Da Assessoria
Muito lindo, emocionante e impactante. Era assim que a maioria dos fiéis definiam a Solenidade Litúrgica com dedicação da igreja e consagração do altar da matriz da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Castro, ocorrida na noite desta quarta-feira (6). Cheia de simbolismos, a celebração, presidida pelo bispo Dom Sergio Arthur Braschi, começou fora do templo, que tinha as portas fechadas, estava às escuras e com o altar desnudo. No comentário inicial – ainda fora da igreja – foi explicada a solenidade, a sua importância e o seu significado. Detalhados também os momentos da vida da paróquia e da obra nos últimos anos, citando, em especial, a dificuldade da pandemia, com o cancelamento das celebrações presenciais e a necessidade de afastamento.
Algumas pessoas da comunidade entregaram a dom Sergio objetos que representavam a obra: a escritura, projetos, o livro com toda a história da paróquia e da construção da nova matriz, e, as chaves da igreja. O bispo mostrou ao público um a um os objetos, ao que foi aplaudido. “Participemos desse rito sagrado com todo o fervor e ouçamos com fé a Palavra de Deus nesse mês da Bíblia para que nossa comunidade renascida da mesma fonte batismal e alimentada na mesa comum cresça e forme um templo espiritual, e, reunida em torno de um único altar, aumente o seu divino ardor”, disse Dom Sergio, citando a presença de numerosos sacerdotes, religiosos, diáconos, seminaristas e do povo de Deus, “em um espírito sinodal”.
“Eu entrego, nesse momento, ao pároco, padre Cristiano (Marcos Rodrigues), através da igreja, que será dedicada e o seu altar, ungido para a Eucaristia, nessa chave da igreja, o cuidado de todo esse povo de Deus”, esclareceu Dom Sergio. As portas da igreja foram abertas. Todos os concelebrantes entraram e o povo também. A igreja ficou lotada. A água do Batistério foi abençoada e aspergida nas paredes, nos fiéis, no presbitério e no ambão. O bispo comentou sobre a linha decorativa que perpassa o batistério para o altar e vai percorrendo até a capela do Santíssimo. “O sangue de Cristo e a água que brotou do seu peito aberto. Que Deus purifique o templo de sua morada, que somos nós mesmos”, enfatizou. Neste momento, a igreja seguia ainda na penumbra e o altar desnudo, sem toalhas, flores ou velas. Dom Sergio explicou que, por não estar ungido, o altar não mereceu reverência dos concelebrantes, padres e religiosos vindos de outras paróquias de Castro e de toda a Diocese.
“É uma grande alegria da Diocese de Ponta Grossa, nesse tempo em que vivemos também os 200 anos da igreja-mãe, da Senhora Sant’Ana, em Ponta Grossa, primeira criada na sede diocesana, poder dedicar, abençoar este novo templo, a igreja do ícone do amor. Queremos ter presente a comparação da tenda que alarga a suas lonas, com firmeza, que possibilita mais e mais pessoas entrarem (palavra bíblica do Sínodo). A grandeza de esse templo, construído com a dedicação do povo, colaboração de tantos, iniciativa e condução do pároco, leigos e leigas desta paróquia e de diversas comunidades, tornou possível a construção da linda igreja material. Mas, como nós sabemos, a igreja material deve ser no meio do mundo a imagem da igreja viva, que somos nós mesmos, o povo sinodal, que caminha junto”, argumentou o bispo.
De acordo com Dom Sergio, quando se entra em uma igreja católica, os nossos olhos se voltam para o centro. “O altar captura os nossos olhares porque o altar é Cristo. E uma igreja que está sendo dedicada, juntamente com a dedicação do altar, este altar, este local do sacrifício único e eterno do redentor da Humanidade, Jesus, deve ser de pedra ou de madeira sólida, e aqui nós temos diante de nós esse altar belo, preparado com as ofertas do povo, que representa a palavra bíblica de Jesus, que ecoa, já no Antigo Testamento: a pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se escolhida e preciosa a pedra angular, a pedra fundamental, o alicerce de nossa fé, Cristo, escolhido pelo amor do Pai”, afirmou.
“Vamos ungir com óleo de Crisma o altar, lembrando que ele é Cristo, o ungido sobre o qual foi derramado o Espírito Santo para evangelizar os pobres, abrir os olhos dos cegos, curar os corações feridos, para quebrar correntes e libertar das escravidões. E sobre essa pedra angular, sobre a qual está construída essa Jerusalém Celeste, a igreja, que desce dos céus, adornada como uma esposa para o seu esposo, estão ali os 12 pórticos, representando as 12 tribos de Israel. É por isso que, dedicando o altar, nós iremos ungir e dedicar as 12 cruzes que se encontram nas colunas desta nova igreja, simbolizando os 12 apóstolos, porque a igreja é além de católica e apostólica, se fundamenta sobre o ensinamento firme dos apóstolos. Que toda a vez, daqui por diante, que entrares na igreja contemplando o altar venereis Cristo Salvador, no altar e, contemplando nas paredes as 12 cruzes, lembreis da nossa fidelidade à palavra dos apóstolos”, orientou Dom Sergio.
Relíquias e objetos foram trazidos para serem colocados no altar. Padre Cristiano os recebeu e colocou na urna, que foi depositada embaixo do altar, ungido em seguida, assim como as cruzes. Foram colocadas velas acesas em cada uma delas. As luzes da igreja foram, então, acesas. Todos os concelebrantes beijaram o altar. No fundo da igreja, foi descerrada a placa comemorativa. O pároco falou da bênção apostólica recebida do Papa Francisco por ocasião especial da dedicação. A mensagem, dirigida a padre Cristiano e a todos os fiéis da paróquia, foi lida pelo bispo. A bênção, moldurada, foi mostrada a todos. Diante do ícone de Nossa Senhora foi feita a consagração a Maria. Em comemoração à dedicação da igreja e do altar, no dia em que a paróquia completava seus 18 anos, foram entregues lembranças e servido um lanche, em uma grande confraternização.
Agradecimentos
Padre Cristiano agradeceu aos devotos que generosamente participaram da construção da igreja, ao bispo que, segundo ele, desde o início da caminhada, da apresentação da proposta, apoiou e incentivou a ideia, participando de diversos momentos celebrativos na paróquia. Agradeceu também aos padres e diáconos. “Tudo isso é fruto de oração, generosidade e muito trabalho de muitas pessoas. Agradeço o empenho, a dedicação, para que a celebração de hoje acontecesse. Aos que passaram horas e horas se preparando, como o coral e também aos seminaristas que vieram”, enumerou o pároco.
A coordenadora do Conselho Pastoral da Comunidade/Matriz, Viviane Heidmann, lembrou que, olhando para as paredes, se vê sangue, suor, lágrimas, dedicação, sacrifício, união, disponibilidade, pandemia, bolo, pastel e até um fusca, brincou. “Em nome da matriz, o agradecimento por tudo o que aconteceu nesses quatro anos de obra. A Deus, a Dom Sergio, a todas as comunidades irmãs que ajudaram com carinho, empenho, em vários momentos. A todo o paroquiano voluntário doador. As 46 paróquias irmãs da Diocese e às de Castro. Aos que estiveram conosco e, hoje, não estão mais. E, especialmente, ao padre Cristiano, pessoa determinada, organizada, perfeccionista, detalhista, sonhadora, mas não dos que só pensam: ele coloca em prática o sonho. Não vejo essa nova casa sem a sua assinatura, seu suor, suas ideias e noites mal dormidas. Um dia, espero que bem longe, vai partir para uma nova paróquia, onde vai colocar em prática tudo novamente, seus talentos e dons, mas nessas paredes estarão impressos o seu amor e dedicação para sempre”, enalteceu a coordenadora.
Histórico
A obra foi resumida como fruto de mãos humanas, pela graça de Deus e pela generosidade de muitos. A caminhada teve início em 2018. O projeto, que tinha como simbolismo ‘a igreja do ícone do amor’ foi acolhido e aprovado pela comunidade. A construção iniciou em 13 de novembro de 2019. Entre as necessidades para a execução das obras esteve a demolição da antiga igreja, ocorrida em 8 março de 2020. Uma semana depois, as celebrações com público foram suspensas devido ao agravamento da pandemia.
“Em um tempo de grandes dificuldades, incertezas e desafios, a ‘igreja viva’ continuou dando grande testemunho de fé. Os serviços tiveram continuidade, em meio a celebrações marcantes sem a presença de fiéis, que acompanharam tudo pelas redes sociais. Com a colaboração e participação dos paroquianos generosos, em 2023, depois de quase quatro anos, concluímos a igreja ‘do ícone do amor’. Só temos a agradecer e oferecer a Deus esse templo”, detalhava o histórico lido no comentário da solenidade.
Na urna depositada sob o altar estavam um escapulário de Nossa Senhora do Carmo (trazidos do Monte Carmelo, em Israel), um fragmento do manto de Nossa Senhora Aparecida (vindo do Santuário Nacional de Aparecida), imagem de São Pedro e São Paulo (trazido de Roma), um cartão e pedra das catacumbas de São Sebastião (trazido das catacumbas de São Sebastião, em Roma), um cartão de Santa Terezinha (vindo junto a relíquia de Santa Terezinha), uma relíquia de 2º grau de São João da Cruz, um fragmento da bandeira do Divino da comunidade Conceição, um cartão de Santo Antônio (trazido de Lisboa), uma medalha de Santa Rita (vindo junto a relíquia de Santa Rita), uma medalha com terra de Fátima, uma imagem de São Francisco (trazido da Itália), uma relíquia de 2º grau de São João Maria Vianney, uma relíquia de 3º grau de São Roque, um cartão de São João Paulo II, uma relíquia de 2º grau de Madre Teresa de Calcutá, um lírio de São José, um ramo de oliveira (trazido do monte das Oliveiras, em Israel), um cartão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (trazido da igreja de Santo Afonso, em Roma), uma máscara, símbolo do tempo da pandemia e passado no Santo Sepulcro, em Israel.
“As demais preciosas relíquias foram depositadas em lugar especial, para sua digna veneração. Para a atual comunidade bem como as comunidades do futuro, essas relíquias são indicadores da luz de Cristo, e nos motivam a viver tal qual os Santos que se entregaram como resposta ao amor divino”, explicou padre Cristiano Rodrigues.