Matheus de Lara
A castrense Rosilete dos Santos, de 45 anos, ex-boxeadora profissional e campeã de dois títulos mundiais, comemora nesse mês os 20 anos de sua estreia no boxe. A primeira luta ocorreu em 19 de maio de 2001, como amadora. Rosilete trabalhou na roça até seus 18 anos e depois como empregada doméstica.
Nos 12 anos como boxeadora, a campeã mundial atuou dois anos como amadora. Em 16 lutas, acumulou 14 vitórias, um empate e uma derrota. A partir de 2003 estreou no boxe profissional em Buenos Aires, quando perdeu o primeiro confronto por pontos. Seguiu até 2013, quando disputou 34 lutas, venceu 29 e foi derrotada em 5.
Estreia no boxe
Em conversa com a reportagem do Página Um News, Rosilete dos Santos, que deixou a cidade de Castro no final do ano de 1999 para buscar oportunidade em Curitiba, disse que ao final do ano 2000, Macaris do Livramento, ex-boxeador, campeão mundial e seu marido, percebeu seu talento. “Ele me convidou para subir ao ringue para lutar, fiquei alguns meses negando querer lutar, jamais imaginei bater em alguém ou apanhar. De tanto ele insistir, aceitei, e com isso descobri que eu iria fazer história sendo a primeira paranaense a subir no ringue para lutar”, explica.
A estreia em maio de 2001, aconteceu em um evento promovido por Macaris, no Ginásio Douglas Pereira. “O ginásio estava cheio, me senti outra Rosilete, aquela lá da roça não era a mesma. Minha primeira luta ganhei por pontos, lutei contra uma boxeadora argentina, foi muita adrenalina, dei meu máximo. Com o passar do tempo olhei que minha primeira luta no amador foi horrível tecnicamente, mas como não tinha experiência, hoje dou muito risada. Nesse dia estava minha família inteira no ginásio, meu saudoso pai que estava com seu famoso chapéu, meus irmãos, irmãs e amigos. Foi histórico”, conta.
Títulos
Campeã mundial pela WIBA (Women’s International Boxing Association) em 2011, ao derrotar a colombiana Paulina Cardona, em São José dos Pinhais, e também em 2008 conquistando o título pela CMB (Comissão Mundial de Boxe), ao vencer a argentina Paula Monteiro, em São José dos Pinhais, consagraram Rosilete.
No dia do seu título mundial, a ex-boxeadora conta que foi uma emoção muito grande. “Muita alegria, peguei minha filha no colo depois da luta, em cima do ringue e disse, mamãe entrou novamente para a história no esporte. Foi muita emoção, ser campeã mundial era uma responsabilidade enorme; o cinturão era do Brasil, ali eu era o Brasil no ringue”.
“Minha carreira no profissional não tinha muita coisa de grande importância, até que em 2006 parei os treinos para me tornar mãe, meu grande sonho, com a chegada da minha filha Nicoly. Com 8 meses do nascimento da bebê veio o convite para lutar pelo título mundial, sem saber como eu iria perder 11 quilos depois da gestação. Aceitei a luta que aconteceu na Alemanha, viajei com minha filha e com meu marido treinador Macaris. A luta foi interrompida no quinto round por sangramento no nariz”, disse.
Atualmente
Desde 2015 a ex-boxeadora e seu marido, comandam o Centro de Excelência do Boxe, em São José dos Pinhais. O projeto social tem como objetivo atender crianças e adolescentes de 10 a 18 anos gratuitamente, incentivando o esporte. Hoje com a pandemia, a captação de recursos acontece junto as empresas, através de Lei de Incentivo ao Esporte Federal, sendo o quinto projeto aprovado no Governo Federal. O centro deve receber os alunos a partir do ano que vem.
Esporte
A campeã mundial diz que o boxe feminino está crescendo a cada dia. “Quando comecei fui a primeira mulher no Paraná, o boxe feminino nem nos jogos olímpicos estava. Hoje vejo o crescimento das mulheres na modalidade, antes elas nem conheciam os benefícios do boxe para a saúde, sem precisar levar um soco sequer. Estou feliz em ver o crescimento das mulheres nesse esporte depois da minha estreia; muito feliz em ensinar aquelas que vem até a mim com a coragem e orgulho para praticar esse esporte tão fascinante. Deixei um legado que as futuras gerações darão continuidade”, finalizou.
Foto 1: Divulgação / Rosilete derrota a colombiana Paulina Cardona, em 2011