Após 56 dias de internamento, paciente se recupera de Covid -19. Uma história de luta, fé e superação
Por Cleucimara Santiago
Anderson Alves, 46 anos, morador de Carambeí, ficou 56 dias internado na ala covid de um hospital particular de Ponta Grossa, passou 40 dias intubado – traqueostomia – até finalmente vencer a Covid-19 e voltar para casa.
Uma emocionante história de dor, luta, superação e muita fé, vividos por Anderson e sua família.
Sintomas
Anderson Alves começou a sentir os primeiros sintomas no dia 30 de julho durante o trabalho. Ele consultou na própria empresa que o orientou a ir para casa e retornar ao trabalho no outro dia, parecia apenas um leve resfriado. No mesmo dia, o trabalhador teve febre e a família, preocupada, porque não baixava a temperatura do corpo, resolveu levá-lo consultar no posto de saúde de Carambeí, onde o exame RT-PCR foi agendado para 03 de agosto, precisando ele ficar em isolamento.
O exame RT-PCR, realizado através de coleta de amostras com swabs (cotonetes) de nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta) é considerado ‘padrão ouro’ ou ‘padrão de referência’, porque identifica o vírus e confirma a covid-19, além de ser recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a disseminação do novo coronavírus.
A família não quis esperar pela data agendada e realizou, no dia 01 de agosto, em laboratório particular, o teste de pesquisa de antígeno onde o resultado sai em 30 minutos. Segundo a farmacêutica bioquímica, Daiane Della Bianca, que realiza esse tipo de procedimento “esse exame é muito eficaz, o que é positivo é positivo mesmo, sem dúvida. O que é negativo pode dar 15% de falso negativo”. O resultado de Anderson, infelizmente, deu positivo.
Dia 5 de agosto, sem baixar a febre, ele procurou um hospital particular e fez exame de tomografia, não apresentado nenhuma irregularidade. Porém, no dia 06 de agosto a tosse aumentou, e dia 07 amanheceu muito pálido. Diante do quadro, a família o levou a um posto de saúde onde passou a receber oxigênio. Encaminhado para um hospital particular, foi direto para a unidade de terapia intensiva (UTI), tendo o seu quadro agravado. “Até perguntamos para o médico, pois o exame estava bom no dia 05 e apenas dois dias depois meu pai estava com 90% do pulmão comprometido. E o médico nos disse que esse vírus é assim mesmo, muito agressivo. Isso foi um baque muito grande para nós”, descreve Eluana Alves Batista, filha de Anderson. “Ele é um homem que estava super se cuidando, estava do trabalho para casa e da casa para o trabalho. Quando chegava em casa, nem entrava com a mesma roupa, vivia se cuidando, tomando um monte de coisas naturais, não tem nenhum problema de saúde, não bebe e nem fuma”, continuou a filha.
Momento difícil
Dia 12 de agosto, foi um dos momentos mais difíceis para a família, quando Anderson passou por um dos estágios mais delicados da doença, a intubação. No mesmo dia, Patrícia Vieira Alves, esposa de Anderson testou positivo. Eluana ficou cuidando da mãe, tomando todos os cuidados necessários, mas infelizmente após uma semana também testou positivo pra covid-19. “Foram dias difíceis, dolorosos, mas Deus nos fortalecendo, tivemos quase 3 mil pessoas orando por nós”, explica Eluana.
Dia 27, outro momento delicado, Anderson precisou fazer uma traqueostomia, procedimento indicado em emergências e nas incubações prolongadas. A família que tem muita fé, fez no dia 13 de setembro uma corrente de oração em frente ao hospital.
Dia 14 de setembro, um momento de muita dor para a família, quando os médicos ligaram e disseram que não havia mais o que fazer, pois o paciente não respondia ao tratamento e a nenhum medicamento, e que seriam tirados todos os medicamentos e aparelhos. Segundo Eluana, nesse dia sua mãe disse: “mas a gente crê que Deus vai dar a cura e continuaremos firmes em oração”.
Foi no dia 16 de setembro que a família conta que o milagre começou a acontecer: “ foi nesse dia que ele acordou e começou a ficar menos dependente dos aparelhos. No dia 18 já ficou apenas com oxigênio e conseguiram colocá-lo até em um sofá. A alegria nossa era imensa a cada conquista agradecíamos a Deus por tudo “, conta Eluana.
Para a felicidade da família, que nunca perdeu a esperança, no dia 22 Anderson ficou livre da traqueostomia, e no dia 25 foi para o quarto. Foi nesse dia que Patrícia, a esposa, foi autorizada a ficar com o marido.
Dia 29, foi solicitado pelo hospital especialistas em fonoaudiologia, fisioterapeuta e oxigênio para usar em casa,
“A vitória dele nem os médicos conseguem explicar, foi totalmente Deus. Os exames dele só davam ruim, nada bom, tinham que por ele totalmente de ponta cabeça para pegar oxigênio”, relatou Eliana.
No dia 01 de outubro, após 56 dias no hospital, ele foi liberado para continuar o tratamento em casa. Mas, como Deus faz obra completa, ele começou a comer e tudo ocorreu super bem e não precisará mais da fonoaudióloga. Está sendo acompanhado com fisioterapia, pois 56 dias no hospital ele perdeu peso – 19 quilos – e também massa muscular.
Nas redes sociais, amigos da família, membros da mesma igreja e até mesmo pessoas que não os conhecem, mandavam mensagens de apoio, fé e torcida pela recuperação de Anderson. Patrícia, a esposa completou aniversário no dia 30 de setembro, mas o presente chegou dia 01 de outubro: ter novamente a família completa, depois de tantos momentos angustiantes, mas que não faltaram fé, confiança e esperança.
A data da vitória, que foi comemorada pelos funcionários do hospital e pela família, marca uma nova fase da família, o renascimento de Anderson e um exemplo de luta e esperança para as famílias que sofrem com seus entes queridos em hospitais e UTIs.
Especial para a reportagem do Pagina Um News, a família com camisetas personalizadas e Anderson fez questão de cortar os cabelos, para registrar a nova fase da vida