Dia das Mães no Ganhando o Mundo: orgulhosos, alunos e familiares celebrarão à distância
Alunos que participam do programa de intercâmbio da Secretaria de Estado da Educação (Seed) dizem que a saudade das mães é enorme, mas que estão realizando o sonho de estudar fora do Brasil. Para festejar o Dia das Mães domingo (11), estudantes e as mães vão trocar carinho por meio da internet.
AEN
Curitiba – Zaniele Chamberlain e Erick Cauã Desplanches costumam celebrar o Dia das Mães juntos, em Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba. Neste domingo (11), porém, mãe e filho estarão separados por mais de 7 mil quilômetros.
O motivo é nobre: desde fevereiro, o jovem de 15 anos de idade está em intercâmbio no Canadá por meio do programa Ganhando o Mundo. Assim como Erick, centenas de estudantes da rede estadual espalhados no globo passarão o Dia das Mães longe de casa pela primeira vez. Promovido pelo Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Educação, o Ganhando o Mundo é o maior programa de intercâmbio estudantil do Brasil.
Erick e Zaniele celebrarão o Dia das Mães por meio de uma videochamada. A situação é atípica para uma mãe acostumada a estar com o filho diariamente, tanto em casa quanto na escola – professora da rede estadual de educação, Zaniele leciona no Colégio Estadual Princesa Izabel, em Cerro Azul, onde Erick estuda. Há três anos, ela dá aulas de Ciências e Biologia para o próprio filho.
“Tem sido difícil lidar com a saudade do meu filho, porque ele sempre foi meu companheiro para todas as coisas. Me pego, às vezes, vendo fotos e vídeos dele para matar um pouquinho a saudade. É um misto de alegria e saudade ao mesmo tempo”, relata.
Em Bridgewater, no estado canadense da Nova Escócia, Erick compartilha o sentimento. “Ela é um ponto de partida, um ponto de impulso para mim. Às vezes estou passando por algum tipo de dificuldade, ela me dá um conselho e tira um peso que estava dentro de mim. Vou ficar muito feliz quando eu puder dar um abraço de novo na minha mãe”, afirma o adolescente.
O abraço entre Erick e Zaniele deve ocorrer a partir do final de junho, quando está previsto o retorno dos intercambistas do Canadá. Até lá, o que ameniza a distância de casa é a certeza de viver uma experiência única.
“Eu vejo o intercâmbio como o ponto inicial para ter um futuro brilhante pela frente. Sei que isso pode me ajudar muito em futuros empregos, universidades, esse tipo de coisa. Estou vivendo algo que eu nunca imaginei viver”, afirmou o jovem.
“A oportunidade de participar do Ganhando o Mundo está sendo incrível, e vai contribuir para muitos aspectos no desenvolvimento dele. Maturidade, responsabilidade, resiliência, empatia, tolerância, autoconhecimento e novas perspectivas para o aprendizado, principalmente no idioma”, acrescenta Zaniele. “E eu termino falando que amor de mãe é incondicional”.
Orgulho
O secretário de Estado da Educação, Roni Miranda, diz que o Ganhando o Mundo promove um sentimento de orgulho de pais e filhos. “Sabemos que muitas famílias estão transbordando de saudade e, ao mesmo tempo, de alegria e orgulho pelas conquistas de seus filhos. Nosso objetivo com o programa Ganhando o Mundo é justamente proporcionar experiências únicas aos estudantes que se destacam na rede estadual, permitindo que ampliem seus horizontes, tenham contato com novas culturas e aprimorem o domínio da língua inglesa”, aponta.
Desde sua primeira edição, em 2019, a iniciativa já beneficiou mais de 2,5 mil estudantes, além de diretores e professores da rede estadual. O investimento total no programa, que cobre passagens aéreas, bolsa-auxílio, emissão de passaportes e todo o suporte necessário para a viagem, ultrapassa R$ 500 milhões.
Neste momento, 775 estudantes paranaenses estão em intercâmbio pelo Ganhando o Mundo. O Canadá, com 500 intercambistas, é o destino mais comum dos estudantes. Outros 200 jovens estão na Nova Zelândia, e 75, na Irlanda.
Do outro lado do mundo
A estudante do Colégio Estadual Tiradentes Julia Sophia Ludvich e a técnica em instalação de internet Luciane do Carmo Ludvich passarão o Dia das Mães a uma distância ainda maior. Cerca de 11,3 mil quilômetros separam a filha, que faz intercâmbio em Palmerston North, na Nova Zelândia, da casa onde as duas moram em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Neste domingo, a tecnologia será aliada da primeira celebração à distância entre mãe e filha. “Normalmente, acordamos tarde, vamos almoçar fora e meus irmãos vão à minha casa para assistirmos um filme, ou algo assim. Quando ficamos só eu e ela no Dia das Mães, assistimos ‘Fala Sério, Mãe!’, um filme que diz muito sobre nós, e sempre choramos juntas”, conta Julia, de 15 anos. “Dessa vez, a comemoração vai ser virtualmente, conversando por ligação mesmo”.
A rotina intensa de aprendizado na Nova Zelândia ajuda a aplacar a saudade da mãe. Na Nova Zelândia desde fevereiro, Julia passa sete horas por dia no colégio, onde estuda diferentes áreas do conhecimento e aprimora a fluência na língua inglesa. “Esse intercâmbio vai contribuir para minha formação em basicamente tudo. Além de realmente aprender Inglês, você tem que sair da zona de conforto e mudar completamente a rotina. Eu aprendi a me virar sozinha, e isso é uma das coisas que vou levar daqui”, observa.
No Brasil, Luciane terá que aguentar a saudade da filha até o início de julho. O que conforta o coração da mãe é saber que Julia foi bem acolhida na Nova Zelândia. “É uma mistura de sentimentos. Do nada, eu penso ‘meu Deus, a Julia está longe!’, mas logo em seguida me vem o orgulho. E a família que a acolheu é muito carinhosa com ela. Eles têm uma rotina, conversam muito e a tratam, de fato, como alguém da família. Isso me deixa mais calma e feliz”.
Enquanto o segundo semestre não chega, a jovem aproveita os últimos meses na Nova Zelândia e já planeja futuras viagens – dessa vez, acompanhada da mãe. “Minha mãe representa tudo na minha vida, e eu tenho muito orgulho dela. O meu recado é que eu amo muito ela e que eu estou morrendo de saudade. Quando eu voltar, vamos passear e viajar muito mais juntas. Já estamos fazendo planos e vai dar tudo certo”, projeta.
Mãe emprestada
Host family é o termo em inglês para as famílias que recebem e hospedam intercambistas em suas casas, por meio de programas como o Ganhando o Mundo. Nicolas de Souza, de 15 anos, também teve uma experiência positiva com a família que o recebeu na Nova Zelândia. “Me acolheram muito bem desde o começo, e tenho uma ótima relação com minha host mom (mãe anfitriã). Com certeza, vamos comemorar o Dia das Mães para reconhecer o valor que ela tem e o valor das mães de todo o mundo”, destaca o jovem.
Estudante do Colégio Estadual Ana Vanda Bassara, em Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, Nicolas está hospedado na cidade neozelandesa de Pukekohe. Há três meses do outro lado do mundo, o jovem descreve a oportunidade como “incrível”.
“Esse intercâmbio é uma das melhores e mais importantes fases da minha vida. Conheci muitas pessoas de outros países, não só da Nova Zelândia. Aqui eu posso melhorar minhas habilidades sociais com pessoas que foram criadas em culturas totalmente diferentes, além de adquirir muita independência e melhorar meu conhecimento sobre a língua inglesa”, diz.
Tanto na Nova Zelândia quanto no Canadá, o Dia das Mães é celebrado anualmente no segundo domingo de maio, assim como no Brasil. Ainda que comemore a data com sua família neozelandesa, Nicolas não esconde a saudade da família brasileira.
“Esse vai ser o meu primeiro Dia das Mães longe da minha mãe, e não estar ao lado dela vai ser um desafio pra mim. Tentar demonstrar nosso carinho e gratidão por tudo, através de mensagens e ligações nesse dia, é o que podemos fazer para chegar mais perto, mesmo estando longe fisicamente”, disse. “Minha mãe é meu tudo. Ela que me gerou, me educou e me mostrou o caminho para conquistar o intercâmbio em que estou agora. Tudo que eu sou, eu devo a ela”.
No Brasil, a saudade fica por conta da Cleri de Fátima Wirmond. Pela primeira vez, a policial militar vai passar não só o Dia das Mães, mas também o aniversário de Nicolas, longe do filho – nesta sexta-feira (9), o jovem completa 16 anos de idade. “Sempre estivemos juntos no Dia das Mães e no aniversário dele, que é próximo. Passarei a data com minha primogênita e o caçula. Estamos distantes do Nicolas em quilômetros, mas muito próximos de coração. Sinto ele pertinho de mim”, diz.
Mesmo com o coração “apertado de tanta saudade”, Cleri prefere destacar a alegria pela conquista do filho. “Eu, como mãe, sempre pensei que crio meus filhos para voarem. Essa oportunidade que ele está vivendo é muito especial, pois nós jamais teríamos condições de enviá-lo à Nova Zelândia e proporcionar a ele tudo que está conhecendo. Ele ganhou o mundo em alguns meses”.