2020 pode surpreender positivamente, apesar das 253 empresas fecharem suas portas neste ano
Luana Dias
Especial Página Um News
O ano de 2020 tem sido cruel para os negócios. Empresários dos mais diversos ramos de atividade tiveram que se reinventar em seu dia a dia. Mais investimentos, inovações para se adaptar e muitas mudanças no planejamento foram necessárias para enfrentar a nova realidade, estabelecida pela pandemia do coronavírus. Mesmo com todas as ferramentas e esforços empregados, em muitos casos não deu para continuar de portas abertas, mas em muitos deles, a receita funcionou, tanto que o número de empresas que encerrou as atividades no município até em setembro deste ano, é menor que o do mesmo período do ano passado.
Números da Junta Comercial do Paraná, solicitados exclusivamente para a matéria, mostram que mesmo sendo um ano árduo e desafiador para empresários, 2020 ainda pode surpreender positivamente com os números finais, em alguns aspectos pelo menos. Entre os meses de janeiro e setembro deste ano, o município fechou 95 empresas a menos que no mesmo período de 2019. Até o último dia do mês, foram 253 baixas de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) de empresas castrenses. Já em 2019, 348 empresas encerraram atividades até no mesmo período.
Nos primeiros meses da pandemia, o número de médias e de pequenas empresas que do dia para a noite deixaram bairros como o centro da cidade, chamou a atenção dos castrenses. Mas nem todas as decisões se pautaram pelas limitações trazidas por esse problema comum. É o caso de Fausi Fadel, por exemplo, que neste ano encerrou as atividades em sua loja, para qual dedicou mais de 40 anos de sua vida.
Segundo ele, o fechamento já estava em seus planos há alguns anos, 2020 acabou sendo apenas o ano da sentença. “Eu já tinha a intenção de fechar a loja há mais de dois anos. Estava cansado, depois de ficar 65 anos atrás do balcão, só na Itamarati foram 45 anos, mais 20 que trabalhei com meu pai. Antes não fechei porque meu irmão não deixou, mas ele faleceu e esse ano já não estava muito bom. Em 2015 também perdi minha esposa, que me dava apoio, e ficou ainda mais difícil manter”, explicou.
Com a experiência de quem já passou por outras crises e turbulências econômicas, Fausi também fala sobre as mudanças pelas quais o mercado passou nos últimos anos, e ressalta alguns fatores que segundo ele, dificultam a estabilidade de empresas que se dedicam a setores como o varejo. “65 anos atrás de um balcão não é fácil, e o sistema de comércio mudou muito de uns anos pra cá. Quando eu comecei com a loja há 45 anos, por exemplo, na Vila Rio Branco só tinha um mercado, que também vendia tecidos. Depois, em 1979, quando doutor Reinaldo era prefeito da cidade, a gente pensava que a renda maior vinha do Centro, quando na verdade já vinha da Vila Rio Branco. Além disso, em 1964 quando comecei com meu pai em sua loja, tínhamos outro tipo de comércio. Era tudo amigável, os comerciantes todos se davam bem. Em 1975, quando eu abri a Itamaraty, o sistema ainda era semelhante, mas vieram muitas modificações, aumentou muito o comércio de sacoleiros, e para se manter tínhamos que ir para o Paraguai fazer compras, isso tudo se tornou muito cansativo. A internet também mudou muito o rumo do comércio, e, eu já não estava acompanhando as mudanças, aí deu certo de alugar a loja e encerrei de uma vez as atividades”, destacou.
Microempreendedores aparecem em maior número entre as baixas
Estudos recentes mostram que mais da metade das micro empresas e micro empreendimentos individuais abertos no Brasil, acabam fechando as portas antes de completar dois anos em atividade. Em Castro a realidade não difere do restante do país. Nos primeiros nove meses de 2019, das 348 empresas que fecharam, 216 eram de Microempreendedores Individuais (MEIs), e, no mesmo período deste ano, das 253 empresas fechadas, 149 também eram MEIs.
Setores
O segmento de empresa que mais fechou unidades até setembro deste ano em Castro foi o de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. Ao todo foram 94 empresas. Na sequência, e com ampla diferença, aparecem os setores de alojamento e alimentação, que fecharam 30 estabelecimentos comerciais no município, entre janeiro e setembro. O setor de construção foi o responsável pelo fechamento de 24 empresas na cidade, enquanto indústria de transformação e outras atividades de serviço fecharam 18 empresas cada, no mesmo período. Nos setores de transporte e armazenagem, atividades administrativas e serviços complementares e atividade profissionais, científicas e técnicas, 15, 14 e 13 empresas se fecharam, respectivamente. Empresas de educação fecharam nove unidades e serviços domésticos, sete. O setor de agronegócio, que neste caso engloba agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, foi o responsável pelo encerramento das atividades de três empresas, assim como informação e comunicação, e saúde humana e serviços sociais. Com apenas uma empresa fechada no período aparecem atividades financeiras, de seguro e serviços relacionados, artes, cultura, esporte e recreação.
Pode ser considerado como o pior mês para os empresários locais, o de janeiro. Em 2020, 40 empresas fecharam as portas no primeiro mês. Em fevereiro, assim como no mês de agosto, foram 32 baixas. Em julho foram 31, e em todos os demais, entre 20 e 27 empresas encerraram atividades na cidade.