O assassinato de Guilherme Becher, ocorrido em novembro de 2024, segue produzindo novos desdobramentos que colocam em xeque a versão do acusado, o então presidente da Câmara de Castro, Neto Fadel. Recente laudo pericial particular, solicitado pela família da vítima, traz informações que podem alterar substancialmente o rumo do processo: seis disparos atingiram Becher, sendo três pela frente e três pelas costas.
Esse detalhe, longe de ser apenas técnico, coloca em dúvida a alegação de legítima defesa apresentada pelo acusado. A presença de tiros disparados pelas costas, somada à quantidade de projéteis, sugere um quadro que extrapola a reação imediata a uma ameaça. Em termos jurídicos, esse elemento pode ser decisivo para a caracterização do crime e o agravamento da pena. Em termos morais, traz à tona a imagem de uma execução brutal, que contrasta com a narrativa de um confronto acidental.
O episódio, já marcado pela comoção, ganha contornos ainda mais graves diante da figura envolvida. Neto Fadel não é um cidadão anônimo: trata-se de um político de relevância regional, que ocupou a presidência do Legislativo municipal no momento do crime. Isso amplia a responsabilidade do sistema de justiça em garantir transparência, rigor e isenção em cada etapa da investigação e do julgamento.
É natural que a defesa da vítima busque todos os meios legais para contestar versões que julga frágeis. O laudo particular agora se soma às investigações conduzidas pela Polícia Civil e à futura reconstituição do caso, compondo um mosaico que precisa ser analisado com cautela, mas também com firmeza. O direito à ampla defesa do acusado é inegociável; da mesma forma, é inegociável o direito da sociedade a uma apuração clara e imparcial.
A verdade, por mais dura que seja, precisa prevalecer — e é a partir dela que se constrói a justiça.
