CASO NETO FADEL: Demora para apresentação de laudo pericial pode levar advogados Baluta e Madureira ao Instituto de Criminalística do Paraná
Sandro Adriano Carrilho*
Castro – Já se passaram mais de 75 dias desde a morte do empresário Guilherme Becher, pelo então vereador e presidente da Câmara Municipal de Castro, Miguel Zahdi Neto – Neto Fadel -, em um condomínio de chácaras de luxo em Ponta Grossa, e até agora o laudo pericial que poderá esclarecer muitos dos questionamentos levantados, ainda não foi juntado no inquérito aberto pelo delegado da Homicídios, da 13ª SDP, Luiz Gustavo Timossi. Como se trata de um assunto sensível, de interesse público por se tratar de um ex-presidente de legislativo e ex-prefeito municipal, sobrinho do deputado estadual (por força de liminar junto ao TJPR) Moacyr Elias Fadel Junior, ele toma proporções maiores.
Procurado pela reportagem do Página Um News, José Jairo Baluta, um dos advogados da família Becher ao lado do também advogado Fernando Madureira, disse que “até segunda-feira (10), se os exames não forem juntados no inquérito, eu e o doutor Madureira vamos falar diretamente com o diretor do Instituto de Criminalística do Paraná, para saber do porquê dessa demora”.
Perguntado se é normal demorar tanto, Baluta esclareceu que “sim, em face do grande volume de exames”. Disse, também, que desde o mês de dezembro de 2024 o delegado de polícia, que conduz o caso, também aguarda o resultado dos exames periciais.
Advogados e tese
Assassinado no dia 20 de novembro de 2024 por Miguel Zahdi Neto, conhecido como Neto Fadel, a acusação ganhou em dezembro do ano passado o reforço do advogado criminalista Fernando Madureira. Ele se uniu ao advogado José Jairo Baluta, da Família Becher, que já vinha conduzindo o caso desde o ocorrido, para sustentar que a tese de legítima defesa apresentada pelo acusado é, nas palavras de Madureira, “uma farsa”.
Um mês após o ocorrido, Madureira traçou uma narrativa detalhada do que acredita ser a dinâmica dos fatos e refutou os argumentos de defesa apresentados por Neto Fadel. Essa narrativa o Página Um News revive agora:
“No dia dos fatos, a vítima estava em sua residência e efetuou disparos contra o chão. Depois disso, o acusado, acompanhado de mais sete pessoas, foi até a casa da vítima, armado, buscando tirar satisfação. Ao chegar ao portão, encontrou a mãe e a esposa da vítima, que impediram a entrada. Nesse momento, começaram as ameaças e provocações: chamaram a vítima de ‘bundão’, ‘seu bosta’ e diziam ‘vocês não sabem com quem estão se metendo’, entre outros insultos”, relatou o advogado.
Segundo Madureira, na ocasião, Guilherme Becher, que inicialmente estava no interior da residência, distante do portão, “se deslocou até o local, sem arma na mão. Já no local, disparou para o chão, não disparou contra os acusados, não disparou contra a residência do acusado, não disparou contra a criança, disparou para o chão, para espantar os elementos”, detalha. Foi nesse momento, segundo o advogado, que Neto Fadel agiu de forma premeditada. “O acusado já estava com a arma engatilhada e descarregou a pistola com 15 tiros contra a vítima, atingindo ao menos cinco disparos, inclusive enquanto a vítima já estava caída no chão. A mãe da vítima implorava para que ele parasse, mas, mesmo assim, continuou atirando”, descreveu Madureira.
O advogado também rechaçou a versão apresentada por Neto, segundo a qual os disparos de Becher teriam sido direcionados contra a sua casa ou contra uma criança que estaria andando de quadriciclo. “Isso é mentira, uma simulação para encobrir um assassinato. A perícia vai comprovar que não houve legítima defesa. Você não pode ir até a casa da pessoa provocar, esperar uma reação e depois descarregar uma arma. Ainda mais com a vítima já caída ao chão”, afirmou.
O advogado de Neto Fadel não foi encontrado, para apresentar a versão de seu cliente.
*Com arquivo P1 News