EDITORIAL: O VALOR DA INCLUSÃO NÃO PODE ESPERAR

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Castro viveu, no último sábado, mais do que uma caminhada: viveu um passo coletivo rumo a uma sociedade mais consciente, empática e justa. A quinta edição da Caminhada do Autismo, organizada pela Associação Amigos Autistas da Região de Castro (AMAR-C), reuniu centenas de pessoas que, ao ocupar o centro da cidade, também ocuparam espaço essencial no debate público: o da inclusão real e efetiva.
Com o tema “Informação gera empatia, empatia gera respeito”, o evento foi muito além de ato simbólico. Ele lançou luz sobre desafios enfrentados diariamente por famílias que convivem com o transtorno do espectro autista (TEA). Em cada cartaz, em cada passo, em cada depoimento, estava presente a urgência de políticas públicas que saiam do papel — especialmente nas áreas de saúde e educação.
O testemunho da presidente da AMAR-C, Angelita Schmidke Souza, revela uma realidade dura: diagnósticos tardios, filas longas por terapias essenciais, escassez de profissionais capacitados e apoio educacional ainda insuficiente. A existência de direitos garantidos por lei não tem sido suficiente para garantir sua aplicação prática. É nesse vácuo entre a norma e a realidade que associações como a AMAR-C se tornam pilares de resistência, suporte e acolhimento.
A presença do poder público na caminhada foi importante — mas não deve se limitar a gestos protocolares. A fala de compromisso precisa ser acompanhada de investimento, estrutura e diálogo permanente com as famílias. É urgente ampliar a formação de profissionais, fortalecer o atendimento interdisciplinar e garantir apoio nas escolas. A ausência desses recursos compromete o desenvolvimento de crianças e jovens autistas, limita suas oportunidades e sobrecarrega emocional e financeiramente suas famílias.
O levantamento inédito sobre o número de pessoas com TEA em Castro, previsto para este ano, é um passo promissor. Conhecer a dimensão da demanda é o primeiro passo para políticas eficazes. No entanto, é preciso ir além da estatística: é necessário construir uma cultura de inclusão contínua, que esteja presente nas salas de aula, nos postos de saúde, nas igrejas, nos espaços de lazer — em toda a cidade.

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