Helcio Kovaleski
Especial Página Um News
A consolidação do Página Um News enquanto produto jornalístico e veículo de comunicação de fato deve muito a uma característica peculiar do então acadêmico Sandro Adriano Carrilho: seu proverbial tino para a matemática. Ele conta que não era integrante de primeira hora do grupo que decidiu pelo trabalho de conclusão de curso e que escolheu implantar um jornal impresso em Castro.
“Na verdade, não escolhi participar do TCC. Eu fui escolhido”, diz Carrilho. Como vinha de família de industrial – seu pai era fabricante das ceras Espanhola (sua mãe, formada em História, estava se graduando em Direito) –, ele se considerava uma pessoa que sempre teve facilidade com números. “Era muito bom de cálculo e bastante comunicativo. Então, o pessoal me escolheu pelo sentido de que precisavam de alguém que fundamentasse a parte econômica do projeto, que pesquisasse a sua viabilidade financeira”, relata.
“Nós fizemos pesquisa de campo e o mercado dizia que sim, que caberia mais um veículo em Castro”, conta Carrilho. Na época, a cidade contava somente com o jornal “O Bravo”. Num primeiro momento, o estudo foi sobre o custo de implantação de um jornal quinzenário. “Pesquisamos qual era o preço, quais seriam as despesas de luz, água, telefone, deslocamento. Colocamos no papel tudo isso e buscamos recursos para bancar o projeto”, diz.
Na sua avaliação, após 31 anos, o único TCC do curso de Jornalismo que “vingou” foi o do Página Um. “Acredito que outras pessoas tivessem interesse em implantar um veículo, fazer vingar seus projetos. Mas eram jornalistas, e não empresários, e os projetos demandariam de apoio do mercado, de outras empresas, de investidores, ficaria mais difícil. Então, eu penso que o único projeto que vingou e perdurou por tanto tempo foi o Página Um”, diz Carrilho. “E ele é um exemplo, porque é da primeira turma de Jornalismo”, observa.
Características
Para firmar-se como um jornal que, ao longo de 31 anos, se estabeleceu como um veículo influente nos Campos Gerais, é de se indagar se já na elaboração do TCC o Página Um contava com características que de alguma forma apontavam para esse futuro. Para Carrilho, essas características eram claras: a necessidade do mercado por um veículo que colocasse para a população castrense “a notícia de fato, pois o jornal que existia à época era com viés político”; profissionais com vontade de trabalhar e isentos, porque sua maioria era de fora da cidade; e o projeto em si, “muito modesto”. “Todos estavam investindo o trabalho pessoal de cada um. Dinheiro não tínhamos, cada um deu o pouco que coube. Então, acho que o segredo disso tudo foi começar de baixo, com os pés no chão. Com o tempo, a gente foi conhecendo o mercado. Então, eu acredito que a simplicidade, a humildade e a vontade falaram mais alto”, afirma.
Sandra Gardinal lembra que, em um primeiro momento, foi “no embalo”. “Mas depois que eu vi que o projeto era viável, aí tomei consciência dele. E o que me fez achar que era viável foi que o projeto foi feito na realidade, mesmo. Fizemos várias viagens a Castro. Fizemos pesquisa com a população, com os anunciantes”, relata.
Para Renato Oliveira, o projeto era viável porque as pesquisas iniciais apontavam que a própria população de Castro (mais de 90%) aprovava a criação de um novo jornal. “A mesma opinião tinha o setor comercial. Esses dados, aliados à proposta editorial, foram decisivos para que a banca examinadora do curso desse a nota máxima entre outros projetos apresentados pela primeira turma de acadêmicos”, conta. “Com isso, o projeto foi aprovado com uma média de 90,9 %, além de ter recebido menção honrosa”, lembra.