CAPS de Castro realiza atividades sobre saúde mental com jovens

Matheus de Lara

A campanha ‘Janeiro Branco’, iniciada em 2014, tem como tema ‘A vida pede equilíbrio’ e busca chamar atenção para os cuidados com a saúde mental e prevenção de doenças decorrentes como estresse, ansiedade e transtornos mentais. Em Castro, um exemplo de ação preventiva e de cuidados é um grupo de apoio a jovens e adultos que são afetados pela doença. Eles se reúnem, ao longo do ano, no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), para participarem de roda de conversas e atividades sobre a saúde mental.

O CAPS tem como objetivo orientar e levar conscientização para essas pessoas. A reportagem do Página Um News esteve presente em um desses encontros e conversou com o coordenador de saúde mental do município e psicólogo, Ricardo Antunes Westphal, que comentou sobre a importância do Janeiro Branco. “É um movimento super interessante e é proposital ser no mês de janeiro, porque simboliza um novo ciclo. É branco porque se refere a uma folha, algo branco que você pode escrever uma nova história. Por outro lado, muitas pessoas acabam banalizando a saúde mental, e é algo que cada dia que passa os sintomas estão mais presentes, e com isso a conscientização é de extrema importância”, relatou.

Ricardo explica que diversos temas são debatidos nos encontros. “Para não focar em um assunto específico, procuramos explorar diversas situações, como as crises assistenciais, psicopatológicas, etc”. Para o paciente que procura ajuda, o psicólogo conta que “a porta de entrada é através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), qual o paciente se consulta com o médico e é encaminhado ao CAPS, é realizado uma triagem com a enfermeira ou com um técnico que vai direcionar para o grupo ou consulta individual, tanto com médico ou psicológico”.

A reportagem também conversou com uma menina de 17 anos, que participa do grupo há um ano e meio. Ela possui a Síndrome de Asperger, um tipo de transtorno dentro do espectro autista, além da ansiedade. “Os sintomas apresentei quando eu era pequena e já dava para notar que eu era uma criança que usava palavras complicadas, caminhava muito por causa da ansiedade e também um paladar muito seletivo. Nas escolas eu estudava normal, porém, eu tinha dificuldade social, porque minhas turmas eram muitas bagunceiras. Com isso eu tinha muita crise de ansiedade. Além disso tenho sonofobia junto, com a gritaria acabava faltando muito na escola, mas sobre as notas nunca tive problema”, comentou. A participante do grupo conta que os encontros estão ajudando na sua socialização.

Para o coordenador, o transtorno mental não tem um público específico. “Pode surgir já na infância como, também, um sintoma na terceira idade. Além disso, tem a dependência química, um surto psicótico, ou seja, tem várias situações que podem ser atendidas pelo trabalho do CAPS”, explicou. Durante a pandemia, o psicólogo disse que a questão relacionada a saúde mental aumentou significativamente.

O Ministério da Saúde aponta que 30 milhões de pessoas são atingidas pela depressão no Brasil. “Aqui no CAPS, por exemplo, atendemos desde o transtorno de personalidade até a de humor”, disse Ricardo.

Oficinas

Após as conversas com o grupo, os usuários participam das oficinas que é realizada pela monitora cultural pedagógica, Meryhlen Chacon. Ela é responsável pelas oficinas terapêuticas que tem como objetivo levar artes, desenhos, pinturas, artesanatos e a parte escrita para o grupo. “A intenção das oficinas é a interação entre eles com todos os transtornos de vários níveis, incluindo os mais agravados, como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. Além disso, também é tratado a coordenação motora para ver como eles estão, e o objetivo maior é inserir eles na sociedade, sendo que alguns são encaminhamos para voltar a estudar, participar de cursos e isso é a maior intenção da oficina”, afirmou.

Foto: Matheus de Lara