Zampieri e Pelissari foram soltos na quarta-feira. Barbieiro já cumpre prisão domiciliar

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Cleucimara Santiago

Ponta Grossa – Desde o dia 15 de dezembro, o cenário político de Ponta Grossa está movimentado devido a deflagração da operação Saturno do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizada (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
A operação investiga possíveis crimes de ilegalidades e tráfico de influência na contratação de empresa pela Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes do Município (AMTT) para a implantação e operação do ‘Estar Digital’ – estacionamento rotativo, e para a compra de softwares pela Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar), entre os anos de 2016 e 2020.
Foram cumpridos mandados de prisão temporária e 22 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa, sendo no gabinete de Ricardo Linhares, secretário-geral de Administração da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, na Autarquia Municipal de Trânsito de Ponta Grossa (AMTT), nos gabinetes dos cinco vereadores que integram a CPI do EstaR da Câmara Municipal de Ponta Grossa: Ricardo Zampieri (Republicanos), Valter José de Souza (PRTB), Vinicius de Camargo (PSD), Sargento Guiarone (PRTB) e Pastor Ezequiel (Avante), na sede de três empresas e em 16 residências, sendo de empresários e servidores públicos.
Os vereadores Valtão e Zampieri, o presidente da AMTT, Roberto Pelissari, os empresários Antonio Carlos Domingues de Sá e Alberto Abujamra Neto, além de João Carlos Barbiero e Celso Ricardo Madrid Finck foram presos na Operação. A documentação aprendida vai ser usada para a comprovação dos crimes apurados.

Desdobramentos do caso
Os vereadores e empresários de Ponta Grossa foram inicialmente encaminhados para a penitenciária estadual de Ponta Grossa (PEPG), e os dois empresários que são da capital, para Curitiba. Na segunda-feira (21), os presos de Ponta Grossa foram transferidos para o Complexo Médico Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que tem galeria própria para a custódia de presos com direito à prisão especial, ou seja, portador de diploma de curso superior, ou detentor de mandato de função pública, exemplo, vereador.

Barbiero com tornozeleira eletrônica
O empresário João Carlos Barbiero, preso preventivamente, dia 15, é investigado por supostamente por tráfico de influência, lobismo. Interceptações telefônicas, imagens de câmeras de segurança, apontam indícios de que ele intermediou o pagamento de propinas da Cidatec a Valtão. A 1° Vara Criminal de Ponta Grossa e o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), negaram os pedidos de liberdade. A defesa do empresário recorreu ao Tribunal de Justiça (STJ), alegando que o empresário tem sérios problemas de saúde, sendo portador de Glomerulopatia. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, deferiu no dia 20 liminar substituindo a prisão preventiva por prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, até que o ministro relator do STJ julgue o habeas corpus impetrado pela defesa.
Barbiero está proibido de sair de casa sem autorização e de manter contato com terceiros; salvo familiares próximos, profissionais da saúde e advogados devidos e previamente constituídos. Ele também não pode usar telefones e teve que entregar os aparelhos, computadores e tablets às autoridades. A autoridade policial deverá ter permissão de acesso a residência, sempre que necessário e os telefones fixos tiveram que ser desligados. Ele passará o Natal e fim de ano em casa, diferente dos demais presos na operação.

Valtão assume crime e é alvo de cassação
O vereador Walter de Souza ‘Valtão’ (PRTB) relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do EstaR Digital, foi preso preventivamente por trinta dias. A defesa fez o pedido de liberdade, alegando problemas de saúde do parlamentar e teve o pedido negado, no dia 18 de dezembro. Ele já teria confessado ter recebido da Cidatec, pelas mãos de Barbiero, o valor de de R$ 15 mil, para alterar o teor do relatório final da CEI em favor da empresa.
Em regime de urgência, o vereador Sargento Guiarone, presidente municipal do PRTB, protocolou requerimento de processo de cassação de Valtão por conta de quebra de decoro parlamentar. Na segunda-feira (21), em sessão extraordinária na Câmara Municipal, com 14 votos favoráveis, foi aprovada a abertura do processo de cassação do vereador reeleito com 1.043 votos, para o quarto mandato consecutivo
Guiarone, atual vereador, integrou a CPI do EstaR Digital e seu gabinete também foi alvo mandados de busca e apreensão do Gaeco. Nessas eleições, em que concorreu à reeleição, ele fez 586 votos e é o segundo suplente da legenda Celso Cieslak, atual vereador, em busca da reeleição fez 699 votos, ele é o primeiro suplente pelo PRTB e poderá assumir a vaga de Valtão.

Zampieri está solto
O vereador Ricardo Zampieri (Republicanos), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do EstaR Digital, teve a prisão decretada por prazo inicial de cinco dias, cumpridos na PEPG. O Poder Judiciário negou o pedido de relaxamento de prisão, e ainda a mesma foi prorrogada por mais cinco dias, a serem cumpridos até o dia 24 de dezembro, em Pinhais. O Ministério Público afirmou no pedido de prorrogação, que por ter recursos e influencia, Zampieri poderia influenciar testemunhas e informantes. A assessoria de imprensa do parlamentar emitiu uma nota em sua defesa, alegando veementemente inocência. Nos bastidores da Câmara Municipal, vereadores articulam apresentar um possível pedido de cassação de Zampieri, porém o mandato acaba em 31 de dezembro, e ele não concorreu a reeleição a vereador, pois era vice na chapa majoritária do empresário Marcio Pauliki. Na tarde do dia 23, a defesa de Zampieri conseguiu o alvará de soltura, por falta de provas contra ele.

Roberto Pelissari é suspenso do cargo
Roberto Pelissari, presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), cumpriu os cinco dias de prisão temporária na PEPG. A prisão de Pelissari iria até o dia 20, mas para não atrapalhar o inquérito, bem como destruir possíveis provas. No dia 18, teve prorrogação de mais cinco dias e está sendo cumprida na CPM, na região metropolitana de Curitiba. No dia 23, um dia antes de vencer o prazo, a Justiça concedeu a liberdade a Pelissari.
Durante o programa de rádio que apresenta todas as manhãs, o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), na quarta-feira (16), chegou a sair em defesa do presidente da AMTT, dizendo confiar no chefe da autarquia da cidade. Mas, a procuradoria geral do Município, comandada por João Paulo Vieira Deschk, pediu a suspensão do contrato de trabalho do presidente da AMTT e o prefeito acatou. Publicado no Diário Oficial da segunda-feira (21), o decreto 18.146/20, suspendeu desde o dia 15 de dezembro, Roberto Pelissari e o desligou da folha de pagamento de pessoal. Cláudio Grokoviski, secretário municipal da Fazenda, através do decreto 18.149/20, assinado pelo prefeito Marcelo Rangel e pelo procurador-geral do Município, João Paulo Vieira Deschk, foi designado até o dia 31 de dezembro, para responder como ordenador de despesa para o pagamento de salários e encargos sociais vinculados à AMTT.

Empresários presos tem contrato suspenso
Os empresários sócios da Cidatec (EstaR Digital), Antônio Carlos Domingues de Sá e Alberto Abujamra Neto e Celso Ricardo Madrid Finck seguem presos em Pinhais.
Além da suspensão de Pelissari, o prefeito de Ponta Grossa, a partir da segunda-feira (21), suspendeu os contratos entre AMTT e Cidatec, responsável pelo EstaR Digital. Com isso, a cidade fica sem cobrança de estacionamento rotativo e nem aplicação de notificações aos motoristas.

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