca, milho verde, bolachas, batata doce e frutas, além de macarrão caseiro produzido pelo Coletivo de Mulheres da comunidade Maria Rosa.

Rosane Mainardes, integrante da coordenação do acampamento Maria Rosa do Contestado, explica que os alimentos vão chegar às mãos de médicos, enfermeiras, atendentes, equipes de limpeza e demais trabalhadores do hospital.

“Vamos levar nosso agradecimento por esses profissionais estarem sempre à frente nesta pandemia, correndo risco por nós, é uma forma de mostrar nossa gratidão. Também sabemos que alimentos saudáveis melhoram a imunidade, por isso vamos entregar alimentos agroecológicos, sem veneno”, explica.

Doações de alimentos, marmitas e de sangue em todo o Paraná

Mobilizações como a de Castro vão ocorrer em pelo menos mais 10 cidades do estado. Estão sendo preparadas a doação de 1.000 marmitas em Londrina e 1.100 em Curitiba, em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres, no dia 8; doação de 300 quilos de alimentos a uma clínica que atende dependentes químicos na Lapa; doação de 1 tonelada de alimentos ao hospital de Paranavaí; doação de 90 cestas sacolas de alimentos para famílias de uma associação de catadores de material reciclável de Francisco Beltrão; doação de pães em Laranjeiras do Sul e de alimentos em Cantagalo e Quedas do Iguaçu.

Doações de sangue também estão marcadas em hemocentros de Curitiba, Londrina, Pato Branco, Boa Ventura de São Roque, Paranavaí e Maringá, ao longo de toda a semana. Para fortalecer a produção de alimentos para a continuidade das ações de solidariedade, haverá mutirão de plantio em agroflorestas coletivas em assentamentos de Jardim Alegre e da Lapa; e plantio de jardins em homenagem a Marielle Franco, no dia 14, em diversas cidades do estado. Haverá atos simbólicos com faixas em defesa do SUS e pela vacina já e para toda a população, em diferentes cidades.

Priscila Facina Monnerat, coordenadora do Coletivo de Mulheres do MST-PR, enfatiza o mês de março como o período anual marcado pela mobilização das mulheres. Neste ano, a defesa da vida ganha centralidade: “Essas são formas que encontramos de expressar nossa solidariedade e nosso protesto diante deste cenário que o país enfrenta. Precisamos seguir nos protegendo coletivamente do coronavírus, mas encontrando formas também coletivas de reagir a este governo criminoso”, garante a agricultora, moradora do assentamento Contestado, na Lapa.

As iniciativas serão realizadas com atenção aos cuidados contra a disseminação do coronavírus, com distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel.

Desde o início da pandemia, as famílias do MST têm realizado ações de solidariedade com doações de alimentos em todo o Brasil. Até agora, 517 toneladas de alimentos da Reforma Agrária foram partilhados em dezenas de cidades do Paraná. Mais de 43 mil marmitas também foram produzidas e doadas em Curitiba, especialmente a pessoas em situação de rua e moradores de ocupações urbanas.

Pela vida, contra a fome e as violências
Os primeiros dias de março já cravam o mês como o pior desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil. Um novo recorde de mortes em 24 horas foi divulgado nesta quarta-feira (3), com 1.910 vítimas do vírus – o maior número de óbitos em todo o mundo nesta data.

Somado ao agravamento da crise na saúde e a falta de vacinas, o aprofundamento da crise econômica e o aumento das diversas formas de violência colocam o país em situação crítica. Neste contexto, a defesa da vida está entre as principais preocupações das mulheres Sem Terra, em oposição ao descaso do governo Bolsonaro com o enfrentamento à pandemia, em especial com a falta de vacinas. Ao todo, 259.271 brasileiros já perderam a vida para a doença, o que coloca o país em segundo lugar no número de mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A denúncia da fome leva em conta os altos índices de desemprego. Segundo o IBGE, a população economicamente ativa no Brasil é de cerca de 100 milhões de pessoas, destas, 14 milhões estão desempregadas, 6 milhões em desalento (deixaram de procurar emprego) e 40 milhões vivem de bico, sem renda fixa e com muitas dificuldades do básico, principalmente alimentação. Somado a isso, o fim do auxílio emergencial, a alta no preço dos alimentos e do gás de cozinha também dificultam a garantia de comida na mesa.

Quando o assunto é violência, a pandemia também virou sinônimo de piora. O Brasil registrou 648 feminicídios no primeiro semestre de 2020, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

No total de assassinatos, o crescimento foi de 5% em 2020 na comparação com 2019 – depois de dois anos consecutivos de queda. Foram registradas 43.892 mortes violentas, a maior parte delas de pessoas negras.

Confira as ações previstas por cidade:

  • Curitiba: preparação e doação de 1.100 marmitas no dia 8, a partir do coletivo Marmitas da Terra e em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres; doação de 1.100 marmitas no dia 10; doação de sangue entre os dias 9 e 12, no Hemobanco; mutirão de plantio nas agroflorestas do assentamento Contestado, na Lapa, no dia 13.
  • Castro: doação de 165 cestas para os profissionais da saúde no hospital da cidade, no dia 8.
  • Lapa: doação de 300 quilos de alimentos para uma clínica que atende dependentes químicos, no dia 8
  • Londrina: produção e distribuição de 500 marmitas no dia 8 e de 500 no dia 9; doação de sangue no Hemocentro da UEL nos dias 8, 9 e 10, com participação de 50 pessoas no total. Em diversas cidades da região norte haverá plantio de jardins em homenagem a Marielle Franco, no dia 14.
  • Paranavaí: Doação de sangue ao longo da semana e doação de uma tonelada de alimentos ao hospital regional no dia 8.
  • Maringá: Doação de sangue.
  • Francisco Beltrão: doação de 90 cestas sacolas de alimentos para famílias de uma associação de catadores de material reciclável, no dia 8. Em diversas cidades da região haverá doação de sangue ao longo de todo o mês de maio.
  • Laranjeiras do Sul: doação de pães, cucas e bolachas a famílias em situação de vulnerabilidade, no dia 8.
  • Quedas do Iguaçu: doação de alimentos para a Casa do Idoso, no dia 8.
  • Guarapuava: doação de sangue no dia 8.
  • Boa Ventura de São Roque: doação de sangue ao longo da semana.

Foto e legenda: Colheita de feijão orgânico na comunidade Maria Rosa do Contestado. Crédito: Joka Madruga

Redação Página 1

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