Mães reclamam das dificuldades que filhos enfrentam para estudar longe de casa

Mães reclamam das dificuldades que filhos enfrentam para estudar longe de casa

Escola fechada há mais de 10 anos

Luana Dias

Uma escola desativada e fechada há cerca de 10 anos, alunos tendo que sair de casa às 5 horas para estudar, e retornando depois das 14h30. Essa é a realidade de estudantes, de diversas idades, que moram na região das Pedras e do Guabiroba, no interior de Castro.

O relato foi feito por mães, que estão preocupadas com a saúde de seus filhos e que não encontram lógica no fato de ter uma escola de portas fechadas e sendo depreciada perto de casa, enquanto os alunos precisam viajar diariamente até mais de 30 quilômetros pra ir, e mais 30 para voltar da escola.

Uma das mães ouvidas pela reportagem vai inclusive mudar-se do bairro das Pedras, onde mora e trabalha com atividades rurais, para a área urbana da cidade. Segundo ela, sobretudo nos dias de muito frio e de chuvas, as dificuldades para que seus filhos cheguem a escola são muitas. “Meus filhos são os primeiros a embarcarem, às 5h05 da manhã, e chegam novamente às 14h40, só que nos dias de chuva e de frio, fica difícil eles irem para escola. O ônibus tem algumas janelas que não fecham, e é um trajeto longo, 34 quilômetros pra ir e mais 34 para voltar para casa, eles ficam muito tempo em deslocamento, e, o mais velho, quando chega, precisa andar mais um quilômetro para chegar, porque o ônibus não deixa ele perto de casa”, destaca Ana Carla de Oliveira Bueno.

No caso dela os filhos têm 13 e 15 anos, mas, o mesmo transporte também leva para escola crianças que têm entre quatro e sete anos de idade, como é o caso do filho da Debora, de quatro aninhos. Ele acorda às 4h30 e volta da escola depois das 14 horas. E, como alunos dessa idade ainda necessitam de cuidado e supervisão de um adulto, também preocupa as mães o fato de eles irem para a escola sem monitoramento, já que dentro da cidade, mesmo em trajetos curtos, vans que transportam crianças dessa faixa etária geralmente têm por exigência o acompanhamento de uma pessoa maior de idade. “O ônibus não tem acompanhante fora o motorista, além disso, por ser muito cedo, muitos nem conseguem fazer nenhuma refeição antes de sair, ou quando comem, acabam vomitando no ônibus, porque passam mal devido ao balanço desconfortável”, explicou Ana Carla.

As mães também destacaram que alunos com problemas respiratórios são os que mais sofrem com o longo trajeto entre a casa e a escola, justamente porque como o veículo trafega com janelas abertas, entra muito pó, em tempos de seca, e frio, nesta época do ano, por exemplo. O filho da Debora, de quatro anos, é dos que sentem essa dificuldade. “Como ele tem bronquite, desde que começou a estudar nesse horário, ele vive doente”, destacou ela.

Também incomoda as mães o fato de dois ônibus fazerem a entrega das crianças, da escola, que fica na área urbana, até a casa. Segundo elas, dois veículos se dividem no trajeto pós-aula, porém, um deles, que tem capacidade para mais de 40 alunos, chega a transportar somente oito alunos por dia. “Pra levar os alunos até a escola é um ônibus e para trazer de volta para casa são dois, o segundo volta com oito a 10 alunos no máximo, esse valor é pago pelo município. Imagina quanto dinheiro público investido”, destaca Ana Carla.

A reportagem tentou contato com a Secretaria de Educação do município, para saber se existe alguma previsão de atividade em relação a escola da comunidade das Pedras, que permanece fechada, assim como, sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos que se deslocam para estudar na cidade, no entanto, até o fechamento desta edição, não foi atendida e nem houve retorno.

Redação Página 1

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