Em Castro, grupos independentes salvam animais abandonados

Em Castro, grupos independentes salvam animais abandonados

Matheus de Lara

Desde que grupos independentes começaram a fazer serviços de resgates de animais em situações de abandono ou até mesmo de maus-tratos, o número de pets nessas condições cresceu de um ano para outro. A reportagem do Página Um News conversou com dois grupos voluntários que socorrem esses animais. A protetora voluntária e fundadora do Castro Animais, Maiara Ribeiro, conta que são mais de 60 animais amparados, entre filhotes, idosos e debilitados, incluindo cães e gatos. “Esse é o número de animais em lares temporários, mas o número de animais amparados na rua é bem maior, sendo a maioria desse ano e do fim do ano passado”, conta. Já a representante do Grupo Proteção Animal Independente, Marianne Urbanski, contabiliza mais de 500 animais resgatados em 2022.

Maiara Ribeiro compartilhou com a reportagem um resgate emocionante, realizado no sábado (21). O personagem é o cachorro Bob que estava desaparecido há várias semanas. “Recebemos na semana passada a foto do Bob que estava extremamente magro. Com isso postamos nas redes sociais um texto indignados com a situação. Uma mulher publicou que já estava cuidando do cachorro, e ela pensou que era mais um animal abandonado. Após nossa postagem, os tutores reconheceram e entraram em contato conosco. Ele havia desparecido há várias semanas. Um dia depois, eles foram buscar o Bob, levaram para a clínica e hoje já está na casa. Estamos bastante felizes que mais um animal voltou para a sua casa”, conclui.

Para Maiara, o final feliz que Bob teve, ao voltar para seu lar, não é a realidade da grande maioria dos animais que estão nas ruas, a maior parte em situação de abandono, que está cada vez mais constante em Castro. “Com as festas de fim de ano, muitos animais são abandonados em decorrer dos compromissos dos tutores, que ao invés de procurar por quem possa cuidar em alguns dias do seu pet, muitos simplesmente abandonam em locais de pouco movimento, em geral cães e gatos. Outro motivo é que muitos procuram outros imóveis para morar e alegam que não podem levar seus animais”, explica. Sobre os resgates, a protetora destaca que são feitos em casos de animais acidentados, ninhadas abandonadas em áreas rurais e animais em situação de risco grave. “Só em janeiro já foi acolhido mais de oito ninhadas de filhotes. Os pedidos de resgate ultrapassaram mais de cinco por dia. Muitos casos já chegam em estado grave e são encaminhados a clínica particular, pois o canil só retorna em fevereiro”, descreve Maiara.

Para Marianne, do Grupo Proteção Animal Independente, os casos de abandono também aumentaram durante as festas de fim de ano. “Muitas pessoas viajam de férias ou se mudam e deixam seus pets, e acabam tendo que ir para a rua em busca de alimento. Em média por mês, contando todos os grupos e protetoras independentes, são atendidos uma média de 50 animais”, conta.

Lugares de abandono

As estradas rurais são os lugares com maior concentração de animais de abandonados. “Também em locais afastados onde os criminosos sabem que não serão vistos cometendo o crime de abandono”, alerta Marianne. Para a protetora Maiaria, os lugares com maiores concentrações são “a região da Cargill, Terra Nova e estradas que ligam Abapan, Socavão e Tronco. Os motivos que levam para isso são vários, falta de condições de alimento, visto que os animais não são castrados e se multiplicam. Outros estão doentes e velhos, alguns que estão nas ruas possuem tutores, mas os mesmo não recolhem e deixam na rua. Outro fato é a falta de punição e fiscalização por abandono”, disse.

Os animais muitas das vezes são encontrados debilitados, doentes, feridos, desnutridos e com sinais de maus-tratos. “Nos deparamos com diversas situações, atropelados que não recebem socorro, ferimentos que criam bicheiras, doenças causadas pela falta da vacinação adequada (cinomose e parvovirose), sarna, infestações de pulgas e carrapatos, entre outras. Geralmente são animais sem raça definida, mas já tivemos casos de animais de raça abandonados com os pelos embolados, problemas de pele e de saúde, onde o tutor não queria pagar um tratamento veterinário e preferiu abandonar”, argumenta Marianne.

Adoção

Muitos dos animais resgatados são adotados ou levados para lares temporários. De acordo com Maiara, os que necessitam de atendimento clínico são encaminhados para clinicas particulares e ao canil, e se necessário ficam em recuperação. “Ele vai para um lar temporário geralmente cedido por protetores da equipe ou por voluntários da população. Alguns são adotados, outros que estão saudáveis (adultos) retornam ao local de resgate (área urbana), filhotes, idosos e animais debilitados ficam mais tempo em lares temporários até conseguirem lar definitivo”, explica.

Para que o animal seja adotado, Marianne conta que o adotante precisa assinar um termo de adoção se responsabilizando pelo animal e aceitar receber visitas das protetoras para acompanhamento. Já para a Castro Animais, há um processo de avaliação que é solicitado documentação, assim como fotos do ambiente. O possível adotante precisa estar ciente, além também da assinatura do termo de adoção e acompanhamento.

Por outro lado, tanto a Castro Animais como o Grupo Proteção Animal Independente, o maior problema enfrentando para manter os animais é a falta de ajuda financeira para custear os tratamentos, principalmente em épocas em que o canil, que retornou em 2022, entra em recesso.

Resgate

Em um dos casos que chamou a atenção dos castrenses em 2022, foi o do abandono de 15 gatos em uma casa desocupada na região central. Na época os animais eram mantidos em situação de maus-tratos, sem alimentação e higiene, e havia pelo menos três doentes. O investigador da Polícia Civil de Castro, Pedro Jaremczuc, que fez o resgate e acompanhou o caso na época, conta que atualmente os felinos estão todos adotados. “O inquérito policial está em fase final, com a coleta de depoimentos de testemunhas. Os animais, graças ao trabalho de protetores, os 15 gatos, foram tratados e atualmente estão todos adotados”.

Ao longo de 2022 o número de denúncias aumentaram. Pedro descreve que “os casos que demandam investigação são analisados com levantamento de provas, identificação dos suspeitos. O inquérito, ao final dos trabalhos, é encaminhado ao Poder Judiciário”. Sobre quais casos que chamaram mais atenção, ele revela que na maioria das vezes são situações de atropelamentos de animais de rua que poderiam ser evitados, “caso não fosse o excesso de velocidade dos motoristas e muitas das vezes não pararem para prestar socorro”.

O crime de abandono de animais pode levar a prisão, mas para que isso ocorra, o investigador conta o crime precisa ser autuado em flagrante. “Já nos demais casos poderá incluir multas”, enfatiza.

Redação Página 1

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