Luana Dias
Após o flagrante de distribuição de materiais de construção a partir de um imóvel público do município, feito por moradores de Castro na última sexta-feira (6), ação semelhante acabou se tornando alvo de denúncias protocoladas junto ao Ministério Público. Nesta segunda-feira (9), a reportagem teve acesso a gravações feitas por testemunhas, que tiveram diálogos que confirmam se tratar de compra de votos. Vale destacar que as doações ocorrem em fase decisiva da campanha eleitoral para as eleições municipais e que falta menos de uma semana para que os eleitores tenham a oportunidade de escolher seus representantes.
Nos áudios, enviados à reportagem, e que também foram usados na denúncia efetuada esta semana, uma testemunha afirma que os materiais foram doados para que uma beneficiária os empregasse na reforma de uma loja, cita-se a doação de pelo menos 20 embalagens de cimento, treliças e cal, e o fato de as doações só ocorrem por ser época de eleições.
Sobre o flagrante feito na sexta-feira
Os materiais de construção foram retirados do antigo Educandário Manuel Ribas e entregues gratuitamente a moradores de um bairro no subúrbio do município. De acordo com testemunhas ouvidas pela reportagem, e que pediram para não ser identificadas na matéria, o objetivo das doações é a compra de votos. Conforme os relatos, o imóvel que atualmente é destinado para atividades de contraturno escolar, vem sendo usado como depósito para os materiais. No local foram feitos vídeos que mostram o carregamento de alguns desses objetos de doação.
Em um dos vídeos aparece uma mulher, que acompanha o carregamento de tijolos, enquanto conversa com pessoas que estão no local. Ela segura um papel que contem o brasão da prefeitura de Castro na mão, e menciona outra entrega que deverá ser feita. Segundo ela, o próximo carregamento será formado por 86 tábuas, oito vigas, 30 telhas (Eternits), 69 safarros, oito caibros, três pacotes de prego, quatro barras de ferro, quatro pacotes de cal e quatro pacotes de cimento. A lista de materiais consta justamente na folha, que tem o brasão da prefeitura. Vídeos gravados no mesmo local também mostram grande quantidade de tijolos, telhas, madeiras, pedra e areia armazenados.
A reportagem foi até a casa de uma família, apontada pelas testemunhas como uma das beneficiadas pelas doações. Na frente da moradia, estava parte dos materiais de construção quando a reportagem chegou, e, ao ser questionado, o morador confirmou se tratar de doação, de uma pessoa chamada por ele, apenas de ‘Carol’. Segundo as testemunhas, Carol é uma assistente social, servidora da prefeitura de Castro, e que vem intermediando as doações.
O morador também confirmou que sua irmã ganhou materiais de construção. Ele afirmou ainda que seus materiais tinham sido doados há cerca de dois anos, porém, ele não teria tido condições de pagar pelo frete antes. No entanto, conforme a mulher que acompanha as entregas afirma para uma das testemunhas, o material chegou recentemente no ‘depósito’ (Educandário).