Paraná é referência nacional no paradesporto, uma das principais ferramentas de reabilitação

Paraná é referência nacional no paradesporto, uma das principais ferramentas de reabilitação

AEN

O Paraná se tornou referência no paradesporto ao longo dos últimos anos. Para se ter uma ideia, nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a delegação do Brasil contou com 16 atletas e dois técnicos bolsistas do Programa Geração Olímpica. Sucesso que pode se repetir na Paralimpíada de Tóquio e que também está represente nos resultados do Programa de Fomento e Incentivo ao Esporte (Proesporte), que já atendeu 1 projetos na área.

Ambos os programas são realizados pelo Governo do Estado por meio da Superintendência do Esporte.

Mas os resultados dentro do esporte de rendimento são reflexos de uma política sistêmica que, em um primeiro momento, visa suprir questões mais cotidianas, como a reabilitação, criar caminhos de consolidar uma profissão ou até possibilitar hábitos mais saudáveis.

Reabilitação

Entre instituições paranaenses que apostam no esporte como reabilitação, está a Associação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP). A entidade oferece fisioterapia, fisioterapia ocupacional e esporte para seus usuários. A assistente social da instituição, Priscila M. de Souza, explica que ao chegar na ADFP é feita uma leitura social – que envolve a saúde, situação socioeconômica, entre outros fatores – e o acolhimento familiar. Priscila diz que quando uma pessoa adquire uma deficiência, como em casos de acidentes, todo um contexto envolvendo o indivíduo e sua família é trabalhado.

“Quando eles sofrem o acidente, normalmente acham que a vida acabou, tanto a pessoa quanto a sua família. E agora como vai ser??. Procuro sempre falar do esporte como uma forma de motivação. Escutei uma vez: existe vida pós-lesão. Repito muito isso aqui no atendimento”, enfatiza Priscila.

Os usuários da ADFP começam com a fisioterapia como reabilitação e dentro da evolução de cada um o esporte se torna uma opção de reabilitação contínua. A diretora de esporte e também fisioterapeuta Maria de Fátima Fernandes Vara faz a avaliação funcional no usuário, assim encontrando o esporte mais adequado para cada indivíduo.

“Muitos querem participar de forma recreativa, pois o esporte funciona muito bem com extensão da reabilitação e também parte da preparação física – voltada para saúde”, afirma Fátima.

A voluntária e fisioterapeuta Izabel Cristina Bini explica que a ADFP trabalha com a eficiência da pessoa e não com a deficiência. Durante a reabilitação, eles buscam trabalhar os pontos fortes do paciente e assim dar autonomia para a pessoa. No esporte, além dessa autonomia e reabilitação, o social também é trabalhado.

Carreira

E é dentro do esporte que pessoas com deficiências físicas encontram forças para continuar. Com apenas 19 anos, Derek Luan Rodrigues é atleta do paratriathlon. Ainda pequeno, Rodrigues foi perdendo a visão ao longo da vida, tem glaucoma congênito em ambos os olhos, mas o esporte o acompanhou desde pequeno. Impossibilitado de jogar basquete por causa do impacto, foi para natação e para o atletismo.

“Não foi surpresa para ninguém que eu ia perder a visão. Foi nessa época que fui para o atletismo e depois natação. Competir sempre fez parte de mim. Com o pessoal da academia, descobri o triathlon”, diz Rodrigues.

O atleta tem diversas conquistas na natação, no atletismo, mas a nova modalidade abrange os esportes que sempre gostou. “Não tive tanto sucesso no paratriathlon quanto na natação. Teve complicações de saúde, fiquei paraplégico e voltei a enxergar (não totalmente)”, explica.

Após um período em coma, Rodrigues retornou do quadro com a tetraplegia, devido ao um problema medular, e teve uma depressão profunda. “Tive uma depressão profunda. Depois fui tentando me integrar ao esporte. Voltei a nadar, fui voltando aos poucos. A natação que salvou a minha vida, voltei a competir e tive viagens surpresa. O esporte salvou a minha vida”, afirma Rodrigues.

Para o atleta, o esporte ensinou muito e também trouxe muitos benefícios, como as amizades. Neste momento de pandemia, sem patrocínios, Rodrigues voltou para a musculação e aos poucos está voltando para o triathlon – modalidade que quer continuar disputando.

Oportunidade

Outro exemplo que o paradesporto transformou a vida é de Adriana Rocha. Em 2005, o ex-marido Richardson Rocha sofreu um acidente de trabalho, ficou tetraplégico e após alguns anos de reabilitação conheceram a bocha paralímpica. Naquele momento, Adriana se tornou calheira do companheiro e começou ajudar nos treinos.

“O paradesporto trouxe a sociabilidade e também o financeiro, porque o esporte pode dar um suporte financeiro na questão de bolsas-atletas. Na época, eu tive que estar com ele e achamos um meio de ficarmos juntos e de trabalharmos. A sorte que ele se deu bem na modalidade, que ele tinha o dom de jogar bocha”, destaca Adriana.

Com um longo currículo de conquistas (Bronze em duplas no Parapan-Americano em Toronto em 2018) e várias viagens pelo mundo, Richardson optou por dar um tempo do esporte. Adriana está à procura de novos paratletas para darem continuidade às conquistas da bochaparalímpica. Para a treinadora, o esporte é capaz de incluir a pessoa com deficiência física novamente na sociedade e oportuniza novas experiências.

“Meu objetivo é trabalhar com o alto rendimento, formar novos atletas da bocha. Mas também dar oportunidade para que as pessoas conheçam o esporte e posso ter as oportunidades que eu e o Richardson tivemos”, explica Adriana.

A equipe Saúde Esporte está recrutando novos paratletas. Adriana revela que a bocha paralímpica foi criada para paralisias cerebrais, por isso é um esporte que abrange tantas pessoas. Um atleta de bocha demora de quatro a cinco anos para chegar ao alto rendimento.

Para as pessoas interessadas em fazer parte da equipe Saúde Esporte, Adriana é a responsável. O telefone para contato é (41) 99879-3199 ou e-mail [email protected].

Paradesporto em números

Na última década, o Governo do Paraná, por meio do Programa Geração Olímpica – patrocinado exclusivamente pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), concedeu 1.136 bolsas para atletas de 18 modalidades paraolímpicas. É o maior em nível estadual de incentivo ao esporte na modalidade bolsa-atleta.

No Programa Estadual de Fomento e Incentivo ao Esporte (Proesporte), 14 projetos paradesportivos já foram contemplados, se somadas as edições de 2018 e 2019. Na edição atual, Edital 2020, um total de 19 projetos passaram pela fase de habilitação e concorrem, tendo ainda as etapas de Análise Técnica e de Mérito a de Aprovação de Projetos pela frente. 

Outro legado importante é a criação dos Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná – Parajaps. Realizado desde 2012, é disputado em etapa única e conta com cerca de 2 mil competidores e dirigentes (números de 2019), com 17 modalidades em disputa. Um crescimento de 100% em relação à adesão na primeira edição.

Redação Página 1

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