Sandro Adriano Carrilho
Enquanto não se descobre a causa da mortandade de peixes no Iapó, registrada desde a tarde de domingo (5) na Prainha de Castro, a Superintendência de Meio Ambiente decidiu pela interdição da área, no trecho que compreende a represa formada por pedras, nos dois lados do rio, logo abaixo da ponte, para evitar que banhistas, curiosos e até pescadores se aproximem e tentem retirar os peixes que agonizam próximo às margens, impróprios para consumo.
A decisão foi tomada na tarde desta segunda-feira (6), e teve apoio da Guarda Municipal de Castro que estendeu faixas de segurança, 30 metros de um lado da Prainha e quase 300 metros do outro, onde tem maior fluxo de pessoas.
Para a bióloga da Superintendência do Meio Ambiente, Adriana Marques Canha, “vários fatores podem estar influenciando essa mortandade, como a estiagem, talvez alguma irregularidade envolvendo dejetos de bovinos, suínos, como também a grande queimada na várzea, detectada na sexta-feira (3)”. Adriana, explica, que “a várzea é um local onde os peixes se protegem, local de abrigo, de comida e também de desova, e colocar fogo em um banhado, vulgarmente falando, a gente prejudica o ciclo de vida dos peixes”.
Quanto as providências tomadas, a bióloga destaca que através de parceria com o Instituto Água e Terra (IAT), e em conversa com a Sanepar, foi colhida amostras da água, como também a Guarda Municipal colocou faixa de isolamento, como forma de interditar o espaço, e evitar que as pessoas se aproximem e os peixes sejam uma presa fácil para as pessoas. “Tem também a questão de segurança das pessoas que podem, ao se aventurarem nas pedras, cairem”. Adriana reforça para que os peixes não sejam pegos e consumidos, pois não está descartada contaminação. “Que deixe voltar o equilíbrio normal, dai a pesca será liberada”, frisou.
Corredores
Na quarta-feira (8) a superintendência do Meio Ambiente define se um, ou dois corredores serão abertos na represa. A intenção é permitir que os peixes represados possam passar, principalmente os pequenos. “A questão nesse caso é verificar a vazão do rio que está bastante baixo, que também implica em diminuir o abastecimento lá na captação”, acrescentou Adriana.
Consumo
Quanto ao consumo desses peixes que estão sendo retirados, sem se utilizar de vara ou qualquer outra item de pesca, utilizando-se diretamente as mãos, a bióloga reforça que “eles não devem ser consumidos, pois se fosse um peixe sadio estaria numa condição boa para ser pescado, através, por exemplo, de uma vara. Como o peixe já demonstra uma fragilidade, ficando mais na superfície do rio, então já é um peixe que não está bem e você arriscar sua saúde para comer um peixe que não está saudável, não vale a pena”.
Pescador
Para o pescador amador Ari Verner, 58 anos, o rio Iapó já não é mais o mesmo. Há mais de 20 anos ele pesca na Prainha, e nunca aconteceu isso. Quanto a mortandade dos peixes, ele afirmou que começou no domingo (5), por volta das 17 horas. “Estava pescando, vi uns peixes grandes, jogava minha linha e não pegava, o rio está uns 35% abaixo do nível. Se eles estão envenenado, eu não sei”, explica.
Para Verner, “antigamente dava bastante bagre. Eu pegava de 40 a 60 lambaris em uma hora e meia, agora eu pego de seis a oito lambaris em três horas, usando vara. Já faz quase um ano que está dando pouco peixe. Esse cardume não pega nada”, apontando para as dezenas de peixes de porte pequeno, a beira do barranco, dando sinais que estão morrendo.
Pela experiência de pescador amador, ele não acredita que as mortes sejam provenientes de queimada, mas de falta de oxigênio na água, ou das empresas rio acima que despejam seus produtos.