Carambeí é a terra das tortas e da diversidade cultural

Carambeí é a terra das tortas e da diversidade cultural

Emerson Teixeira

Carambeí – O domingo, 21 de maio, é celebrado como o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e Desenvolvimento. Carambeí é um celeiro da diversidade cultural, mesmo antes da colonização holandesa, que impulsionou o desenvolvimento econômico, portugueses, italianos, alemães e outras etnias estiveram pelas terras que hoje abrigam o município. Na virada do século e com a emancipação política do então distrito, os carambeienses puderam acompanhar a chegada de novos imigrantes e suas características marcantes, os mulçumanos.

Assim como os demais povos, os mulçumanos foram atraídos pela oportunidade de trabalho e a busca de uma vida melhor que em seu país de origem. Eles vieram para Carambeí para trabalhar no abate de frangos, através do “abate halal”, que segue preceitos islâmicos, na unidade da BRF no município. O Brasil é o maior exportador de frango halal do mundo.

Um dos primeiros a chegar em Carambeí para trabalhar no abate de aves, o serra-leonino Alfred Joshua Rogers, conta, apesar de já estar há 24 anos no Brasil o sotaque ainda prevalece em sua fala, que saiu de seu país, Serra Leoa, localizado na África Ocidental, banhado pelo Oceano Atlântico, escondido em um navio cargueiro que veio para o Brasil carregar açúcar. “Eu tinha uma família bem-sucedida em meu país, mas o país enfrentou uma guerra civil, mesmo depois das coisas acalmarem por lá eu não visualizava um futuro, como eu trabalhava no porto, decidi com um amigo fugir, nos escondemos no navio e viemos parar no Brasil, chegamos no porto de Santos em 1999”, conta.

Alfred conta que ao desembarcarem no Brasil eles receberam asilo político, a Polícia Federal encaminhou eles para um albergue. Ele relata que seu pai era cristão e a mãe mulçumana, o seu amigo também era mulçumano, e por conta disso procuraram por ajuda em uma mesquita na cidade de São Paulo, onde souberam da oportunidade de trabalho no “abate halal” no sul do país. “Eles nos deram emprego, dinheiro e passagem para Carambeí, já tinha casa aqui para nós, na Rua das Safiras, cheguei em 2000 em Carambeí”, lembra.

O serra-leonino trabalhou por 18 anos no abatedouro de frangos, nesse período ele fez curso de microeletrônica no SENAI e abriu uma loja de manutenção de celulares. Fluente em cinco idiomas – inglês, espanhol, francês, árabe e japonês, ele faz planos para cursar faculdade de Direito no Brasil. “Gostei do lugar, nasci em cidade grande, Carambeí é um refúgio, uma cidade conservada”, conta Alfred que tem três filhas brasileiras, já conquistou a casa própria e não pensa em ir embora de Carambeí.

Bangladês
Outro que chegou em Carambeí e por aqui ficou foi Ali Hasan e sua família. Natural de Dhaka, em Bangladesh, Ali deixou sua terra natal aos 17 anos, com o sonho de explorar o mundo. Sua jornada o levou para vários destinos: foi para a Grécia onde trabalhou como jardineiro, viveu na Turquia, Irã, Paquistão e também na Itália.

Em 2011, seu destino foi o Brasil, mais especificamente, Carambeí. Aqui, adquiriu cidadania e para prover o sustendo da família, também foi trabalhar com o “abate Halal”. Mas seu sonho era trabalhar com jardinagem, nesse período decidiu empreender, investiu em equipamentos e atualmente, Ali é responsável pela manutenção de jardins residenciais, empresariais, e também do Parque Histórico de Carambeí.

Redação Página 1

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