Da Assessoria
Ponta Grossa – Era março de 1983. Iniciavam as atividades da primeira turma do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Ao longo dos 40 anos seguintes, passaram pelas carteiras da instituição cerca de 1750 engenheiros agrônomos, que hoje atuam em empresas, organizações, institutos de pesquisa e universidades, nas mais diversas áreas voltadas à produção agrícola. A comemoração das quatro décadas de atuação foi marcada por uma cerimônia na abertura da 13ª Semana Acadêmica de Agronomia (Semanagro).
Sorrisos, emoção, memórias. A manhã de segunda-feira (21 de agosto) ficou marcada para quem viveu a história do curso e para quem é o presente e futuro da profissão. O auditório do Centro Integrar estava cheio de alunos de todos os anos do curso, egressos que atuam nas mais diversas áreas, professores e servidores que atuam na Universidade atualmente e professores aposentados que deixaram sua marca na instituição. Ovacionados em pé, não tinha um olho seco dentre os professores aposentados perfilados na frente do público.
“Hoje me preparei para vir aqui como se tivesse vindo para uma aula. Coloquei minha botina velha, minha calça jeans, trouxe meu boné, fiz tudo aquilo que fazia quando era professor”. Após alguns anos de aposentadoria, o professor Altair Justino estava ansioso por rever colegas, conhecer novos professores (muitos dos quais foram seus alunos) e os atuais alunos de graduação. Ele, que foi o primeiro coordenador do curso de Agronomia, relembra com carinho da trajetória do curso e se orgulha de fazer parte dessa história. “Me sinto realizado, com dever cumprido da minha parte”, avalia. “Foram muitas batalhas e muitas conquistas. A gente vê o curso nesse patamar e se sente bastante feliz com tudo o que aconteceu”.
A programação da Semana Acadêmica, neste ano, foi pensada especialmente para comemorar o aniversário. Como conta o presidente do Centro Acadêmico, Murilo Freitas, as atividades do evento foram ministradas por egressos do curso ou com pessoas relacionadas à Universidade. As palestras e oficinas abordaram temas como o manejo da cevada cervejeira nos Campos Gerais, sementes de milho, fitopatologia, plantio direto, bioinsumos, consultoria agronômica, agronegócio, empregabilidade, cultivo orgânico de hortaliças, pesquisa e desenvolvimento de defensivos agrícolas, plantabilidade e regulagem de semeadoras, tecnologia de aplicação e uso de drones agrícolas, e coleta de solos para análises químicas e físicas.
Formação de qualidade
“O curso de Agronomia é uma das estrelas da UEPG”, comemorou o coordenador do curso, professor Luiz Cláudio Garcia. “Nossa responsabilidade é entregar profissionais qualificados para a sociedade, que tanto investe no ensino público de qualidade”. O professor Adilson Chinelatto, diretor do Setor de Engenharias, Ciências Agrárias e Tecnologia, enfatizou a alta qualidade da graduação, demonstrada em resultados máximos nas avaliações, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), em que o curso obteve nota máxima (5) em seis avaliações consecutivas. “Os desafios enfrentados não foram poucos e a gente vê o quanto vocês batalharam para que fosse possível oferecer um curso de altíssima qualidade”.
“Todo mundo tem orgulho de dizer que é formado em Agronomia pela UEPG”, comemora o chefe do Departamento de Ciências do Solo e Engenharia Agrícola, professor Pedro Henrique Weirich Neto. Para ele, é um orgulho poder contribuir com a história do curso e com a formação de milhares de profissionais. Para o professor Rodrigo Rodrigues Matiello, chefe do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, essa trajetória do curso de Agronomia é marcada por dedicação e pela superação das divergências. “Quando exigimos bastante dos alunos na graduação, é porque queremos visualizar lá na frente os excelentes profissionais que sempre formamos”, declarou.
História e pioneirismos
O início do curso foi resultado de um processo interno em 1976, na gestão do reitor Odeni Villaca Mongruel, com autorização para implantação em 1982, sob o reitor Daniel Albach Tavares. Primeiro, as atividades aconteciam no Campus Centro da UEPG. Com a criação do Campus Uvaranas, em 19 de agosto de 1985 o curso recebeu um espaço didático, o Bloco F, construído com a tecnologia de solo-cimento, material de construção ecológica desenvolvido pela UEPG.
“A conquista do Bloco foi um marco. Começamos a criar raiz”, brinca o professor Altair. Ao redor, quase nada: no Campus só haviam sido construídas a pista de atletismo e a piscina, esta última inaugurada no mesmo dia que os Blocos de Agronomia e Engenharia Civil. O Colégio Agrícola Augusto Ribas (CAAR), construído em 1937, ainda era praticamente inacessível, visto que não havia ponte ligando os dois espaços do Campus por sobre a linha do trem.
Outro espaço importante é a Fazenda Escola Capão da Onça (Fescon). Com cerca de 312 hectares, foi criada em 01 de abril de 1985, para desenvolver atividades de ensino, pesquisa, extensão e produção. No espaço, há áreas agrícolas e criação pecuária; um grande laboratório para as atividades dos cursos da UEPG.
O curso de Agronomia tem uma trajetória de pioneirismos, segundo o professor Altair. “Fomos o primeiro curso a aplicar um teste seletivo para contratação de professores e os primeiros a exigir que os alunos desenvolvam um Trabalho de Conclusão de Curso ao final da graduação”, lembra.