*Da Redação
A brutalidade não resumiu apenas na morte do filho autista, mas em maus-tratos a um animal que apresentava fratura exposta e estava muito magro. O caso que continua sendo investigado, teve novos desdobramentos após a Polícia Civil em Ponta Grossa cumprir mandado de busca e apreensão na residência onde morreu o jovem autista Rômulo Luiz Fernandes Borges, de 19 anos. A intenção dos policiais é esclarecer completamente sua morte.
A principal suspeita é que o local do crime tenha sido adulterado antes do acionamento do SAMU.
De acordo com o delegado Luis Gustavo Timossi, que esteve na casa acompanhado de equipes do setor de homicídios e do Instituto de Criminalistica, tudo indica que o local foi adulterado visando prejudicar a colheita de provas pelos órgãos policiais.
No quintal da residência foram encontradas roupas e cobertas que, acredita-se, eram as que verdadeiramente estavam sendo utilizadas pela vítima, motivo pelo qual os objetos foram apreendidos. Ainda no momento de cumprimento do mandado verificou-se que o mãe e o padastro de Rômulo tinha um cachorro que, de acordo com os vizinhos, teria sido atropelado recentemente, sem que o casal tutor tenha prestado os cuidados necessários para sua recuperação.
Infelizmente, o animal estava com fratura exposta e muito magro. Imediatamente foi acionado o resgate, que recolheu o animal para que os cuidados necessários fossem realizados. Por conta de tal fato, o casal deverá responder ainda por maus-tratos a animais.
Entenda o caso
Foi questão de horas a prisão de padrasto e a mãe de um autista de 19 anos morto na manhã de sexta-feira (18).
De acordo com as informações coletadas, a vítima era mantida em condições degradantes na residência do casal, vivendo em um quarto instalado em um banheiro desativado, com teto mofado, infiltrações, sem iluminação e sem condições de higiene, tendo sido relatado, ainda, que o jovem seria amordaçado quando entrava em crises.
Inicialmente, por restar comprovado que a vítima era maltratada em sua residência e teve sua integridade física exposta a perigo, fato que ensejou sua morte, ambos os investigados foram autuados pela prática do crime de maus-tratos com resultado morte na tarde de sexta-feira. O crime que eles responderão está previsto no art. 136, §2º do Código Penal, cuja pena pode chegar a 12 (doze) anos de prisão. Padastro e mãe foram recolhidos à Cadeia Pública Hildebrando de Souza.
De acordo com o delegado Luís Gustavo Timossi, que presidiu a ocorrência, embora haja forte suspeita de que o jovem Rômulo tenha sido assassinado por seu padrasto, há necessidade de maior aprofundamento das investigações para completo esclarecimento dos fatos, motivo pelo qual os investigados poderão ser ainda indiciados por homicídio.
O delegado esclareceu que desde a notícia da morte, a Polícia Civil iniciou as diligências visando esclarecer os fatos, que resultaram na forte suspeita de que a vítima vinha sendo submetida a agressões constantes pelo menos desde o ano de 2018, quando deixou de frequentar um centro especializado de autistas após sua mãe ser confrontada por profissionais do local. Na ocasião, os profissionais teriam constatado o surgimento de lesões no corpo do jovem, motivo pelo qual as investigações devem avançar ainda mais, visando verificar até mesmo a prática de tortura.
O delegado explicou, na ocasião, que embora a mãe do jovem não estivesse na residência no momento de sua morte, em razão da existência de suspeita de que a vítima era agredida de forma recorrente pelo padastro e a mãe nada teria feito nada para cessar as agressões, esta poderá vir a ser responsabilizada por ter se omitido ao proteger o filho, um jovem extremamente vulnerável.
*Com assessoria