Moradores questionam fechamento repentino do único posto de saúde na comunidade do Cercado

Moradores questionam fechamento repentino do único posto de saúde na comunidade do Cercado

Luana Dias

Cerca de 600 moradores da comunidade do Cercado, no interior de Castro, serão afetados com o fechamento, informado repentinamente, da única unidade de saúde local. Sem acesso à informação com antecedência, pessoas ouvidas pela reportagem disseram temer pela qualidade dos atendimentos que receberão nos próximos meses, já que os recursos no posto da comunidade vizinha – Butiazal – onde serão atendidos, são limitados, e porque não receberam informações claras quanto ao período em que terão que se deslocar para buscar assistência.

O posto de saúde Betesda, onde até então a comunidade era atendida nas quintas-feiras, tem 28 anos e sempre foi o principal local de acesso a consultas, alguns exames, vacinação e retirada de medicamentos, para boa parte dos moradores. Há cerca de uma semana, no entanto, esses usuários, assim como os profissionais que trabalham no local foram informados que a unidade iria fechar, por tempo indeterminado, e que os atendimentos seriam transferidos para a comunidade do Butiazal, que fica há cerca de seis quilômetros de distância.

De acordo com informações as quais os moradores tiveram acesso, o fechamento é necessário para que as instalações elétricas da unidade sejam adequadas, já que, mesmo tendo quase 30 anos de existência, a estrutura usava energia elétrica puxada, provisoriamente, da escola da localidade. Esse fornecimento agora, teria sido desligado, segundo os moradores. No entanto, uma moradora ouvida pela reportagem e que pediu para não ter o nome divulgado, contou que o posto, que presta atendimento durante o dia, usa apenas internet e duas balanças digitais ligadas à energia elétrica, segundo ela, os equipamentos podem ser substituídos por balanças que não dependem de energia. Ou seja, na opinião da mulher, a falta de energia no local não justifica o fechamento, até mesmo pelo fato de a unidade ter funcionado durante tantos anos sem energia elétrica própria, e só ter acesso a internet há pouco tempo. “O atendimento é durante o dia, não usa a luz a não ser para as balanças que são digitais, mas era o caso de trocar as balanças e continuar o atendimento normal”, opinou.

O que mais preocupa os moradores é o deslocamento para a unidade onde os atendimentos passaram a ser ofertados, já que nem todos têm veículo próprio. Para solucionar esse problema a Secretaria de Saúde permitiu que pacientes que têm consulta agendada no Butiazal usem o mesmo transporte que leva a equipe médica até o local. No entanto, como pela manhã o veículo já está parcialmente ocupado com os profissionais, a capacidade é reduzida e apenas alguns poucos pacientes têm carona garantida, além disso, o transporte é apenas para pessoas que necessitam de consulta, quem precisa de vacina, curativo ou procedimentos como a troca de sonda, por exemplo, precisa se virar por conta para chegar na unidade.

Outra questão levantada pelos moradores é a limitação de recursos constatada no posto de saúde do Butiazal. Segundo eles, mesmo quem vai ao local para tomar vacina, precisa avisar antes para que o imunizante seja enviado para a unidade, o mesmo ocorre com materiais usados para curativos, troca de sonda ou mesmo fornecimento de medicamentos.

A receita médica também estaria levando uma semana para ser atualizada. Por exemplo, em uma semana o paciente consulta, o profissional que o atendeu recolhe sua receita, e, só na próxima semana, numa segunda consulta, entrega a receita para que o usuário faça a compra ou retirada do medicamento. Esse processo estaria sendo responsável por deixar pacientes hipertensos sem remédio por até uma semana.

Quando os atendimentos ocorriam na unidade do Cercado, os pacientes locais seguiam um cronograma que incluía suporte destinado a grupos específicos como gestantes e hipertensos, e uma semana era dedicada a consultas para a comunidade em geral. Com o fechamento do posto esse cronograma não poderá ser seguido, e isso despertou nos moradores maior preocupação com pessoas que não têm condições ou têm dificuldade para se deslocar, e que dependiam exclusivamente desse atendimento. “O Cercado é uma das maiores comunidades da região, e de certa forma, pelo menos para vacinação, todos dependem do posto. Não entendemos o porquê desse fechamento, sem comunicação prévia. Muitas das pessoas que vivem aqui não têm condições de pagar para ir até o Butiazal para vacinar o filho, por exemplo, e aí, como fica agora na campanha de vacinação contra o sarampo e contra a gripe?”, questionou uma moradora.

O que diz a Secretaria de Saúde

A reportagem ouviu na terça-feira (3) a secretária municipal de Saúde de Castro, Maria Lidia Kravutschke. Ela explicou que o objetivo do fechamento do posto é melhorar o espaço e acrescentar serviço de odontologia na comunidade. Ela não mencionou, no entanto, o fato de a unidade usar luz emprestada da escola e nem sobre o desligamento. Maria Lidia disse que a Secretaria de Saúde está implantando modulo móvel na comunidade e que a comunidade não está sem assistência. “Foi colocado transporte para os pacientes serem atendidos na comunidade do Butiazal”, destacou, afirmando que a entrega da nova unidade de saúde do Cercado deve ocorrer em 45 dias.

Redação Página 1

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