Morador de Castro e irmão percorrem 326 quilômetros até o Santuário de Aparecida
*Peregrinação pelo Caminho da Fé durou 11 dias e foi marcada por superação, homenagens e reflexões espirituais
Da Redação
Aparecida – O morador de Castro (PR), Elerson de Lima, concluiu nesta semana uma jornada de 326 quilômetros pelo tradicional Caminho da Fé, rota de peregrinação que liga a cidade paulista de Águas da Prata, na divisa com Minas Gerais, ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Diretor da Cadeia Pública de Castro, Elerson fez o trajeto ao lado do irmão, Jeferson Luiz de Lima, que já havia percorrido o Caminho da Fé em duas outras ocasiões e foi responsável pelo planejamento da peregrinação. A dupla caminhou, em média, 32 quilômetros por dia.
Durante conversa com o Página Um News, Elerson compartilhou detalhes da experiência, que durou 11 dias. “Passei frio em Campos do Jordão, calor em Minas Gerais, senti dores na sola dos pés, tornozelos, joelhos, costas. Tive bolhas, dores musculares e nas panturrilhas. Acordava às 4 e caminhava até as 14h horas, tentando evitar o sol mais forte, mas das 11 às 14 horas o calor mineiro era intenso. Ainda assim, estava determinado a concluir a missão, preparado para qualquer intempérie”, relatou.
A motivação, segundo ele, foi espiritual. “Fiz o Caminho da Fé para pedir e agradecer a Deus pelo dom da vida. Rezei pela minha família, amigos, pelos monitores de ressocialização da Cadeia Pública de Castro, pelos policiais. Pedi que a cadeia continue evoluindo como modelo de trabalho e ressocialização”, explicou.
A peregrinação também teve um significado pessoal especial: foi uma homenagem à mãe, Antônia, falecida neste ano. “Agradeci muito mais do que pedi. Um agradecimento foi especial: a Deus pela mãe que Ele me emprestou por um tempo. A saudade ainda é forte, mas o orgulho de ter sido filho da dona Antoninha é maior”, disse, emocionado.
Segundo ele, a caminhada também proporcionou reflexões profundas. “Depois dessa peregrinação, percebo como a felicidade está nas pequenas coisas — um prato de comida, uma cama quente, um banho depois de um dia cansativo. Deus é perfeito. Tudo ao nosso redor é maravilhoso. Basta parar e observar”, afirmou.
Transformação e espiritualidade
Ao final do trajeto, Elerson descreveu o sentimento de conquista como “único”. “Senti realização, satisfação, orgulho e uma energia renovada. Superei um desafio, alcancei um objetivo, realizei um sonho. As dores e o cansaço se tornam insignificantes ao chegar à casa da Mãe, Nossa Senhora Aparecida, que me carregou no colo em muitos trechos do caminho e em muitos momentos da vida”, concluiu.
Jeferson, por sua vez, destacou que cada peregrino tem uma experiência única no Caminho da Fé. “Milhares fazem essa jornada todos os anos, mas o sentido dela é pessoal. Vai depender dos objetivos de cada um e de como cada um vive o caminho. Em todas as vezes que percorri, as orações e reflexões foram importantes. Mas é na autoanálise depois da jornada que podemos corrigir o nosso rumo na vida”, refletiu.
Chegada
Os irmãos chegaram ao Santuário Nacional na manhã da última quarta-feira (28). Participaram de celebrações religiosas e retornaram a Castro no dia seguinte. Elerson recebeu um certificado de conclusão do Caminho da Fé, assinado pelo reitor do Santuário, padre Eduardo Catalfo.
Preparação física
A preparação para a peregrinação durou três meses. Nesse período, Elerson caminhava entre 10 e 12 quilômetros por dia. “Acordava às 5h30 e, às 6 horas, já estava caminhando por Castro antes de ir trabalhar. Aos sábados, fazia percursos de até 25 quilômetros no entorno do Mosteiro da Ressurreição, em Ponta Grossa, na região do Taquari dos Polacos”, detalhou.