Agência Estadual de Notícias
O público que visitar o Museu Oscar Niemeyer pode conferir duas exposições inéditas: Yutaka Toyota – O Ritmo do Espaço e Fernando Velloso por ele mesmo. O MON reabriu no sábado (09) seguindo todas as orientações de segurança determinadas pela Secretaria de Estado da Saúde.
A exposição Fernando Velloso por ele mesmo é uma homenagem do MON aos 90 anos de vida do artista curitibano, que segue na ativa. A mostra, com curadoria de Maria José Justino e Fernando Bini, está aberta para visitação na Sala 1.
O público pode contemplar seu primeiro trabalho premiado no tempo da Escola de Belas Artes, a produção influenciada por sua passagem a Paris, onde estudou com um dos maiores mestres do Cubismo, passando pelo despontar do apelo irresistível do Abstracionismo e a prolífica produção, até as obras mais recentes.
Com mais de 70 anos de vida dedicados à arte, Fernando Velloso enriquece o acervo do MON com quatro obras de sua autoria: Grande Composição em Azul, Evocação de Elementos Simbólicos, Totem da Floresta e Partida em Busca do Imaginário.
“A exposição apresenta a inquietude existente em todo o percurso artístico rigoroso e inovador de Velloso”, diz a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Como artista, teórico e crítico de arte ou produtor em todas as áreas da cultura, ele sempre foi um grande influenciador da renovação, do vanguardismo”, comenta.
Para a superintendente de Cultura, Luciana Casagrande Pereira, Fernando Velloso é um artista fundamental dentro da narrativa da arte paranaense, que sempre merece ser (re)descoberto.
“Inconteste, Velloso completou 90 anos com uma juventude invejável. Na vida dos mortais, diferencia-se como uma pessoa inteligente, culta, com um senso de humor singular. No mundo da arte, continua um artista radical, sem concessões, mão e olho cada vez mais apurados, numa entrega plena ao ato de pintar”, concordam os curadores Fernando Bini e Maria José Justino.
O próprio artista define sua pintura como “uma escada”, explicando que cada nova obra tem uma referência da anterior. “Uma vida talvez seja pouco para fazer um bom quadro, de modo que não se pode ficar pulando de um galho a outro. O artista precisa manter a coerência até o fim da vida, principalmente porque de um momento em diante já não tem mais espírito para aventuras perigosas”, afirma Velloso.
Desde muito cedo, Fernando Velloso teve afinidade com o desenho. Essa aptidão levou-o a se matricular na primeira turma de pintura, em 1948, da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde teve aulas com o artista italiano Guido Viaro. Formou-se também em Direito na Universidade Federal do Paraná, em 1955.
Em Paris, estudou na academia do renomado artista e teórico cubista André Lhote, com quem aperfeiçoou seu processo de estudo e trabalho. Após passar pelo Expressionismo de Guido Viaro e pelo Pós-Cubismo de André Lhote, Velloso ficou encantado pela matéria e pela cor, características da Abstração. E são essas as marcas principais de suas obras.
Na década de 1980, Velloso foi além: passou da reprodução da textura, criada até então pelo excesso de tinta, para o uso da renda, por exemplo.
A contribuição de Fernando Velloso para a arte e a cultura paranaense não se limitou à sua produção artística. Participou ativamente de comissões organizadoras em salões de arte e mostras coletivas e foi um dos protagonistas do Movimento de Renovação, que culminou com o Salão dos Pré-Julgados, realizado em decorrência do 14° Salão Paranaense, em 1957.
Ao voltar da França, em 1961, ele passou a atuar como gestor em órgãos culturais do Estado e de Curitiba. Um destaque foi a criação e coordenação do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC).
O MON agradece aos colecionadores e a outras instituições (como MAC, Musa, Margs, Muma e Tribunal de Justiça do Paraná), que gentilmente cederam obras de seus acervos para esta exposição e contribuíram para que o público possa conhecer o conjunto dos melhores trabalhos de Fernando Velloso.
YUTAKA – A premiada exposição Yutaka Toyota – O Ritmo do Espaço está na Sala 4 do MON. Escultor, pintor, desenhista, gravador e cenógrafo, o artista é também um dos pioneiros do movimento cinético internacional e da arte interativa.
A exposição, com o patrocínio da Vonder e curadoria de Denise Mattar, apresenta 86 obras, uma instalada na área externa do MON. Embora seja retrospectiva do artista, que completará 90 anos em 2021 e continua em pleno vigor criativo, a mostra não é estruturada de forma rigidamente cronológica. Contempla trabalhos produzidos a partir dos anos 1960 em diversos suportes e recebeu, em 2018, o prêmio de Melhor Retrospectiva do Ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
“Toyota é um artista múltiplo, muito importante para a arte japonesa e mundial, cuja obra dialoga com muito do que o sucedeu. Pioneiro no mais preciso sentido do adjetivo”, diz a superintendente da Cultura, Luciana Casagrande Pereira.
“O espetacular cinetismo proposto pelo artista nos encanta e nos conecta com suas obras”, diz a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Premiado internacionalmente, com obras em importantes coleções de vários museus no mundo e mais de 100 monumentos instalados em locais públicos, Toyota usa o movimento de estruturas como linguagem artística numa produção espetacular e exemplo de vivacidade”, completa.
Juliana comenta que a mostra dialoga com a exposição Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses, que está na sala ao lado (5) e cujas obras fazem parte da maior coleção de arte asiática da América Latina, incorporada ao acervo do MON recentemente. A exposição está alinhada com o Marco Referencial do museu, que estabelece diretrizes para constituição do acervo da instituição.
“Esse documento orienta a atuação do MON em artes visuais, arquitetura e design, com ênfase em arte paranaense e brasileira, mas também expande a sua missão à formação de acervo de arte africana contemporânea, latino-americana e asiática”, afirma Vosnika.
OUTRAS MOSTRAS – Também estão em cartaz no MON as exposições Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses – Segunda Edição; Tony Cragg – Espécies Raras; Gente no MON, de Dico Kremer; A Violência sob a Delicadeza, de Vera Martins; O Mundo Mágico dos Ningyos; Luz ≅ Matéria; África, Mãe de Todos Nós; Museu em Construção; Espaço Niemeyer; Cones e obras do Pátio das Esculturas.
COVID-19 – Em 2020, devido à pandemia, o MON ficou fechado ao público no período de 17 de março a 16 de outubro e, depois, após 06 de dezembro. Entre as várias medidas adotadas na reabertura está o limite de pessoas para visitação nas salas expositivas e em todo o museu para garantir o distanciamento seguro. O material impresso, como guias e folders, foi substituído por versões digitais, disponíveis por QR codes. O protocolo detalhado está disponível no site da instituição (http://museuoscarniemeyer.org.br).