Polícia Civil prende suspeito de devastar 106 hectares de Mata Atlântica
Homem de 31 anos é apontado como autor de um dos maiores crimes ambientais já registrados no Paraná; área destruída incluía nascentes, margens de córregos e espécies ameaçadas de extinção.
Da Redação*
Rio Azul – A Polícia Civil do Paraná (PCPR), em ação conjunta com o Batalhão de Polícia Militar Ambiental, cumpriu na manhã desta quinta-feira (6) um mandado de prisão preventiva contra I.M., de 31 anos, suspeito de promover um dos maiores crimes ambientais já apurados no Estado. O homem é investigado pela destruição de cerca de 106 hectares de Floresta Ombrófila Mista, bioma característico da Mata Atlântica, em Rio Azul, na região Centro-Sul do Paraná.
A prisão foi efetivada após o investigado comparecer espontaneamente à Delegacia de Rebouças, acompanhado de advogado. No dia anterior (5), ele havia fugido de uma perseguição policial durante o primeiro cumprimento do mandado, em sua residência na zona rural de Rio Azul.
De acordo com a PCPR, o suspeito foi indiciado por crimes previstos nos artigos 38 e 38-A da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), que tratam da destruição de vegetação primária ou secundária em estágio médio ou avançado de regeneração, além de responder por falsificação de documento particular (art. 298) e fraude processual (art. 347) do Código Penal.

As investigações apontam que I.M. teria promovido a devastação de forma intencional e continuada, utilizando métodos altamente destrutivos, como corte com motosserra, envenenamento de árvores com produtos químicos e uso de fogo para eliminar a vegetação remanescente. A área degradada incluía Áreas de Preservação Permanente (APPs), como nascentes, margens de córregos e áreas úmidas, afetando espécies nativas vulneráveis — como Cedro, Canela-preta e Imbuia — e outras em perigo de extinção, como Araucária e Xaxim.
Perícia realizada pela Polícia Científica do Paraná confirmou a gravidade e a extensão dos danos ambientais. Em laudo técnico, o Instituto de Criminalística destacou que a destruição apresenta “dimensão e intensidade com poucos precedentes entre os crimes ambientais recentes do Estado”. O documento ainda apontou que o uso de produtos químicos dificulta a detecção por monitoramento aéreo, tornando o crime mais sofisticado e de longo prazo.
Durante as apurações, a polícia constatou que o investigado apresentou um contrato de arrendamento rural falso, datado de novembro de 2023, supostamente para transferir a responsabilidade pelos danos a um trabalhador que atuava como caseiro. A falsificação configurou os crimes de fraude processual e falsificação de documento particular.

A Polícia Militar Ambiental lavrou quatro autos de infração contra o suspeito, somando multas de R$ 862 mil. Além disso, surgiram indícios de redução de pessoa à condição análoga à de escravo, já que um trabalhador teria sido mantido em condições degradantes e com restrição de liberdade. O caso foi encaminhado à Polícia Federal e ao Ministério Público do Trabalho.
Após os trâmites legais, I.M. foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanece à disposição da Justiça.
O delegado Thiago França Nunes, responsável pelas investigações, destacou o trabalho conjunto entre as forças policiais e reforçou o compromisso das instituições com o combate aos crimes ambientais. “A prisão demonstra o comprometimento das forças de segurança na proteção do meio ambiente e na responsabilização daqueles que promovem sua destruição”, afirmou o delegado.
