Nova reconstituição reforça contradições na versão do acusado pela morte de Guilherme Becher em Ponta Grossa

Polícia Civil ouve policiais militares e desmonta tese de legítima defesa sustentada por ex-vereador Miguel Zahdi Neto; inquérito deve ser concluído nos próximos dias

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Da Redação

Ponta Grossa – A Polícia Civil de Ponta Grossa realizou, na manhã chuvosa desta terça-feira (1º), a segunda e possivelmente última fase da reconstituição simulada da morte de Guilherme de Quadros Becher, baleado e morto no dia 20 de novembro de 2024 no interior do Condomínio Rivier, um conjunto de chácaras de alto padrão às margens da PR-151. A nova diligência foi determinada pelo delegado Luis Gustavo de Souza Timossi, responsável pela condução do inquérito, e teve como foco a oitiva dos dois policiais militares que atenderam a ocorrência no dia do crime.

De acordo com o advogado da família da vítima, Fernando Madureira, a reconstituição foi esclarecedora e revelou pontos cruciais que confrontam diretamente a versão sustentada pelo autor dos disparos, o ex-vereador Miguel Zahdi Neto, conhecido como Neto Fadel.

“Ficou demonstrado que as armas estavam próximas ao corpo da vítima, ao contrário do que afirmou o acusado, que disse que a família teria manipulado a cena, retirando armas e recolhendo cartuchos”, afirmou Madureira.

Segundo o relato do advogado, os policiais que estiveram no local não encontraram nenhum cartucho da pistola 9mm, uma das armas que, segundo Neto Fadel, teria sido utilizada por Guilherme Becher para efetuar disparos contra sua casa.

“Isso indica que a 9mm não foi disparada pela vítima, o que desmonta a tese de legítima defesa apresentada pela defesa do acusado. A reconstituição foi positiva nesse sentido, porque contribui para esclarecer a dinâmica real do ocorrido”, completou Madureira.

Reconstituições

A primeira fase da reconstituição foi realizada no dia 6 de junho, em dois momentos: pela manhã com a presença da família da vítima e, à tarde, com a participação de Neto Fadel. Na ocasião, o acusado foi reconduzido ao local da tragédia — nos fundos da Unidade de Processamento de Leite da Frísia — para apresentar sua versão. A ação contou com a presença de peritos criminais, investigadores e representantes do Ministério Público e foi considerada um avanço nas investigações, que vinham sendo questionadas pela condução inicial do caso.

Relembre o caso

A morte de Guilherme Becher ocorreu após uma discussão envolvendo o uso de um quadriciclo por crianças, segundo relatos iniciais. A defesa de Miguel Zahdi Neto alegou que a vítima teria atirado contra sua residência e sacado duas armas de fogo — uma pistola calibre .380 e um revólver .38 — antes de ser alvejado.

O acusado se apresentou voluntariamente à delegacia e foi liberado no mesmo dia, após o delegado de plantão considerar que houve legítima defesa. No entanto, a condução inicial da investigação foi marcada por críticas, especialmente pelo fato de que apenas pessoas ligadas ao acusado foram ouvidas nas primeiras horas, enquanto os familiares da vítima ainda estavam em estado de choque.

Com a nova fase da investigação, o inquérito caminha para a etapa final, e o laudo da reconstituição poderá ser determinante para a conclusão do caso. A expectativa é que o delegado Timossi encaminhe o relatório ao Ministério Público, que poderá avaliar a formalização de denúncia contra Miguel Zahdi Neto.

O caso segue sob responsabilidade da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa. A reportagem do Página Um News entrou em contato com o delegado responsável pelas investigações, mas até o fechamento desta reportagem não havia retornado ao pedido de informações sobre a reconstituição.

 

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