Luana Dias
Nesta quarta-feira (27) completou dois meses o fim da cobrança de pedágio nas praças administradas pelas empresas responsáveis pelo Anel de Integração no estado do Paraná. O fim da cobrança efetuado por longos anos pelas concessionárias foi muito comemorado pelos usuários dessas estradas, no entanto, 60 dias depois as reclamações se tornaram numerosas.
Há quem diga que a demora na manutenção e da assistência que eram prestadas pelas equipes das empresas, vem saindo tão cara para os motoristas quanto o valor que era pago nas praças de pedágio.
Por exemplo, Aleilson da Silva que é motorista de transporte coletivo e empresário do setor, contou à reportagem que algumas das estradas pelas quais ele trafega rotineiramente estão sem conservação, e que ele tem se deparado com frequência, com colegas parados, fazendo a troca dos pneus do veículo, que acabaram danificados em determinados trechos, como o da Colônia Witmarsum. “Por um lado não pagamos mais o pedágio, por outro, como a rodovia está em péssimo estado, gastamos mais com a manutenção dos carros, ou seja, está saindo quase na mesma”, destacou ele.
Uma das rodovias mais danificadas, segundo o entrevistado, é a que liga a cidade de Jaguariaíva a Ponta Grossa, e, o trecho entre as cidades de Piraí do Sul e Jaguariaíva também chegou a ficar muito danificado. Lá já foram iniciados alguns reparos, mas Aleilson acredita que o governo do estado, atual responsável pela manutenção, não irá trabalhar no mesmo ritmo com que os problemas estruturais ocorrem, além disso, ele também citou que os serviços, como de guincho, por exemplo, ficaram muito mais caros depois do fim da concessão. “Hoje se você precisar de um guincho, dependendo da distância a ser percorrida, vai ter que pagar de dois a três mil reais, além disso, ficamos sem nenhuma garantia, em algumas situações não sabemos nem a quem recorrer”, ressaltou.
O empresário e produtor rural André de Freitas também conversou com a reportagem, e destacou outros problemas que surgiram nos últimos dois meses. Ele citou, por exemplo, a falta de limpeza nas estradas, e o fato de o matagal estar invadindo as pistas e ocultando placas, em determinados trechos.
André explicou que também considera positivo o período em que usuários das rodovias do estado não irão pagar pedágio, citando os preços até então praticados, e considerados altos até pelo governo, mas, igualmente mostrou preocupação com a lentidão em processos como a liberação de guincho, assim como a manutenção geral das estradas.
Quem também comentou a questão da manutenção das rodovias antes pedagiadas foi o advogado Diony Robert. Ele usa as estradas da região com frequência para atender clientes que moram nas cidades vizinhas. Segundo o entrevistado, é surpreendente a velocidade com que as rodovias se deterioraram ao longo de apenas dois meses. “A depreciação das estradas nesse período é visitável e gritante. Na verdade causa espanto que em tão pouco tempo as estradas se encontrem em tão péssimo estado de conservação. A sensação que se tem é que as empresas de pedágio ao invés de fazerem o reparo e manutenção adequada das rodovias, se limitavam a maquiar os defeitos, de modo que tão logo essa atitude cessou, imediatamente os problemas apareceram”, destacou.
Diony trafega mais frequentemente no pedaço da rodovia que liga as cidades de Arapoti e Curitiba, e segundo ele, chama atenção o quanto o trecho está danificado. “Tenho ficado impressionado como esse trecho decaiu nesses dois meses, tem muito buraco e muitos pedaços de veículos, são vestígios de diversos acidentes”, citou o advogado.
As concessionárias que prestavam serviços nas citadas rodovias paranaenses mantinham contratos de concessão com o estado há mais de 23 anos. Após o fim dos contratos, o governo do estado é que ficou responsável pela manutenção das rodovias estaduais, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, responsável por cuidar das rodovias federais. Também houve contratação de serviço de atendimento com guincho, e a administração estadual, com apoio das forças de segurança e de equipes de atendimento de saúde, devem cuidar da segurança dos usuários e da trafegabilidade nas pistas.
Foto: Sandro Adriano Carrilho