Cruz Vermelha de Castro encerra atividades nas alas de Covid-19

Cruz Vermelha de Castro encerra atividades nas alas de Covid-19

Luana Dias

Dezessete meses depois da chegada do coronavírus em Castro, e após permanecer por mais de um ano e meio noticiando números crescentes da grande tragédia que se tornou a presença do vírus no país, o Página Um News traz, nesta edição, uma notícia que apesar de ainda não significar o fim da pandemia, mostra indícios de que a situação começa de fato a ficar mais tranquila por aqui.

Na sexta-feira (20), foram encerradas as atividades na ala da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), destinada a pacientes de Covid-19, no Hospital da Cruz Vermelha de Castro. De acordo com o anúncio feito pela administração do Hospital, por meio das redes sociais, o fechamento foi possível graças ao andamento do processo de vacinação.

Nesta segunda-feira (23) a reportagem conversou com o médico Allan Fernando Pitt, que é diretor técnico do hospital e coordenador da UTI na unidade. Ele explicou que o encerramento das atividades na Unidade de Terapia Intensiva, assim como na ala clínica, que ocorreu entre o final de semana e a segunda-feira, foi um acordo entre a administração do hospital e o governo do Estado, que era responsável pelo encaminhamento de pacientes. “Mostramos que não estávamos mais com a UTI cheia e o governo do Estado também solicitou esse encerramento, porque está ocorrendo uma demanda grande para vagas de UTI geral, portanto, a partir de hoje já não haverá aceite de pacientes que testem positivo para Covid na unidade”, destacou.

As vagas de leitos clínicos e de UTI para pacientes de coronavírus foram abertas no Hospital da Cruz Vermelha no final de fevereiro deste ano. Ao longo desse período e principalmente, entre os primeiros meses de atividade e meados do mês de julho, o fluxo de pacientes foi intenso. Conforme lembra o médico, as vagas foram abertas justamente quando o estado, assim como o restante do país, vivia uma fase extremamente crítica, em relação à disseminação dos casos de Covid e número de mortes causadas pela doença. “A demanda era muito grande. As vagas foram abertas no auge da pandemia. Por exemplo, no ano passado inteiro não morreu tantas pessoas de Covid, como morreu entre fevereiro e julho deste ano”, lembra o profissional.

Mas, sobretudo com o avanço da vacina, essa demanda por leitos, clínicos e de UTI, assim como o número de óbitos, começou a reduzir, e isso vem permitindo que hospitais de todo país, assim como ocorre em Castro, voltem a disponibilizar a estrutura e maior suporte a pacientes que sofrem por outros problemas de saúde em geral. “A demanda começou a reduzir de fato de julho para cá, e foi uma redução drástica, inclusive. Até bem pouco tempo estávamos com a UTI cheia, e recebendo muitos pacientes diariamente, de cidades como Ponta Grossa, de onde vinha a demanda maior. E essa redução significativa aconteceu depois que a vacina alcançou grande parte da população”. Com o fim dos atendimentos a pacientes de Covid, o hospital dará atendimento novamente a pacientes clínicos (não Covid), e cirúrgicos de baixa e médica complexidade.

Alívio
O médico Allan Fernando Pitt relatou com palavras carregadas de emoção a sensação de estar finalizando esse período cheio de responsabilidades, desafios e, também para os profissionais de saúde, de sofrimento, com perdas diárias e em grande número. “É um sentimento de alívio e de que pelo menos parte da missão foi cumprida até aqui. Temos finalmente a sensação de que tudo isso está chegando perto do fim, e é até difícil transmitir em palavras. Foi um período de muitos sentimentos ruins, acompanhando a dor dos familiares que perderam alguém, tantas pessoas jovens morrendo. De fato, o vírus não escolheu faixa etária, condição social, idade ou qualquer outro fator, e diariamente muitas pessoas perderam a vida, aqui e em todo Brasil, e mesmo sabendo que estávamos fazendo tudo o que estava ao nosso alcance, muitas vezes nos sentimos impotentes. Nós acolhíamos a todos, e fazíamos tudo o que podíamos, mas infelizmente perdemos muitos pacientes ao longo desse período, mas agora, mesmo sabendo que ainda não acabou, já podemos acreditar que está mais perto do fim”, descreveu.

O diretor técnico do hospital finalizou a entrevista se solidarizando com pessoas que perderam familiares e amigos em função da Covid, e registrando agradecimento aos profissionais de saúde e demais trabalhadores, que contribuíram com a luta nos cuidados dos pacientes. “Muitas pessoas perderam alguém da família, amigos, e a vontade é de poder abraçar cada uma destas pessoas, fazer com que todas se sintam um pouco acolhidas, como não é possível, quero manifestar a minha solidariedade a cada uma delas. Também quero agradecer a todos os profissionais que trabalham junto nesse período, não somente dentro do hospital, mas também profissionais da UPA, do SAMU, entre tantos outros. Foi tudo muito rápido e muito drástico, vivemos um tempo sem precedentes para nossa era, e ninguém estava preparado para trabalhar com essa realidade, foi preciso unir forças. Também foi um momento que revelou o quanto existem pessoas boas e dispostas a ajudar, muitas ações voluntárias e muito trabalho, isso tudo foi de extrema importância”, ressaltou o médico.

Ele também lembrou que mesmo com números bem mais animadores e com o avanço da imunização da população, a pandemia ainda não chegou ao fim, e destacou a responsabilidade que cada um ainda tem com os cuidados e restrições, para que de fato possa ser celebrado o fim do contágio, e consequentemente, das mortes causadas pela doença. “Ainda não acabou, sabemos disso, por isso é preciso continuar se cuidando, mantendo o distanciamento, fazendo uso de máscara, álcool em gel, e dando atenção às demais recomendações”, finalizou.

Redação Página 1

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