Prêmio Crea-PR eng. Enedina Alves celebra protagonismo feminino nas Engenharias, Agronomia e Geociências no Paraná
Da Assessoria
Em uma noite marcada por emoção, reconhecimento e inspiração, o Crea-PR realizou a quarta edição da premiação que leva o nome da engenheira Enedina Alves Marques, formada no Paraná, que se tornou a primeira mulher negra engenheira no Brasil. O Prêmio, organizado pelo Comitê Mulheres do Crea-PR, com apoio da Mútua e CredCrea, reuniu na solenidade autoridades e convidados das homenageadas, no Instituto de Engenharia do Paraná, em Curitiba.
Enedina como símbolo e inspiração
A memória de Enedina foi lembrada logo na abertura como símbolo de luta e superação. O nome da engenheira dá identidade ao prêmio e reforça a importância da representatividade feminina na Engenharia, Agronomia e Geociências.
Falas destacam compromisso com equidade e valorização das mulheres engenheiras
O presidente do Crea-PR, eng. agr. Clodomir Ascari, destacou que o evento é fruto do trabalho e organização das mulheres do Sistema. “Esse evento é todo organizado por mulheres, e isso tem um significado enorme. Acompanho o trabalho nas Câmaras Especializadas e sei como não é fácil fazer a escolha das homenageadas indicadas, basta olhar o currículo de cada uma para perceber o capital intelectual que temos no nosso estado”, afirmou. Ele citou ainda o Programa Mais Engenharia, como um exemplo de ação pela equidade, pois metade das vagas que serão publicadas em edital é destinada às engenheiras.
Ascari também agradeceu a presença das autoridades, famílias e convidados e destacou o compromisso do Crea-PR com o combate à violência contra a mulher. “Desde que iniciamos o trabalho para obter o Selo de Boas Práticas no Combate à Violência contra a Mulher, temos nos empenhado em divulgar cada vez mais esse tema e incentivar sua adoção. Temos hoje 70 mil engenheiros registrados no Paraná, e, em nome de todos eles, parabenizo as homenageadas. É um motivo de muito orgulho dividir esse momento com vocês e com seus familiares”.

A secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Eng. Civ. Leandre Dal Ponte, destacou a relevância da homenagem realizada pelo Crea-PR às engenheiras paranaenses e parabenizou a iniciativa. “Essa é uma homenagem extremamente significativa. Parabéns ao Crea por reconhecer essas mulheres e suas trajetórias. É fundamental dar visibilidade a essas profissionais que tanto contribuem para a engenharia e para a sociedade”.
Ela celebrou a presença de homens e mulheres no evento, ressaltando a importância da atuação conjunta e equilibrada na busca por equidade. “Fico feliz em ver que temos aqui homens e mulheres reunidos. Só no trabalho unido, de forma harmônica e respeitosa, conseguimos avançar em igualdade”.
A secretária também mencionou o Selo de Boas Práticas no Combate à Violência contra a Mulher, auditado pela ABNT, destacando o compromisso institucional do Crea-PR com a pauta da proteção e da equidade de gênero. Em sua fala, Leandre ainda refletiu sobre a desigualdade de representação entre homens e mulheres na política e nos espaços de decisão, exemplificando com o número reduzido de deputadas em relação aos deputados. Ela destacou que, muitas vezes, as mulheres enfrentam barreiras internas e sociais para aceitar oportunidades, devido às construções de papéis sociais ainda muito presentes. “Quando falamos em políticas de igualdade, não podemos tratar os desiguais da mesma forma. Precisamos compreender essas diferenças estruturais e trabalhar para corrigi-las com justiça”.
Representando o Confea pela região sul, e o presidente eng. telecom. Vinícius Marchese, a eng. civ. seg. trab. Caroline Burtet reforçou a relevância da premiação. “Parabéns pela condução desse Prêmio, é uma honra poder acompanhar esta noite. Em nome do presidente Vinícius, afirmo que o Crea-PR é exemplo em muitos aspectos, e este Prêmio é um deles”. Ela destacou ainda o motivo que a levou para a engenharia. “Eu vim para a engenharia por inspiração. A Enedina mostrou que é possível uma mulher ser engenheira onde e na área de atuação em que quiser e vocês mostram isso hoje. Temos que valorizar esse exemplo e permitir que mais meninas consigam enxergar a Engenharia como uma profissão que podem, sim, seguir”.
A coordenadora do Comitê Mulheres do Crea-PR, eng. agr. Losani Pertotti, agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância simbólica do prêmio. “É uma honra representar o Comitê nesta noite pois esta premiação carrega um significado profundo. Enedina, como mulher e negra, enfrentou muitos desafios para conseguir estudar e exercer sua profissão em um ambiente dominado por homens brancos. Ao homenagearmos essas profissionais com seu nome, estamos valorizando o protagonismo e reconhecendo trajetórias que merecem visibilidade”.
Losani também destacou a missão do Comitê Mulheres. “O nosso objetivo é fortalecer e dar evidência às mulheres que atuam nessas áreas. Ao fazer isso, encorajamos outras meninas e mulheres a seguirem essas carreiras e lutarem por espaços de igualdade. Como vimos no vídeo do Comitê, somos 50% da população, mas apenas 20% entre as engenheiras, 17% dos registros no Crea-PR e 19% no plenário.”
A coordenadora ainda fez questão de registrar os agradecimentos pela organização. “Quero destacar o apoio do presidente Clodomir, da nossa vice-presidente Margolaine, das engenheiras da comissão organizadora, da assessora Vivian Baêta de Faria, do Claudemir Prattes, pelo Departamento de Relações Institucionais, de todo apoio da Comunicação, coordenada pela Mariza Medeiros e pela Ana Flávia Bassetti. Estamos na quarta edição do Prêmio e, a cada ano, nos surpreendemos com a qualidade das trajetórias profissionais no Paraná. Espero que, como fez Enedina, possamos ser exemplo e inspiração para outras mulheres. Parabéns a todas as Enedinas desta noite”.
Compromisso com os ODS e com a transformação social
A vice-presidente do Crea-PR, coordenadora do Comitê de Certificação do Selo da ABNT de Combate à Violência contra as Mulheres e integrante do Comitê Mulheres, eng. civ. Margolaine Giacchini, também homenageou as profissionais. “Parabenizo todas as profissionais desta noite. Vocês são exemplo e inspiração para todas nós, e para toda a sociedade. Muito obrigada por nos inspirarem.”
Ela destacou ainda o compromisso institucional com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. “O Selo de Boas Práticas no Combate à Violência contra a Mulher é uma das nossas principais frentes. Estamos em busca da certificação Platina, e isso mostra o quanto o Crea está alinhado aos ODS e comprometido com a construção de uma sociedade melhor. O combate à violência contra a mulher é uma necessidade, mas também precisamos lutar contra todas as formas de violência para termos uma sociedade mais justa e mais feliz.”
Representando a Mútua-PR, o diretor-geral eng. eletric. Edson Dalla Vecchia destacou o compromisso da entidade com as profissionais. “É uma alegria estarmos mais uma vez neste evento, que tem tanta beleza e significado. É uma honra poder homenagear essas profissionais exemplares. A Mútua faz questão de participar deste prêmio. Hoje, oferecemos 18 benefícios às associadas, e três são exclusivos para mulheres: Empreender Mulher, Auxílio Maternidade e Auxílio Creche, pensados para apoiar a mulher em diversas fases da vida relacionadas à maternidade. Só existem vantagens em ser associada. Desejo uma noite especial às homenageadas. É uma satisfação poder contribuir.”
Representando a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros – Fisenge, a diretora da Diretoria da Mulher da entidade, eng. quím. Simone Baía, destacou a dimensão política da homenagem. “Hoje é uma noite de celebração e de afirmação da memória coletiva das mulheres brasileiras. A Fisenge trabalha há 17 anos nessa pauta, com destaque para os acordos coletivos. O Paraná foi o primeiro estado a incluir a prevenção à violência contra a mulher nesses acordos.”
Ela também ressaltou a atuação da Fisenge em outras pautas sociais. “Trabalhamos com questões de gênero, raça, diversidade e saúde mental para engenheiros e engenheiras. Esta noite é uma celebração da memória da primeira engenheira negra do Brasil, mas também da luta de todas nós. Chamo os homens a se somarem, porque essa é uma luta da sociedade. Quando uma mulher avança, toda a sociedade avança.”
Protagonismo feminino em destaque
A noite contou ainda com a palestra da professora e pesquisadora Dra. Luciana Panke, autora do livro Caminhos para o Protagonismo Feminino. Ela celebrou o espaço de fala e de escuta construído no evento. “Fiquei muito feliz com a participação de tantos homens nesta noite. Isso mostra que esse tema é, sim, coletivo. O protagonismo feminino se constrói com o envolvimento de todos, e momentos como este são fundamentais nesse processo”.

Dra. Luciana Panke, especialista em Comunicação Pública e de Gênero, reforça que o protagonismo feminino não é construído individualmente, mas em rede, por meio de reconhecimento, representatividade e espaços de fala. Em suas palestras e em suas obras, defende que “ninguém é protagonista se não for percebido como tal”, e por isso é essencial dar visibilidade às trajetórias de mulheres que rompem barreiras e inspiram outras. Para Luciana, a presença feminina em ambientes historicamente masculinos, como a engenharia, não deve ser vista como exceção, mas como um direito legítimo, que precisa ser sustentado por políticas institucionais de equidade e por narrativas que valorizem essas conquistas. O protagonismo, segundo ela, nasce da combinação entre competência, oportunidade e reconhecimento social.
Homenageadas
As homenagens foram entregues pelo presidente do Crea-PR, eng. agr. Clodomir Ascari, pela coordenadora do Comitê Mulheres, eng. agr. Losani Pertotti, pela secretária estadual Leandre Dal Ponte, pela presidente em exercício do Senge-PR, eng. cartógr. Ágatha Branco e pelas conselheiras engenheiras Maria Cristina Graff e Sandra Cabel.
Engenheira Cartógrafa Paula Foltran De Azevedo Hamerschmidt

Em seu discurso, Paula expressou gratidão ao Crea-PR e ao Comitê Mulheres pela realização de um evento tão importante — e, segundo ela, surpreendente também pela quantidade de engenheiros presentes.
“Sou muito feliz pelo convívio com todos os engenheiros e engenheiras que partilharam minha trajetória. Hoje o sentimento é de alegria e muita gratidão à minha família — meu marido e meus filhos, que sempre me apoiaram e estiveram ao meu lado. Agradeço também aos meus pais, que, apesar da simplicidade com que me criaram, sempre me deram liberdade e disciplina, sem fazer qualquer diferença entre mim e meu irmão. As oportunidades foram as mesmas.”
Sobre sua trajetória profissional, Paula destacou sua atuação na Sanepar. “Na Sanepar, considero que estou trabalhando para a infraestrutura e o desenvolvimento do Paraná, com projetos de água potável e saneamento. A empresa me proporcionou crescimento na carreira, principalmente no planejamento. Agradeço o apoio da empresa, da família, das amigas, do Crea e dos colegas. E parabenizo também minhas colegas homenageadas.”
Engenheira Civil Margaret Mussoi Luchetta Groff

Com grande emoção, Margaret começou seu discurso destacando o sentimento ao ser escolhida. “Parabéns à Comissão que fez a escolha das homenageadas. Quando a Losani me ligou, fiquei tão feliz que demorei a absorver. Receber uma homenagem da minha casa, do Crea, é muito importante.”
Ela compartilhou um pouco da sua trajetória, desde a época de estudante até a carreira na Itaipu. “Sou imensamente grata ao meu pai, à minha mãe, ao meu irmão e cunhada, que sempre me apoiaram e me inspiram. Na Itaipu, tive muitas oportunidades. No início, em 1987, éramos apenas três mulheres e muitos homens. Foi um enfrentamento difícil, mas, quando cheguei a cargos de liderança, pude empoderar e levar mais mulheres junto comigo.”
Margaret fez questão de lembrar o papel de Jorge Samek, presente no evento, que foi presidente da Itaipu durante a gestão em que ela recebeu o Prêmio da ONU Mulheres e, posteriormente, também foi reconhecida por uma comissão ligada ao Nobel da Paz.
“Estou aposentada desde 2017, mas hoje recebo um prêmio da minha casa, com muita honra. Estou profundamente emocionada com a presença da minha família e dos amigos que vieram me prestigiar. Dedico esse momento aos meus dois filhos, que também são engenheiros e dos quais tenho muito orgulho.”
Engenheira Eletricista Regine Baptista Venturi

Regine iniciou seu discurso contando que nasceu em uma família de engenheiros — tanto do seu lado quanto da família do marido. “Sempre tive apoio para seguir na carreira, viajar, estudar longe. Um professor me ensinou que a engenharia constrói, mas mais do que isso, ela é colaborativa. Não é só cálculo. A engenharia é solução de problemas com base na cooperação.”
Ela refletiu sobre o papel da engenharia na sociedade e sobre o futuro da profissão. “Em tudo que vemos, existe engenharia. Me apaixonei pela área por isso. Mas hoje temos um déficit de engenheiros no país, e fico pensando: como será o futuro? Precisamos trabalhar juntas para pavimentar o caminho das que estão vindo. Espero que cada vez mais mulheres possam ver isso e se apaixonar também.”
Engenheira Florestal Valéria Mariano da Silva

“Agradeço ao Crea e aos conselheiros que me indicaram, à minha entidade e aos meus colegas. Como mulher e como mulher negra, me sinto profundamente honrada com esse Prêmio. A engenharia é um trabalho coletivo, e mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaria, escolhi seguir esse caminho. Espero inspirar outras meninas e mulheres, para que vejam que elas também podem.”
Engenheira de Produção Mecânica e de Segurança do Trabalho Flávia Scheleider Aiçar de Suss

Muito emocionada, Flávia fez seu discurso. “Quero agradecer a todas as pessoas que passaram pela minha vida, que me inspiraram e não deixaram eu desistir. Enquanto ouvia as falas, vieram muitas memórias. Agradeço à minha família, que está aqui, e ofereço esse prêmio às duas Enedinas da minha vida: minha mãe e minha irmã Daniele, com quem divido minha vida e trabalho junto.”
Ela relatou como foi receber a notícia da homenagem. “Quando recebi a ligação, fui contando tudo o que fazia, e a Losani me disse: ‘Você não entendeu, você já ganhou’. Isso mostra nossa dificuldade em receber reconhecimento. Estamos acostumadas a apenas trabalhar, arregaçar as mangas e fazer acontecer.”
Flávia compartilhou episódios marcantes de sua trajetória. “Na primeira indústria em que trabalhei, tive que usar um uniforme masculino enorme. Me disseram: ‘Você vai usar isso porque aqui somos todos homens’. Muitas vezes tivemos que, como Enedina, colocar o pé na porta, entrar, participar da reunião, da parada, da operação — e mostrar que nós estávamos ali.”
Engenheira Química e de Segurança do Trabalho Rejane Terezinha Afonso Pries

Rejane foi a primeira mulher a gerenciar uma fábrica de cimento no Brasil. Em sua fala, ela agradeceu a todos os presentes. “Obrigada a todos os meus amigos, às pessoas com quem trabalho, à minha família, à minha mãe, meu marido e minhas filhas.”
Ela relembrou momentos difíceis da carreira. “Quando fui fazer meu primeiro estágio, o anúncio dizia ‘somente para rapazes’. Fui mesmo assim tentar participar da seleção. O responsável me disse que não gostava de trabalhar com mulheres, mas me deu uma chance por achar que eu tinha me saído melhor do que todos os homens na entrevista. Era um teste”. Rejane lembrou que, muitas vezes, teve que se vestir como homem para ser aceita nos ambientes onde trabalhava.
“Minha grande referência para este prêmio é minha mãe, minha Enedina. Ela sempre foi protagonista da própria vida e me ensinou a ser a protagonista da minha também. Receber este prêmio é uma grande honra.”
Engenheira Agrônoma Mariângela Hungria da Cunha
A engenheira Mariângela foi homenageada, mas não pôde estar presente na cerimônia.
Consulte aqui o currículo completo das premiadas.
Homenagem às coordenadoras do Comitê Mulheres do Crea-PR
O Crea-PR também prestou uma homenagem especial às engenheiras que já coordenaram o Comitê Mulheres no estado, reconhecendo a contribuição de cada uma para o fortalecimento da equidade de gênero no Sistema.
Foram homenageadas as engenheiras Célia Neto Pereira da Rosa, Margolaine Giacchini, Márcia Helena Laino, Daniela Alves dos Santos, Karlise Posanske da Silva, Adriana Baumel e Losani Perotti.