“FIZ UM ACORDO COM DEUS”: Professora Julieta Signorelli morre alguns dias após ter completado 106 anos

“FIZ UM ACORDO COM DEUS”: Professora Julieta Signorelli morre alguns dias após ter completado 106 anos

Sandro Adriano Carrilho*

Quis que o apagar das luzes para a professora Julieta Signorelli fosse nesse 30 de agosto, curiosamente, alguns dias após ter completado 106 anos (19 de agosto), como quem desejasse aproveitar mais um pouco o que a vida de mais de um século lhe reservou.

Como forma de homenagear essa professora que lecionou português e francês por 42 anos, e dedicou sua vida inteira à arte de ensinar, o Página Um News traz na íntegra a reportagem especial feita pela Revista Página Um quando Julieta Signorelli tinha 103 anos. Suas últimas palavras, naquele momento, foram: “Fiz um acordo com Deus”.

O corpo da professora está sendo velado na Capela Mortuária da Funerária Castro, centro, com sepultamento marcado para às 16 horas dessa quarta-feira (31), no Cemitério Frei Mathias.

Uma vida dedicada à educação

*por Michelle de Geus

Português e francês. Essas eram as matérias que a professora aposentada Julieta Signorelli, de 103 anos, costumava ensinar aos seus alunos. Ao todo, foram 42 anos dedicados à profissão e inúmeras vidas transformadas através da educação. Embora tenha dado aulas em outras cidades foi em Castro, sua cidade natal, que Julieta lecionou a maior parte do tempo.
Entre os alunos, Julieta tinha fama de ser uma professora bastante severa. “Eu tinha essa fama e era mesmo muito exigente com as crianças. Queria que todos aprendessem a ler e a escrever direitinho e tivessem uma letra bonita”, conta . Ela acrescenta que impunha respeito na sala e exigia a atenção da turma. “Os alunos eram ótimos e me respeitavam muito”, lembra.

Trabalho constante

A primeira aula ministrada por Julieta foi em Pirai do Sul, também nos Campos Gerais. Em 1957, a professora começou a trabalhar no Colégio Estadual Major Vespasiano Carneiro de Mello, de Castro, e foi nessa instituição que passou a maior parte da carreira. “Eu trabalhava 12 horas por dia. Quatro horas de manhã, quatro horas de tarde e quatro horas de noite. É coisa, né?”, diz.

Gratidão e reconhecimento

Também foi no Colégio Major Vespasiano que Julieta recebeu uma homenagem pela sua importância na história da instituição e pode reencontrar antigos colegas de trabalho e ex-alunos. O carinho e reconhecimento emocionaram a professora. “Foi uma surpresa que eu não esperava. Fiquei muito satisfeita e orgulhosa com a lembrança”, destaca. O evento aconteceu em outubro e fez parte das comemorações do mês do professor.

Dedicação exclusiva

Julieta nunca se casou e não teve filhos, mas garante que não se arrepende de ter dedicado a sua vida à arte de ensinar. “Eu não me arrependo. A vida tinha que ser assim e assim foi”, diz. Ela conta que o interesse pela educação surgiu na juventude, quando estudava em um colégio interno e costumava ajudar a cuidar dos alunos menores. A professora também é a terceira filha de seis irmãos, todos já falecidos. “Fiz um acordo com Deus”, brinca.

*Com arquivo Revista Página Um

Redação Página 1

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