Motoristas de aplicativo sofrem falta de reajuste e de fiscalização em Castro

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Luana Dias

A falta de fiscalização e de reajuste nos repasses feitos pelas empresas de aplicativo de transporte em Castro, vêm prejudicando os trabalhadores desse setor, e em alguns casos, tornando a atividade inviável para os que buscam trabalhar conforme as regras das empresas (de aplicativo). A reportagem do Página Um News conversou com alguns desses motoristas, que descreveram situações observadas por eles diariamente, e a concorrência desproporcional que a falta de atenção das empresas acaba ocasionando.

Conforme descreveu Cristopher Cygan Eurith, em geral para começar a prestar serviço como motorista de aplicativo é necessário abrir empresa e manter um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ativo, apresentar antecedentes criminais dos últimos cinco anos, estar em dia com a Justiça Eleitoral, e apresentar Carteira Nacional de Habilitação (CNH) regular e documentos básicos como CPF e RG. Em algumas cidades também é necessário recolher uma taxa municipal que dá ao trabalhador direito a uma licença que deve ser renovada a cada dois anos.Além disso, o veículo usado deve atender a uma série de exigências. Como por exemplo, ano de fabricação igual ou inferior a 2012, deve ter quatro portas, itens de segurança que atendam a legislação vigente, e, seguro contrato tanto para o carro, como para assistência ao cliente, para casos como acidente de trânsito. As exigências acabam gerando despesas com as quais o próprio motorista deve arcar, e segundo Cristopher, unidas aos custos de manutenção do serviço, elas acabam tornando a atividade inviável, porém, esse não o único fator prejudicial para os motoristas de aplicativo.

O fato de não existir uma fiscalização atuante também permite que muitas pessoas prestem o serviço, identificando-se como motorista da Uber por exemplo, sem ter nem mesmo cadastro, e menos ainda, atender às exigências básicas. “Tem pessoas que acreditam que para ser motorista de aplicativo basta ter carro e carteira de motorista, porém, existe um motorista aqui em Castro que trabalha com mais de um carro e com três motoristas, mas um deles nem habilitado é. Além disso, tem carros mais velhos que o exigido, e que não atendem às condições mínimas impostas, mas trabalham da mesma forma”, ressaltou.

De acordo com o entrevistado, sobretudo em cidades de menor porte e afastadas das capitais, como é o caso de Castro, como não há atuação forte das empresas de aplicativo, assim como não há reajuste dos valores repassados, muitas vezes o valor cobrado pela corrida não cobre os custos que o motorista tem. “O aplicativo sem dúvida é uma forma mais segura de trabalhar, tanto para o motorista, como para o cliente, mas aqui enfrentamos uma dificuldade muito grande, tanto com a Uber como com a 99, porque a taxa é menor e há muito tempo não é atualizada, ou seja, é mais lucrativo trabalhar por conta do que pelo aplicativo”, destacou o motorista, explicando que começou a fazer corridas pelo aplicativo no município, mas atualmente trabalha apenas por conta própria.

Alberto Selmer é outro profissional que também falou com a reportagem e apontou a questão da segurança dos passageiros que optam pelos motoristas particulares, que em geral cobram mais barato pelo serviço. “Uma vez que você está rodando com alguém que, embora não esteja mais trabalhando pelo aplicativo, já tenha sido habilitado por ele, essa pessoa passou por checagem de antecedentes criminais, atendeu a todas as exigência para trabalhar como motorista, tem a categoria da CNH adequada e o carro dentro das normas de segurança, ou seja, com freios ABS, seguro, airbag, quatro portas, que é a estrutura mínima exigida para quem vai oferecer um serviço de transporte. Já essas pessoas que estão trabalhando de forma particular, fazendo de qualquer jeito, elas tanto não têm um carro adequado, como muitas vezes não têm a carteira ou não estão habilitadas para exercer atividade remunerada como motoristas, e a maioria não têm seguro. É importante pensar nessas questões e avaliar se vale a pena pagar dois reais a menos, por exemplo, e se expor ao risco de ser transportado por uma pessoa que pode ter ficha criminal ou não estar habilitada para ser motorista profissional, ou mesmo, que não tem seguro, para o caso de acontecer um acidente”, finalizou ele.

Até o fechamento desta edição, a reportagem não conseguiu falar com a assessoria das empresas citadas na matéria.

Castro Drives

Buscando unir motoristas de aplicativo, que estejam trabalhando através das empresas ou de forma particular, mas que tenham sido aprovados pelas empresas de aplicativos, alguns profissionais de Castro formaram um grupo chamada ‘Castro drivers’, por meio do qual um indica o trabalho do outro. “Quando um não pode atender, passa o contato para outro do grupo, compartilhando o trabalho, assim divulgamos o trabalho um do outro. Mas, para fazer parte do grupo, nós observamos se a pessoa trabalha de forma regular e se tem boa índole. Nossa ideia não é acabar com os motoristas clandestinos, mas mostrar que existe uma forma correta de prestar o serviço, até para incentivar mais pessoas a regularizarem a situação para que possamos trabalhar em parceria”, destaca.

Os carros que pertencem aos motoristas do grupo Castro Drives estão todos identificados com adesivos na cor verde, que são colados nos vidros dianteiro e traseiro do veículo.

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