Hospital Anna Fiorillo tem déficit mensal de R$ 500 mil e aluguel das instalações não é pago há 18 meses

*Desclassificação para ‘Risco Habitual’ impede que maternidade atenda toda e qualquer gestante

Sandro Adriano Carrilho

Castro – A situação insustentável que se encontra o Hospital Anna Fiorillo Menarim, administrado pelo Instituto Moriah desde dezembro de 2022, fez com que o futuro secretário municipal de Saúde, Matilvani Moreira, convocasse na manhã desta sexta-feira (27), no Restaurante Luiziana, em Castro, uma coletiva de imprensa, antes mesmo de assumir o cargo em 1° de janeiro de 2025. São desde aluguéis atrasados do prédio que abriga o hospital, a mudança da complexidade da maternidade de ‘Risco Intermediário’ para ‘Risco Habitual’, empréstimos de material médico não devolvidos no valor superior a R$ 68 mil, e prejuízo mensal de R$ 500 mil.

Acompanhado do prefeito eleito Reinaldo Cardoso (MDB), do futuro secretário municipal de Governo, Ricardo Cardoso Filho (PRD), Matilvani descreveu a situação do Hospital Anna Fiorillo Menarim como bastante delicada e que seria preciso “resgatar esse poder de fiscalização da Prefeitura e rever o contrato com o Moriah, que em agosto deste ano informou a Regional de Saúde que a situação no hospital era insustentável”. Em dezembro, completou dois anos que o Instituto Moriah está à frente do Hospital Anna Fiorillo Menarim, contrato previsto para dez anos.

De acordo com o futuro secretário, o Moriah recebe da Prefeitura R$ 900 mil todo mês e foi informado que a receita total seria de R$ 1.800.000,00, com custo estimado de R$ 2.300.000,00. Isso representa um déficit mensal de R$ 500 mil. Para Reinaldo Cardoso, não há como aumentar o valor repassado pela Prefeitura, por outro lado, Matilvani deixa claro que será dada toda a ajuda possível para que o instituto permaneça administrando o hospital, mas, que existe uma busca por novos parceiros. “Não posso deixar ele [Moriah] falir, como também não posso ficar preso ao instituto”, destacou Matilvani.

Maternidade

Mesmo diante do déficit mensal de R$ 500 mil, o que mais preocupa o futuro governo neste momento está relacionado a maternidade, que foi desclassificada de ‘Risco Intermediário’ para ‘Risco Habitual’, em 9 de novembro deste ano. Isso quer dizer que nem toda gestante poderá ser atendida no hospital, ficando de fora mães com hipertensão e diabetes, moradoras de rua, indígenas ou com histórico de partos com óbitos anteriores, “e isso é o que não queremos”, disse Matilvani e reforçou o próprio prefeito eleito.

“Assinaram [Moriah] o documento e a Prefeitura não exigiu o cumprimento do contrato. Nós estamos cobrando o que está no contrato, que é o Risco Intermediário”, enfatizou Reinaldo, afirmando da importância de sempre falar a verdade e agir com total transparência.

Perguntado quanto representaria essa desclassificação de Risco, Matilvani respondeu “em torno de R$ 300 mil, sendo R$ 100 mil somente para a contratação de uma equipe de pediatras 24 horas”. Entende o secretário que “não adianta ter dinheiro em caixa, ou economizar, se a população é desassistida. Nossa preocupação é com a maternidade e o seu nível de complexidade”.

Hoje, as gestantes de Castro, Carambeí, Piraí do Sul e Sengés, que antes eram atendidas na maternidade do Hospital Anna Fiorillo Menarim, estão sendo encaminhadas para o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais – HU-UEPG, devido a enquadramento ao Risco Habitual.

Aluguéis

Os aluguéis do prédio do Hospital Anna Fiorillo Menarim, no valor de R$ 25 mil, nunca foram pagos pelo Instituto Moriah. Mesmo o contrato prevendo carência de seis meses, são 18 meses em aberto, o que corresponde a R$ 450 mil que deixaram de entrar aos cofres do município, afirmou Matilvani.

Assim como os aluguéis, os mais de R$ 68 mil emprestados em material médico deverão retornar à Prefeitura. “Precisamos repassar essas informações para a população, para ela saber como o hospital está sendo deixado, um compromisso dessa administração municipal pela transparência”, concluiu Matilvani.

Além de Ricardo Cardoso Filho, que compôs a mesa de trabalhos, estiveram presentes os futuros secretários da Fazenda, Marioli Simão; Família e Desenvolvimento Social, Gunter Lesnau; Cultura, Ronie Cardoso Filho; Mulher e Inclusão, Bianca Regina Rodrigues da Silva Mariano; Desenvolvimento Urbano, Edmir Reinaldo Kirchof; Indústria, Comércio e Turismo, Kasciano Roberto Morais, além dos médicos Rosa Ribeiro e Paulo Magalhães, entre outros.