Moradores do Cercado pedem socorro por causa do pó

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Luana Dias

A poeira é um problema que sempre fez parte da realidade de moradores no interior do município. Não é nenhum exagero afirmar que em quase todas as comunidades moradores já estão acostumados com a sujeira que o pó faz nas casas, com a necessidade de cautela ainda maior para dirigir, com as roupas amareladas no varal, e com os problemas de saúde que a poeira causa.

No Cercado, por exemplo, a presença da grande quantidade de poeira nas estradas e, consequentemente, nas casas de quem vive na região é algo tão comum, que a maioria dos pouco mais de 600 habitantes nem ousa mais reclamar, agora, no entanto, a situação tornou-se insustentável. A comunidade, cujas estradas recebem grande fluxo de carros, máquinas agrícolas e caminhões diariamente, fica há cerca de 30 quilômetros da zona urbana de Castro, e há uns 16 quilômetros do Distrito do Socavão. O asfalto ainda não chegou por lá, e a prefeitura do Município não soube explicar se existe planejamento para que o projeto ‘Casa sem Pó’ seja executado na comunidade.

A reportagem ouviu alguns moradores locais, que detalharam as dificuldades que enfrentam diariamente, sobretudo, no último trimestre, depois que manutenções foram iniciadas nas estradas. “Fazem mais ou menos três meses que estamos sofrendo com essa poeira, desde que começaram essa manutenção da estrada que vai do Cercado a Lagoa dos Ribas. Colocaram esse novo tipo de cascalho, que causou essa poeira mais intensa, e acabou coincidindo com muito tempo sem chuva, e isso está complicando muito o nosso dia a dia”, descreveu a moradora Simone Aparecida Assis da Silva.

Segundo ela, ações básicas e tarefas da rotina, como a higienização das roupas ou simplesmente manter as portas da casa abertas, acabaram se tornando difíceis, graças ao pó. “É muito transtorno, sem falar que quem tem criança ou idoso em casa sofre bem mais, com problemas respiratórios, enfim, é uma questão de saúde, a gente está sofrendo bastante com isso e pedindo chuva para Deus, mas também poderia ser providenciada a colocação de anti-pó ou mesmo passar por aqui aquele projeto Casa sem Poeira, pois lutamos todos os dias contra a poeira”, relatou Simone, destacando ainda, que motoristas que fazem uso das estradas na região costumam dificultar ainda mais a rotina dos moradores e que, por dirigirem em alta velocidade, mesmo sem muitas vezes ter visibilidade, também colocam os pedestres em perigo.

Os problemas de saúde ocasionados e/ou agravados pelo excesso de pó, ficam ainda mais evidentes no relato de outra moradora ouvida pela reportagem. Ela pediu para não ter o nome divulgado, mas conhece de perto a realidade da comunidade. De acordo com a entrevistada, a maioria dos que vivem no local tem problemas respiratórios, e tais problemas pioram muito em épocas como a que estão vivendo agora. Uma das doenças mais comuns entre os moradores é a fibrose pulmonar, que tem como característica o comprometimento da função pulmonar do indivíduo.

A mulher entrevistada também falou sobre outro problema, iminente, devido à previsão de chuva. Se de fato chover neste final de semana, por exemplo, sem dúvida, o problema causado pela poeira será amenizado, porém, temporariamente, já que depois de dois ou três dias de sol, as estradas ficam novamente empoeiradas, assim como as casas de todos os moradores. Antes disso, no entanto, alguns trechos das mesmas estradas ficam quase intransitáveis, já que o mesmo cascalho que está solto sobre a pista, costumeiramente se transforma em lama, revelando outra dificuldade que quem vive no interior está bem acostumado a conviver com ela – as estradas se transformam em atoleiros. “Aqui já tinha muita poeira, agora que estão arrumando as estradas está pior, e se chover, ninguém consegue sair daqui porque o pó se transforma em barro”, resumiu a moradora.

A reportagem também entrou e contato com a Secretaria Municipal de Interior e com a Diretoria de Logística e Vias Rurais, da prefeitura de Castro. Em nenhum dos departamentos havia informação sobre o planejamento do projeto Casa sem Poeira, que foi divulgado em abril deste ano, no site da prefeitura, como sendo o projeto, por meio do qual o órgão estava “levando asfalto e calçamento poliédrico para todas as comunidades rurais, principalmente nas vilas, onde tenham mais de cinco casas”.

Quando ocorreu o contato não se encontravam na prefeitura nem o secretário municipal de Obras, Serviços Público e Meio Ambiente, Paulo Roberto Nocera, e nem o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Emerson Fadel Gobbo. Na Secretaria de Interior, a pessoa responsável por atender a ligação apontou Paulo como o secretário da pasta, já na prefeitura, a orientação foi para procurar Emerson Gobbo, porém, a reportagem não conseguiu falar com nenhum dos dois.

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