EDITORIAL: Justiça e Verdade em Jogo

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A recente reconstituição da morte do empresário Guilherme de Quadros Becher marca um ponto de inflexão em uma das investigações criminais mais sensíveis dos últimos anos na região dos Campos Gerais. O episódio, ocorrido em novembro de 2024 em um condomínio de chácaras na PR-151, ganhou novos contornos com a presença voluntária do ex-vereador Miguel Zahdi Neto — o Neto Fadel — no local do crime, reacendendo questionamentos sobre sua versão dos fatos e o rumo que a Justiça tomará.
Ao longo de horas de simulação, observada atentamente por peritos, autoridades e familiares da vítima, foi possível confrontar discursos com evidências técnicas. As supostas inconsistências no relato do acusado, somadas ao número de disparos e à dinâmica dos acontecimentos, reforçam a tese de homicídio doloso, na qual se configura a intenção — ou pelo menos a aceitação consciente do risco — de matar. A justificativa inicial de legítima defesa, que poderia atenuar a gravidade do ato, começa a perder sustentação à medida que novas peças se encaixam no quebra-cabeça montado pela investigação.
Não se trata aqui de prejulgar o acusado — o devido processo legal é pilar fundamental do Estado Democrático de Direito. Mas é inegável que o caso ultrapassa a esfera de um conflito entre vizinhos. Quando um agente público, até recentemente figura de proa da Câmara de Vereadores, está no centro de um episódio com desfecho tão trágico, a transparência e a imparcialidade tornam-se ainda mais imprescindíveis.

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