A sociedade precisa escolher

A sociedade precisa escolher

O colapso causado pela pandemia da covid-19 que assistimos no sistema de saúde de Manaus e outras cidades brasileiras chegou à região dos Campos Gerais, especialmente ao município de Ponta Grossa, polo regional. Desta forma, as cenas com hospitais sobrecarregados e pessoas à espera de uma vaga hospitalar deixaram de passar na TV, em âmbito nacional, e passaram a ser nossa realidade mais próxima.

O caminho que nos trouxe até aqui é longo e tortuoso. Primeiro há um caráter de negação constante da doença, disseminado das mais altas autoridades (presidente da República, por exemplo), até os menores núcleos familiares e sociais. A um segundo fator que acelerou nossa chegada até aqui é a falta de auxílio financeiro para aqueles que precisam do Estado neste momento, que são os mais necessitados e sem renda fixa.

Esses dois quesitos (cultural e econômico) foram agravados por um terceiro: a falta de gestão técnica da questão da saúde. A preparação e o planejamento prévio do Brasil enquanto nação para enfrentar o cenário que se avizinhava se tornou um “sonho” cada vez mais distante.

A mistura destes três fatores nos trouxe até aqui: um país sem adequada preparação estrutural para enfrentar a pandemia e correndo atrás de um plano concreto e viável para efetivar uma vacinação em massa da população em médio prazo. Desta forma, chegamos a março de 2021, um ano após o começo da pandemia, patinando economicamente, fragilizados do ponto de vista psicológico e ainda com o sistema de saúde sob forte pressão.

No caso de Ponta Grossa e dos Campos Gerais, a escalada da doença nos últimos dias preocupa: nosso índice de mortes é consideravelmente maior do que aquele registrado em outras cidades, como Curitiba, e do que o país em termos gerais. A isso se somam outros dois fatores como (1) a falta de mais atitudes para conter o contágio que só cresce e (2) ações que garantam uma trégua ao sistema hospitalar.

Diante do atual cenário, nós, enquanto sociedade, teremos que escolher se vamos optar pelo atual caminho, enfrentando a tristeza de enterrar dia a dia pessoas cada vez mais próximas e queridas. Ou se nós, como sociedade, acatamos medidas mais rígidas de distanciamento, enfrentamos os prejuízos financeiros que serão consequência e damos uma nova chance à vida.

Everson Krum – Vice-reitor da UEPG e ex-diretor do HU-UEPG (2012-2018)

Redação Página 1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: O conteúdo é de exclusividade do Página 1 News.
× Fale com o P1 News!