Da Redação
O caso envolvendo a denúncia feita ao Ministério Público Estadual MPPR – promotoria de Patrimônio Público – pela comerciante Josemeri Ferraz da Silva onde aponta que a candidata à prefeitura de Carambeí, pela Coligação ‘Nossa Terra, Nossa Gente’, Elisangela Pedroso e seu pai Alci Pedroso estão envolvidos em esquemas de desvios de cestas básicas, teve um novo capítulo neste final de semana em Carambeí.
Após o caso vir à tona com a publicação de matéria na edição nº 3399 deste jornal, sexta-feira (06), a candidata Elisangela tentou desqualificar a denúncia e publicou em suas redes sociais conversas gravadas por ela em contato com a denunciante, envolvendo, inclusive, o candidato a vereador Márcio Taques, o qual ela acusa de estar envolvido na situação e de que ele teria emprestado dinheiro para Josemeri, como forma de incentivar que ela realizasse a denúncia.
Josemerei, por sua vez, gravou um vídeo onde rebate os ataques disseminados por Elisangela. “A candidata Elisangela Pedroso no intuito de desviar o foco e atenção para os crimes graves que ela cometeu lá atrás, fez umas montagens e está tentando desviar a atenção das pessoas”, aponta.
“O fato é que não pedi dinheiro emprestado para ninguém, trabalho das 7h30 às 23 horas, inclusive domingo se for preciso, todo mundo sabe, para honrar meus compromissos, tanto é que se eu tivesse ganhado dinheiro teria quitado minhas contas, estava faceira, mas não, eu prefiro trabalhar”.
Desespero
A denunciante avalia que bateu o desespero na candidata. “Quando ela soube que eu tinha contado tudo sobre as falcatruas que ela estava envolvida, ela mandou pessoas me procurar para que eu mudasse de lado, para que eu fosse para o lado dela, cercou meu marido na rua, para que ele me convencesse a mudar de ideia, porque ela sabia da gravidade dos fatos que eu estava expondo. Mas eu não me intimidei, eu sabia que aconteceria isso, porque eu não quero que a nossa cidade volte a ser como era no mandato deles lá atrás”, relata.
Ataques
De acordo com Josemeri, desde que veio a público a sua denúncia ao MP-PR, ela está sofrendo ataques nas redes sociais por pessoas ligadas ao grupo político de Elisangela. Ela ressalta no vídeo que não possui ligação com nenhum grupo político. “Só vim reforçar, o que falei é tudo verdade, ela [Elisangela] sabe disso, tanto é que ela tentou me inibir, não inventei e não aumentei, eu fui à única testemunha ocular de toda essa lambança, de toda essa sujeira. Ela tentou me desqualificar por pedir dinheiro emprestado. Não me envergonho de pedir dinheiro emprestado quando preciso, é muito melhor do que usar dinheiro público. Eu nunca precisei comer como ela comia e tirava nota de cesta básica. Eles tinham cargos, salários altos na prefeitura, e o que eles faziam? Nem para comer eles tiravam dinheiro do bolso, que já era dinheiro público. Eles tinham que fazer cambalacho, eles tinham que fazer compra o mês inteiro para no final do mês eu ter que ir lá e converter tudo em cestas básicas, para ficar que foram doadas as cestas básicas”, descreve.
“Não falei nenhuma mentira, denunciei no Ministério Público, porque eu posso falar com propriedade, sou a única testemunha ocular de toda essa lambança. Ela [Elisangela] que não venha querer desviar o foco da verdade, querendo jogar a culpa em mim. Eu não tenho cargo público, nunca fui funcionária pública, não tenho pretensão de ser, me convidaram para ser candidata à vereadora, não sai, não quero ser, tenho uma repulsa da política por tudo o que testemunhei lá atrás, a verdade é essa. Ela está tentando denegrir a minha imagem para que eu fique desacreditada, mas não, eu não tenho medo, eu nunca vi a pessoa ser punida por falar a verdade, eu só falei o que eu sabia, como era feito, e levei a conhecimento de todos. Quem ama a cidade não quer que a cidade retroceda.
Revelações
No vídeo Josemeri relata que de 70 cestas básicas, em média, apenas 40 cestas eram entregues a população carente do município, o restante ia tudo para a casa da família do Alci Pedroso. Ela conta como funcionava o esquema, “se no mês eram consumidos o valor total de R$ 8 mil, esse valor era dividido pelo valor da cesta básica, na época, não tenho certeza, R$ 37,90. Chegava ao número de cestas básicas, depois disso era emitida a nota fiscal das cestas básicas, era isso que acontecia”, relata.
“Posso dizer com propriedade, eles faziam festas, iam para praia, para quem ela [Elisangela] ligava, ela que desminta se eu estiver falando uma mentira. Ela ligava para a Jô, marca isso, aquilo, aquela carne, aquela cerveja, aquele uísque, manda aqui para casa, lá ia a Jô, eu trabalhava, era meu serviço atender eles”, conta.
Ameaças
Josemeri cita que está sendo procurada por inúmeras pessoas que estão demonstrando preocupação com sua integridade física e de sua família. “Quem mora há anos aqui sabe muita coisa, como as coisas aconteciam, então já fica aqui registrado, caso aconteça alguma coisa pra mim ou para alguns dos meus, vocês já saberão o motivo” desabafa.
“Não tenho de falar a verdade, de contar os fatos como realmente aconteceram. Não é uma denúncia anônima, que ninguém deu a cara, é uma denuncia de quem conviveu com a corrupção. Ela sabe que tudo que eu relatei aqui é verdade, não tem como ela negar”, finaliza.