Câmara de Castro tem sessão marcada pelo atrito

0 2

Luana Dias

As discussões iniciadas na Câmara Municipal de Castro, nesta quarta-feira (4) continuaram nas redes sociais, após sessão tensa, conforme os próprios vereadores descreveram. Os principais alvos de debate entre os parlamentares foram dois projetos, de autoria de Maurício Kusdra.

O primeiro deles (44/2021), autorizava programa de fornecimento gratuito de absorventes higiênicos para adolescentes, estudantes e mulheres de baixa renda do município. A proposição foi oficiada, pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa, à Secretaria Municipal da Família e Desenvolvimento Social. A pasta por sua vez, respondeu o ofício declarando que a decisão de adquirir absorventes com recursos pecuniários, transferidos pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) de Castro, compete à família, ressaltando que as demais necessidades primarias já são atendidas, por meio do SUAS, por exemplo, com a concessão de cesta básica. Também de acordo com a Secretaria, a Assistência Social do município está com orçamento totalmente comprometido, em programas já em execução, e não há disponibilidade orçamentária para implementação do projeto de lei. Por fim, a pasta se manifestou contrária a implementação da proposta.

A partir da respostas, enviada pela Secretaria, a Comissão de Constituição e Justiça também declarou ser contrária à aprovação do projeto, justificando-se nas explanações feitas pela pasta, sobretudo, na declaração de que não há dotação orçamentaria.

Durante discussão sobre o parecer da Comissão, nenhum vereador se manifestou, e o mesmo acabou sendo aprovado. Com a aprovação do parecer, o projeto de lei foi rejeitado e também não houve manifestação por parte dos vereadores. Na sequência, no entanto, Kusdra perguntou se havia tempo para pedido de vistas. O presidente da Casa, Miguel Zahdi Neto, afirmou que não, e que o parecer da Comissão já havia sido discutido e colocado em votação, e, aprovado por unanimidade.

O segundo projeto, apresentado por Maurício e que gerou polêmicas na sessão foi o de número 58/2021, sugerindo a instituição do Dia do Orgulho LGBTQIA+ em Castro. Mesmo tendo pareceres favoráveis das Comissões Internas da Câmara, a proposição recebeu pedido de vistas, por parte do vereador Joel Elias Fadel, com a justificativa de que será melhor analisada.

Antes, porém, vereador Maurício explicou que a ideia era transformar a aprovação de um Dia do Orgulho LGBTQIA+, numa ferramenta de luta pelos direitos dessa comunidade. O parlamentar lembrou que pessoas desse grupo são extremamente prejudicadas pelo preconceito pessoal e estrutural, citando por exemplo, a dificuldade que elas têm no mercado de trabalho, em esferas públicas ou privadas, para, por exemplo, alcançar reconhecimento e ascensão. Maurício pediu atenção dos demais vereadores ao projeto, afirmando que a aprovação poderia significar o início de um rompimento de preconceitos, através da Casa de Leis.

O próximo projeto de lei em votação na Câmara tinha como propósito a instituição, no calendário oficial de eventos castrenses, de um dia em memória às pessoas que faleceram em decorrência da Covid-19. De autoria de Augusto Beck e também com parecer favorável das Comissões, o projeto foi aprovado por unanimidade, no entanto, Maurício Kusdra, durante a discussão da proposição, questionou se para tal projeto alguém pediria vistas.

O gesto do vereador foi criticado por alguns de seus colegas, que consideraram a atitude debochada. No uso livre da palavra, ao final da sessão, o vereador Jonathan Cesar Flores Barros citou uma proposição (anterior à sessão) de Augusto Beck, para a qual Maurício também pediu vistas, e disse que o projeto poderia ter passado sem esse intervalo. “Achei muito desnecessário, porque o senhor usou do mesmo direito para pedir vistas ao projeto de outro vereador”, destacou.

Joel Elias Fadel também se manifestou, afirmando que o voto do vereador é inquestionável, assim como o pedido de vistas, e que a forma como Maurício se comportou lhe pareceu um deboche. O vereador também afirmou que pediu vistas por se tratar de um tema polêmico a proposta de criação de um Dia do Orgulho LGBTQIA+ em Castro.

O vereador Maurício Kusdra também fez uso da palavra e explicou que não se atentou ao fato de o parecer, da Comissão, ser contrário ao seu projeto, e justificou que o mesmo falava em possibilidade do fornecimento de absorvente e não em obrigação, e que também não falava sobre uso de recursos, sugerindo que o fornecimento de absorventes higiênicos às mulheres e meninas em vulnerabilidade, poderia ocorrer por meio de arrecadação. Ele citou inclusive, outras cidades onde ocorre a mesma ação, por meio de ação voluntária e com a participação de secretarias municipais, e afirmou que estranhou a rejeição do projeto, com base apenas na explanação feita pela referida pasta. “Um parecer não pode ser baseado somente em informações repassadas pela Secretaria”, finalizou.

Participe da comunidade no WhatsApp do PáginaUm News e receba as principais notícias dos campos gerais direto na palma da sua mão.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.