A demolição da antiga estrutura da Prainha, em Castro, marca o fim de uma era – mas também o início de outra, que acena com esperança. Por décadas, o local foi símbolo de lazer, ponto de encontro de famílias e cenário de verões inesquecíveis. Seu nome, impregnado de afetos, remete aos chamados “anos de ouro” do Balneário Estanislau Cardoso. Era ali que a cidade se encontrava para celebrar a vida, o calor e a beleza natural da região.
Mas o tempo não foi generoso com a Prainha. Com o passar dos anos, o abandono e a degradação transformaram o antigo bar, outrora pulsante, em um ponto de escuridão e medo. O espaço se tornou conhecido não mais pelo encanto das águas, mas pelo perigo que passou a representar para os moradores próximos. Frequentado por usuários e traficantes de drogas, o local deixou de ser patrimônio da convivência para se tornar um símbolo da omissão e do descaso.
É nesse contexto que a iniciativa da Prefeitura de Castro, ao demolir a estrutura deteriorada e anunciar a construção de um novo mirante e uma moderna praça de alimentação, precisa ser entendida: como uma tentativa concreta de resgate. Mais do que uma obra, trata-se de um gesto de reparação com a memória da cidade e com os cidadãos que há tanto clamavam por dignidade e segurança.
O projeto anunciado — com iluminação, pista de caminhada, pontos para food trucks e o retorno do patrulhamento da Guarda Municipal — aponta para uma visão integrada de valorização urbana. Mas é preciso que o entusiasmo das palavras se converta em responsabilidade de execução. A Prainha precisa voltar a pertencer ao povo castrense, como espaço de lazer, de encontros e de construção de memórias. E isso só será possível se o poder público seguir atento, investindo também em manutenção, segurança contínua e diálogo com a comunidade.
O passado da Prainha deve ser preservado não apenas na saudade, mas na sua ressignificação. Ao derrubar os escombros do abandono, Castro tem a chance de erguer mais do que concreto: pode construir um novo símbolo de convivência, turismo e cidadania. Que este novo capítulo seja escrito com sensibilidade, firmeza e compromisso com o bem coletivo.
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