Restauração do antigo fórum de Castro se aproxima após anos de espera
Com recursos garantidos, prédio histórico deve ser revitalizado para abrigar novamente serviços públicos e preservar a memória arquitetônica da cidade
Emerson Teixeira
Castro – Um dos marcos da paisagem urbana e da história institucional de Castro, o antigo prédio do fórum, localizado na esquina da Rua Doutor Jorge Xavier da Silva com a Rua Padre Damaso, caminha para enfim sair do abandono. Após anos de promessas e frustrações, a tão aguardada restauração do imóvel histórico se aproxima de se tornar realidade, conforme confirmou ao Página Um News a arquiteta e urbanista Goretti Brotto Simonetto, servidora do Departamento de Patrimônio da Secretaria de Estado da Administração Pública (SEAP).
O edifício, tombado junto ao Centro Histórico de Castro pela Coordenação de Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura do Paraná em 2022, já foi sede do fórum, delegacia e de diferentes serviços do governo estadual. Hoje fechado ao público, o espaço permanece estruturalmente preservado e aguarda a contratação do projeto executivo de restauro.
“Não há risco de desabamento”, afirma Goretti. “Estivemos no local em março para levantamento de dados e o edifício segue em condições estáveis. O protocolo para contratação do projeto ficou sob minha responsabilidade até março deste ano e já foi encaminhado à Secretaria das Cidades para finalização técnica.”
A previsão é de que o projeto de restauro seja executado com tecnologias de ponta, levantamento por scanner 3D e modelagem BIM (Building Information Modeling), que permite simular a obra em uma plataforma digital tridimensional. O custo estimado da elaboração do projeto é de R$ 580 mil, enquanto a obra deve demandar aproximadamente R$ 10 milhões. Diferentemente do que ocorreu em 2012 — quando um projeto foi concluído, mas a obra jamais começou por falta de verbas —, os recursos para ambas as etapas já estão reservados.
“Encerrar um projeto sem iniciar a obra é ineficaz, porque a edificação continua a sofrer patologias”, explica a arquiteta. “Por isso, o cronograma atual prevê execução imediata assim que os projetos forem aprovados. O prazo para a licitação e elaboração deve avançar até, no mínimo, abril do ano que vem.”
O prédio será modernizado, preservando sua memória e incorporando tecnologias sustentáveis e acessibilidade. Estão previstos elevador, ar-condicionado, sistema de energia solar, iluminação cênica noturna, câmeras de segurança, alarme, pontos para carregamento de veículos elétricos e estrutura para separação de resíduos. Os órgãos IDR e IAT, que atendem ao público, devem voltar a ocupar o espaço restaurado.
Patrimônio do ecletismo urbano
Construído no estilo eclético que marcou o fim do século XIX e o início do século XX no Brasil, o edifício é representativo da afirmação de uma nova classe urbana dominante que se projetava por meio da arquitetura. Suas fachadas ostentam elementos como frisos, cimalhas, platibanda para ocultar o telhado colonial e o uso de alvenaria de tijolos, madeira e ferro trabalhado — um testemunho vivo da transição entre períodos históricos e estéticos.
A cidade de Castro, uma das mais antigas dos Campos Gerais, cresceu a partir do Caminho das Tropas e era conhecida como “Pouso do Iapó”. Por ali passaram boiadeiros e comerciantes vindos de Viamão (RS) com destino a Sorocaba (SP), impulsionando o desenvolvimento da região. O tombamento do Centro Histórico de Castro, oficializado em 1º de dezembro de 2022, reconheceu esse passado e estabeleceu diretrizes para a preservação de seu legado arquitetônico.