Cleucimara Santiago
Ponta Grossa – Enquanto Valtão não assume a vaga e não renuncia, câmara de Ponta Grossa permanece de mãos atadas. O ano de 2020 não foi fácil para o vereador Walter José de Souza, o Valtão (PRTB), e 2021 começou ainda pior. No ano passado, Valtão precisou fazer isolamento devido à suspeita de Coronavirus, mesmo assim fez 1.043 votos, a menor votação entre os vereadores eleitos, e quase ficou de fora do legislativo. Seduzido pelo dinheiro fácil, caiu em tentação ao aceitar propina de 20 mil reais em novembro, foi pego pelo Gaeco e confessou ter recebido 15 mil e que 5 mil seriam pagos depois.
O Gaeco apreendeu R$11.600 em sua residência, ele passou o natal preso, longe da família, sendo alvo de cassação da câmara de vereadores, correndo o risco de expulsão do partido e com altas contas para pagar perante a sociedade e de honorários de advogados.
Valtão é o único da operação Geaco que segue preso, ele começou 2021 no Complexo Médico Penal em Pinhais, apesar disso foi diplomado e se conseguir a liberdade, pode tomar posse até a primeira semana de março.
Enquanto não tomar posse, não é considerado vereador, e portando a Câmara Municipal não pode entrar com o pedido de cassação do parlamentar, porque ele não é considerado efetivamente vereador. Valtão também não recebe os dividendos de vereador pois não assumiu a vaga. Se não é considerado vereador, não tem salário.
O legislativo segue com 18 vereadores, e sequer mencionou o nome de Valtão na primeira sessão que foi a de eleição da mesa diretiva. Uma decisão da câmara só será tomada, após a posse do edil do PRTB ao cargo. Caso isso aconteça, então seguirá o trâmite padrão e serão analisados pedidos de cassação por uma Comissão Processante.
O vereador Sargento Guiarone, colega de partido de Valtão, chegou a pedir a cassação de Valtão em dezembro de 2020, mas Guiarone ficou como suplente para o mandato 2021/24 e não é vereador em 2021, bem como
o pedido é invalido para essa legislatura. Guiarone é o principal interessado na vaga de Valtão, pois é o segundo suplente da vaga. Celso Cieslak, primeiro suplente do PRTB, assumiu a presidência da AMTT (Autarquia Municipal de Transito e Transportes).
O vereador Danile Milla Fracarro, presidente da Câmara de Ponta Grossa, sobre o caso, afirmou a nossa reportagem, “Após ele empossado, daí sim poderá qualquer partido ou representante político entrar novamente com uma denúncia. Mas, neste momento não existe nenhuma possibilidade de entrar com cassação de mandato que não existe”.
Para evitar a cassação, Valtão poderia renunciar, mas enquanto não assume e não renuncia, o poder legislativo de Ponta Grossa segue de mãos amarradas e suplente não pode assumir.
Celso Cieslak procurado pela reportagem do Página Um News, e perguntado qual seria a sua posição em caso de cassação de Valtão, respondeu: “Estarei aguardando o desenrolar dos acontecimentos, pois terá
que entrar com outro pedido de cassação, e visto só pode ocorrer depois dos prazos que ele tem para ser empossado, isto pode ocorrer até 13 de março. Após pode entrar com novo protocolo que irá durar mais alguns meses. Somente após toda a tramitação e que eu darei uma posição”. Caso, Valtão renuncie ou seja cassado, e Cieslak decida continuar na AMTT, Sargento Guiarone, que atuou como membro da CPI do Estar em 2020, concorreu à reeleição e obteve 586 votos, pode assumir uma vaga no legislativo, mesmo sendo o 63º em número de votos na cidade.