Idosos acolhidos ficam ainda mais isolados

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Luana Dias
Especial Página Um News

Todos, ou pelo menos a grande maioria das pessoas vive mais isolada depois que a pandemia começou. O chamado distanciamento social aumentou, dando mais espaço para os relacionamentos virtuais, e aqueles que já viviam afastados de grande parte sociedade, agora estão ainda mais distantes de qualquer convívio externo. É o caso, por exemplo, dos idosos acolhidos no Serviço de Acolhimento São Vicente de Paulo. Para ajudar estes senhores e senhoras, para os quais o lugar hoje é o próprio lar, os profissionais da unidade tiveram que ajustar a rotina de trabalhos e reinventar o dia a dia.
As visitas no local foram suspensas em março, desde então familiares e amigos não podem mais ir até seus velhinhos, e o impacto dessa medida necessária para proteger os acolhidos, abalou significativamente o estado emocional deles. Para tentar amenizar as consequências dessa falta de contato mais próximo, algumas visitas foram agendadas no mês de junho, antes, porém, os funcionários do Acolhimento fizeram um trabalho minucioso de triagem com os visitantes, e apenas liberaram a entrada dos mesmos devidamente paramentados, com todos os Equipamento de Proteção possíveis. “Essas visitas foram das pessoas mais próximas, com quem eles têm maior vínculo, para ajudar a regular o sistema emocional dos idosos, mas só a partir de triagem e de muitas orientações sobre as medidas de prevenção que todos deveriam adotar. Também foi respeitado um distanciamento mínimo de dois metros”, explicou a psicóloga do Acolhimento, Aline Copacheski.
De acordo com a profissional, a medida ajudou bastante a aliviar o estado emocional dos acolhidos, porém, com o avanço da pandemia no município foi necessário interromper novamente as visitas, assim, a redução do distanciamento entre famílias e pessoas próximas, dos idosos, tem de ser feita pelas ligações telefônicas, através de áudio e de vídeo também, quando o familiar tem o recurso, e quando a condição cognitiva do idoso permite. Alguns familiares também vão até o local e deixam presentes, que depois de serem devidamente higienizados, chegam até os acolhidos. Contudo, nem todos entendem, sobretudo, o tempo que está levando para que a situação volte a normalizar. “Os contatos continuam acontecendo, mas eles demonstram sentir muita falta dessa proximidade física, alguns não entendem a demora de solução para esta situação”, destacou a psicóloga.
Quando começou a pandemia também foram suspensas as saídas dos idosos e todas as atividades coletivos, porém, passados alguns meses e devido à necessidade de manter a interação, para o bem da condição emocional dos idosos, as atividades foram voltando aos poucos. Todas a partir de muita orientação e adaptadas à nova realidade, isso, aliado a recursos, como as visitas organizadas no mês de junho, vem ajudando a reduzir sintomas como as crises de ansiedade que os acolhidos começaram a ter. Segundo Aline, eles passaram a apresentar melhoras como maior estabilidade emocional.
Mas, se a pandemia do novo coronavírus afetou a condição emocional dos acolhidos, as medidas adotadas depois que ela começou também foram responsáveis por uma condição melhor da saúde física dos idosos. É o que explica a psicóloga. “Nós tivemos que começar a usar toda uma paramentação, como o uso contínuo de máscara, higienização do ambiente e dos próprios idosos muito mais rigorosa e essa contingência das visitas e dos contatos externos, e tivemos redução significativa de problemas que ocorriam com frequência, como o surgimento de viroses, por exemplo. Acreditamos que todas essas práticas ajudaram a melhorar a saúde física deles”, ressaltou.

Voluntariado fez a diferença
Segundo Aline Copacheski, as doações recebidas pela entidade, vindas de muitos castrenses solidários, ajudaram e vêm ajudando o Serviços de Acolhimento a passar pela pandemia. “Nós só temos que agradecer a comunidade em geral, a instituição recebeu muitas doações de materiais de higiene e limpeza, e de alimentação. Os castrenses acolheram essa demanda e essa necessidade, e nos ajudaram muito a cuidar melhor dos idosos”, relatou.
A psicóloga também explicou que doações em dinheiro, e de qualquer valor, são sempre aceitas pela entidades, porque foram necessárias várias adaptações estruturais, e o investimento em diversos materiais novos e em Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para o bem-estar e cuidado com os acolhidos, com isso ocorreram gastos significativos. Porém, toda e qualquer doação é bem-vinda, sobretudo de alimentos e de materiais de higiene e limpeza.

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