Setembro Amarelo alerta, depressão e ansiedade são transtornos mentais mais comuns

Setembro Amarelo alerta, depressão e ansiedade são transtornos mentais mais comuns

Luana Dias

Apesar de em muitos ambientes a depressão ser tratada como doença do século XXI, o transtorno sempre fez parte da história da humanidade e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas vivem com esse diagnostico em todo mundo. Só no Brasil, cerca de 11% de toda população convive com a doença.

Quase tão comum quanto a depressão no dia a dia dos consultórios médicos, a ansiedade também alcança um número elevado de pessoas atualmente. Há cerca de cinco anos 18,6 milhões de brasileiros sofriam com o transtorno, hoje, no entanto, estudos apontam para um número muito maior de pessoas sofrendo em função dele.

Dentre tantos outros, alguns inclusive ainda bem pouco conhecidos, a depressão e a ansiedade são os dois tipos mais comuns de transtorno mental entre os brasileiros. “Num geral, a depressão e ansiedade ainda são as mais frequentes em todas as áreas. Na minha percepção, a ansiedade está passando a depressão em recorrência de casos”, explica a psicóloga Iolanda Amélia Brisky.

Campanhas e ações como as do Setembro Amarelo (mês dedicado a conscientização sobre a prevenção do suicídio) colocam esses problemas, que afetam tantas pessoas em todos os lugares do mundo em evidência, lançam clareza para o problema de saúde pública que ainda é cercado de muitos tabus, e, mais importante, revelam canais de ajuda que em muitos casos não são conhecidos por quem sofre com esses transtornos. “Campanhas como o Setembro Amarelo servem para aumentar a visualização da importância do acolhimento desses transtornos, que por vezes é entendido como frescura pela família”, lembra a psicóloga.

A depressão e a ansiedade são doenças com sintomas e com causas diferentes, e cada uma delas exige um tipo específico de tratamento. Em ambos os casos, é indispensável que o paciente faça acompanhamento com profissional capacitado, que pode ser psicólogo ou psiquiatra.
Como bem lembra Iolanda, “o transtorno mental não escolhe faixa etária, etnia ou poder aquisitivo”. Segundo ela, é possível perceber, no entanto, que há percentual mais alto entre mulheres, com idade entre 18 e 29 anos de transtorno depressivo, e entre as que têm mais de 30 anos, ocorrência de transtorno de ansiedade generalizada.

Também é fato que a ocorrência desses transtornos aumentou depois da pandemia de Covid-19. O isolamento, em diferentes circunstâncias financeira e de segurança, a perda de familiares e de amigos, a perda de emprego que atingiu muitos brasileiros e até mesmo as incertezas que esse período despertou no mundo todo, assim como o medo da morte, foram fatores determinantes para que muitas pessoas passassem a desenvolver transtornos como a depressão e a ansiedade. O lado bom é que o aumento no número de casos vem acompanhado do aumento de pedidos de ajuda e de busca por tratamento adequado. “Muitos perderam entes queridos, empregos, ficaram isolados, e com um alto medo do incerto e da morte ao mesmo tempo. Também conseguimos observar o aumento com a procura maior por pessoas especializadas, como psicólogos e psiquiatras. Também a procura por ajuda nas escolas, postos de saúde e ambulatórios de saúde mental”, ressalta Iolanda.

Pedir ajuda

Um dos sintomas mais comuns entre pessoas que sofrem com a depressão é o sentimento constante de tristeza. Já as pessoas ansiosas convivem com preocupações, tensões e medos em níveis excessivos e contínuos. Porém, esses não são os únicos sintomas e, o ambiente e fatores que fazem parte do cotidiano de pessoas depressivas ou ansiosas pode ser bem mais complexo, por isso, em ambos os casos, o diagnóstico e a prescrição de tratamento devem ser feitos por profissionais.

O pedido de ajuda, no entanto, pode estar mais perto e mais acessível, pode ser o primeiro passo e deve ser o caminho trilhado por qualquer pessoa que esteja passando pelo enfrentamento de transtornos ou sofrimentos mentais. “Muitas vezes a pessoa que está em sofrimento só quer conversar com alguém, ser entendido e acolhido. E por vezes a pessoa só quer diminuir a dor que ela está sentindo, e com isso se automutila, na tentativa de sentir uma dor física, e não emocional”, destaca a psicóloga.

Iolanda explica que locais comumente frequentados podem ser a porta onde a pessoa irá bater para buscar ajuda. “O primeiro passo do pedido de ajuda acontece nos contextos onde a pessoa está inserida, como escolas, clubes, círculo de amigos. E se observarem os detalhes, os pais e professores, por exemplo, conseguem perceber mudança no comportamento dos filhos e alunos, e com isso, já nos primeiros sinais, levá-los pra pedir ajuda de pessoa especializada, sendo o profissional de psicologia o mais indicado para esses casos”, destaca.

Ambulatório de saúde mental, hospitais, postos de saúde e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são alguns dos locais onde é possível encontrar esses profissionais, e, algumas escolas também já contam com a presença deles em seu quadro de funcionários. “O mais importante é sempre pedir ajuda”, finaliza a psicóloga.

Também dá pra pedir ajuda em locais de serviço público, como Centro de Valorização da Vida (CVV), no telefone 188, Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou Atendimento Móvel (SAMU), pelo telefone 192, em casos de emergência.

Redação Página 1

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