Última homenagem a Francisco acontece neste sábado no Vaticano
Funeral será celebrado na Basílica de São Pedro; sepultamento ocorrerá em Santa Maria Maior. Inicia-se também o processo para escolha do novo papa
Da Redação*
Vaticano — O mundo católico se despede neste sábado (26) do Papa Francisco. A Missa de Exéquias, tradicional cerimônia fúnebre papal, será celebrada às 10h (horário local) no átrio da Basílica de São Pedro, dando início ao Novendiali — os nove dias de luto e orações pela alma do pontífice. A celebração será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Após a missa, ocorrem os ritos solenes da Última Commendatio e da Valedictio, marcando o encerramento oficial das exéquias. Em seguida, o corpo de Francisco será transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, conforme desejo manifestado por ele, onde será sepultado.
Diversos chefes de Estado, líderes religiosos e autoridades civis, como é o caso do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, já confirmaram presença na cerimônia, prestando suas últimas homenagens ao papa argentino que marcou a história recente da Igreja com um pontificado voltado às periferias e à inclusão.
Conclave
Com a morte de Francisco, anunciada na última segunda-feira (21) pelo carmelengo Kevin Farrell — que agora assume o papel de chefe de Estado interino do Vaticano — a Igreja entra em um período conhecido como Sé Vacante, em que o trono de São Pedro está desocupado.
Nesse intervalo, todas as atenções se voltam ao Colégio Cardinalício, responsável por organizar e conduzir o conclave que elegerá o novo líder da Igreja Católica. Atualmente, o colégio é formado por 252 cardeais, sendo 135 com direito a voto — número superior ao máximo estabelecido (120), mas permitido por exceções que têm se tornado comuns.
Como funciona
O conclave, cujo nome deriva do latim cum clave (“com chave”), é realizado na Capela Sistina, em absoluto sigilo. Antes da votação, os cardeais participam de reuniões gerais na Casa Santa Marta, onde discutem os rumos da Igreja e delineiam os perfis mais adequados para ocupar o cargo de bispo de Roma.
Apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar. Durante os dias de votação, são feitas até quatro rodadas diárias — duas pela manhã e duas à tarde. Se nenhum nome atinge a maioria qualificada de dois terços, as cédulas são queimadas com substância que produz fumaça preta. Quando um nome é escolhido e aceito, a fumaça torna-se branca, indicando ao mundo que habemus papam — temos um novo papa.
Cardeais brasileiros
O Brasil participa ativamente do processo com sete cardeais eleitores. Entre eles estão nomes como dom Odilo Scherer (São Paulo), dom Orani Tempesta (Rio de Janeiro), dom Leonardo Steiner (Manaus) e dom Paulo Cezar Costa (Brasília). O país ainda conta com o cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, que tem 87 anos e, portanto, não participa da votação. Em entrevista coletiva, dom Damasceno destacou que a escolha do novo papa é, acima de tudo, uma experiência de fé e discernimento espiritual. “Não há campanhas, não há candidaturas. É uma obra de Deus, uma ação do Espírito Santo”, afirmou.
Marca de Francisco
Cerca de 80% dos cardeais eleitores foram nomeados pelo próprio Papa Francisco, o que poderá influenciar o perfil de seu sucessor. O atual colégio é notavelmente diverso: dos 252 cardeais, 114 são europeus, 37 asiáticos, 32 sul-americanos, 29 africanos, 28 norte-americanos, oito da América Central e quatro da Oceania.
A pluralidade de origens é reflexo direto do pontificado de Francisco, que sempre buscou ampliar a representatividade e a inclusão na estrutura da Igreja. O próximo conclave, portanto, será também um momento de reafirmação ou redefinição desses rumos.
*Com informações da Agência Brasil