Setor agrícola prevê caos por falta de armazéns nesta safra

Setor agrícola prevê caos por falta de armazéns nesta safra

Bianca Martins
Especial Página Um News

Os desafios do agronegócio brasileiro, entre eles, o déficit de armazenagem no Brasil, foi um dos temas de seminário, em São Paulo, que reuniu algumas das maiores autoridades brasileiras do setor. Paulo Bertolini, diretor do grupo Calpar, ex-presidente e atual diretor da Aliança Internacional do Milho entre Brasil, Estados Unidos e Argentina (Maizall) e presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG) e foi um dos convidados, juntamente com o secretário de política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária, Neri Geller; deputado federal e presidente do Instituto Pensar Agropecuário (IPA) Nilson Leitão, e de Edemar Moro, professor e pesquisador da UNOESTE. O encontro foi mediado pelo presidente da LIDE Agronegócio, Francisco Matturro.


O produtor castrense liderou a discussão sobre o problema da falta de armazéns no Brasil, o que segundo ele, pode ocasionar um colapso no sistema agrícola brasileiro. Bertolini é enfático ao afirmar que o impacto será de 117 milhões de toneladas, acima dos 90 milhões já sentidos na safra passada. “Este ano a gente vai ter uma safra recorde, então tem possibilidade desse déficit ser de 117 milhões. É um risco muito grande de um caos por falta de armazéns. Isso vai acontecer já na primeira safra, e na segunda safra vai ser mais significativo ainda. A gente vai ver notícias de armazenamento a céu aberto, de grãos, por falta de silos para guardar a produção”, anunciou.


Bertolini afirmou que única solução seria o Brasil investir no mínimo R$ 15 bilhões por ano na construção de novos silos, mas a medida esbarraria no crédito. “O ideal seria ter recurso suficiente para acompanhar o crescimento da agricultura brasileira, mas isso não tem acontecido. Então este ano o caos já está instalado e se ano que vem a produção brasileira continuar crescendo e nada for feito, pode piorar. Precisa de ação imediata para minimizar este problema e única forma é construir silos. Sem isso não há como resolver o problema”, destacou.


Nos Estados Unidos há uma política de incentivo para a construção de armazéns com juros anuais de 3,75%, no Brasil esse índice fica entre 7 a 8,5% ao ano, juros pelo menos duas vezes mais altos que no país norte-americano. O ideal, segundo Bertolini, seria aumentar o número de armazéns nas propriedades particulares. Enquanto que nos EUA, 66% dos silos estão dentro das propriedades, no Brasil, esse número cai para 15%, diferença que poderia ser resolvida com uma política de incentivo e linha de crédito mais abrangentes e eficazes. “Lá nos Estados Unidos desde 1929 foi criado incentivo para armazenamento de grãos. No Brasil existe muito, recentemente, esse incentivo, mas a quantidade de recursos é pífia em relação à necessidade”, comentou.


Aliado à falta de incentivo e ao caos anunciado pela falta de armazenagem, a perda de produção deve ser de pelo menos 37 milhões de toneladas e os que mais vão sentir este impacto, de acordo com o empresário, serão os pequenos e médio produtores. “As perdas de grãos no Brasil é de 37 milhões de toneladas ao longo da cadeia toda, desde o pé da planta ao processamento final. Quem vai perder? Todo mundo perde, mas quem está mais sujeito a esse impacto são os pequenos e médios produtores. O grande, tem outras vias para poder enfrentar esse problema”, analisou.


Paulo Bertolini contou que existe promessa do atual secretário de política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária de que o problema do incentivo ao agronegócio vai ser solucionado. “Sempre a culpa é do Ministério da Economia. Sai governo, entra outro, e a justificativa é que não tem recursos suficientes para financiamento. Então a questão de recurso é uma questão de priorização. Se o governo prioriza o agro ou não prioriza, aí vai ter ou não dinheiro. Mas, foi discutido sim, foi bastante cobrado. Inclusive o Neri Geller disse que com o tempo isso vai ser solucionado. Então a gente espera que seja dado a atenção devida e merecido para o Agro brasileiro, que tanto gera imposto, riqueza, emprego no Brasil e alimenta 1 bilhão de pessoas no Brasil e fora do Brasil”, relatou.

Redação Página 1

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