População de cães nas ruas de Castro segue oferecendo riscos à saúde pública

População de cães nas ruas de Castro segue oferecendo riscos à saúde pública

Luana Dias

O abandono de cães e acúmulo desses animais nas ruas de Castro, assim como a ausência de políticas públicas que resolvam ou pelo menos amenizem o problema, são assuntos recorrentes nas edições do Página Um News. A reportagem já ouviu inúmeras reclamações da população, registrou e presenciou diversas consequências, assim como já abordou nas páginas do impresso e portal P1News a existência de um Castramóvel, que está parado no município há anos, e ainda não foi colocado em funcionamento, e, falou também sobre a obra do canil municipal, que segundo informações extraoficiais, está concluída, e ainda não está em plena atividade. Como a realidade, sobre a população de animais nas ruas, não mudou, o tema volta à pauta.

Desta vez a principal reclamação veio de profissionais que trabalham no Hospital Anna Fiorillo/Cruz Vermelha, e de pacientes da unidade, cuja porta está cheia de cães de rua há dias. Aglomerados, devido ao cio de uma fêmea, os animais estão avançando contra as pessoas, rosnando para os profissionais que tentam tirá-los de lá e, devido a possível presença de zoonoses, ainda colocam em risco a recuperação dos pacientes que se encontram no local.

A reportagem passou pelo Hospital para fotografar os animais num momento em que os profissionais trabalhavam com a porta da recepção fechada, devido a presença dos sete cães que se agrupavam na frente. Uma mulher que mora nas proximidades relatou que é comum os cachorros de rua procurarem se abrigar da chuva e do frio na unidade hospitalar.

Mas não é só no Hospital e nas ruas que ficam ao redor da unidade que existem muitos cachorros abandonados. A reportagem percorreu alguns bairros e ouviu moradores, inclusive, pelas redes sociais, e a realidade é quase unanime, todos reclamam da quantidade de animais que vivem nas ruas, da falta de atendimento aos que acabam ficando doentes, ou acidentados, e do perigo que alguns deles, já que geralmente nunca foram vacinados, oferecem à população.

Um morador relatou, por exemplo, que já foi mordido mais de uma vez, e que também foi derrubado da bicicleta por cães de rua. Outra, através do Facebook, narrou que quase teve um animal de estimação morto por cães que vivem na rua. “Quase mataram minha cachorrinha, coitados, com fome, defendem o território com raiva. Fora que a gente que se importa fica triste, nervosa, e sem conseguir ajudar. As duas que eu tenho são adotadas, a de porte grande, Caramelo, literalmente salvei com a ajuda de protetoras independentes”, destacou ela.

Marli Leal, funcionária da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município, também falou com a reportagem pelas redes sociais. Segundo ela, é muito comum que pessoas procurem atendimento na unidade, por terem sido atacadas e mordidas pelos animais de rua. “O que mais tem em Castro são cachorros na rua. Trabalho na UPA e todos os dias são inúmeros os casos de mordedura de cachorros de rua”, afirmou.

Um morador também relatou que em seu bairro, Araucária 2, existem tantos animais abandonados que daria para encher um caminhão. E ainda segundo relatos de castrenses, é comum a ocorrência de acidentes, sobretudo, com motociclistas, que com frequência são atacados pelos animais. Também há preocupação com as zoonoses que eles podem transmitir, e com a falta de controle da população, que se reproduz e aumenta com velocidade.

Também houve tentativa de contato com a prefeitura do município, para que fosse informada a real situação do canil, assim como possibilidade de funcionamento do Castramóvel, no entanto, as ligações não foram atendidas e nem retornadas.

Protetora voluntária destaca responsabilidade da população

A reportagem também conversou com Monica Santana, uma das integrantes do grupo de voluntárias Proteção Animal Independente Castro. Ela explicou que mesmo ainda sendo grande, a população de cães que vive nas ruas de Castro reduziu, do ano de 2016 para cá. A voluntária acredita que essa diminuição se deve principalmente a ação das protetores independentes, que já foi responsável por custear inúmeras cirurgias de castração.

Monica explicou que as protetoras estão ansiosas pela inauguração do canil municipal, sobretudo, porque quando a unidade estiver operando integralmente, deverá tirar a sobrecarga de responsabilidade que o grupo tem hoje, já que em casos de abandono, acidentes, animais feridos e diversas outras situações, é às voluntárias que a população recorre. Elas têm inclusive, uma dívida de cerca de 40 mil reais junto às clínicas veterinárias da cidade, devido aos procedimentos contratados para castração e tratamento de animais de rua.

No entanto, ela citou também a responsabilidade de cada um dos tutores de cães. Monica destacou que o papel de controlar a reprodução, castrar, cuidar dos animais e mantê-los em casa, é de cada pessoa que possui cachorro. Como bem lembra a voluntária, quando a família não têm condições ou não deseja ter mais animais em casa, deve cuidar ainda mais para que não haja procriação, e quando ocorre, tem responsabilidade de cuidar dos filhotes, assim como da mãe, de maneira digna, e providenciar adoção responsável.

“Essa conscientização é fundamental. Tem que castrar, porque mesmo se a prefeitura colocar o canil para funcionar e as cuidadoras continuarem a desenvolver o trabalho voluntário, se a população não se conscientizar, e os animais continuarem a procriar dentro do quintal e as pessoas os jogarem nas ruas, esse problema nunca vai acabar”, destacou Monica, explicando também que o grupo faz trabalho de conscientização nas escolas.

Redação Página 1

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